terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Diálogos de impermanência...

É só mais uma impermanência. Mais uma das tantas passagens da vida. Para alguns tão simples de compreender, já para outros incompreensível.

Você me pede calma, diz que eu preciso apagar a mim mesma para depois reescrever-se. Diz que assim eu posso ser mulher, cama, gato. Assim posso preencher-me do que tanto anseio.

Não é a mulher, a cama ou o gato. São as pessoas que passam distraídas por nós e não percebem a densidade das coisas, a intensidade dos sentidos. São as pessoas, sou e você.

Se é de impermanência que vivemos, então que se viva com leveza, com desapego. Mas onde estará o desapego, o sossego, o vazio? Estará na mulher? Na cama? No gato? está neles, em você e me mim, só não aprendemos ainda como buscar...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Perdão

Perdoe-me,
Deixe passar.
Se eu tenho um dois três erros,
Deixo-te perdoar.

Ouça o apelo,
Crave na carne perdão.


Em uma oração:
Pondere os desejos,
Meus muitos defeitos,
Meu jeito de amar.

Perdoe como se deve,
Ame com moderação,
Não se faça embriagar.

Perdoe-me,
Tenho teu coração como abrigo;
Mas sinto grande perigo...
Quando não o vejo perdoar.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Rápido.

Na tarde extensa,
demorada,
ensolarada,
suada,
quase arrastada,
meu coração se deixou encantar.
Eras tu. Passando apressada,
correndo,
cansada,
jogando um sorriso p'ra trás!

Derramando poesia.

Desculpe a demora,
mas não era hora,
desse samba brotar.
Era tempo de espera,
da fina e singela,
paixão secular.

Desculpe a preguiça,
mas o caso é uma missa,
uma virgilha a rezar,
De uma pena discreta,
tão fina, inquieta,
que não quis calar.

Perdoe o tumulto,
do espaço obtuso,
que essa linha deixou,
Era tempo sagrado,
de cura e ferida,
que agora sangrou.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Não faz essa carinha;
Fica tranqüila,
Falta tão pouco para podermos comemorar.
Um pouco mais de força,
Uma leve resignação,
E a alegria vai brotar nos jardins da saudade do nosso coração.
Saudades do tempo que ainda não passou;
Do tempo que ainda estar por vir;
Do que vamos realizar e do que realizamos por estar aqui.
E por todas as alegrias que já tivemos,
falta tão pouco para felicidade se concretizar.
Estou ao seu lado e também preciso de você.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Desejo imenso de ser rasurado

gritos fluindo pelos poros e

entres outras coisas o amor...

sábado, 17 de outubro de 2009

Como num Blues

Sinestesia pura
Regada ao sublime som das cordas.
Corpos enunciavam um prazer sensorial;
Expeliam gotículas de prazer,
Num frenesi, um frenesi sem igual.
Pé na estrada à espera de um bom encontro
Dá com ombros e esperar um outro mais
A leveza da caminhada se fazia de acordo com a expectativa da chegada.
Sem direção.
Sem direção.
Era como se tudo fosse uma descoberta,
Paulatina, mimética do tempo que pairava.
Em verdes tons pastéis, não poderíamos parar.
Não mais, meu amor, não mais.
Dedilhava com aplicação,
Não poderíamos parar.
Não mais...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A noite, a rua e a solidão

Nessa madrugada, embebida mais uma vez na insônia, parei pra observar minha rua. Notei que as pedras estão muito mais gastas do que quando era menina, ou talvez nos caminhos que escolhi, depois de adulta, as pedras cortem mais intensamente. Senti o peito apertar e percebi que finalmente era hora de voltar a escrever.

À noite tudo parece transformado, como se a solidão se escondesse durante o dia esperando o frio e o breu para surgir. A solidão também transforma as coisas. Deixa o samba mais pulsante, deixa a pena mais cortante e deixa o voo mais leve porém não menos denso.

Quando era menina as pedras de minha rua costumavam machucar a cada tombo de bicicleta, a cada queda brincando de pegar. Hoje sinto saudade daquelas dores, daqueles machucados. Depois de tanto tempo percebi que os caminhos que escolhi tem muito mais arestas e que os tombos e quedas doem de maneira mais profunda.

Reparando agora minha rua parece nem ter pedras, parece ser um caminho de nuvem, coisa boba de criança. É que quando vem a noite a gente percebe a vida, a que a gente viveu sem escolher e a que a gente quis mas sem poder. E agora que a solidão bateu com força é aqui o meu refúgio, na varanda de casa, na alta madrugada. Eu, a noite, a rua e a solidão.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Impreciso

Meu coração é assim impreciso,
não é preciso de ésses,
nem duvidoso de cês.
Pode até ser que seja,
assim também o meu amor,
que aparece, somente na frente,
de uma bela mulher.
Assim, completamente todo.

Dores do Nunca

O desvio estético padrão dessa pausa é tão delicado,
de uma dor tão magrinha, tão amarela; sem linha.
Sem nada; inexata [ex]pressiva.
É de como um vázio profundo, como de um caso sem rumo
que veio esta hora a calhar.
entregando segredos,
que na alma são pesos,
de um eterno sangrar.

São de fato odiosos e de um tempo distante,
um tempo tão longe, que não ouso lembrar.
São feridas abertas na alma,
expostas ao vento desse tempo agora.

domingo, 20 de setembro de 2009


Olha lá,
Deixo cá desatenção.
Vá, pois aqui não se sabe
Não se rima mais não.
E de tanto não, não se navega mais.

Bora lá senta no bar;
Tomar outra e uma qualquer.
Já aqui, sabe-se lá
Não se rima mais,
Nem se faz amor.

Vá lá, deixe de tanto mais
Sei que se faz saber
Que aqui não existe;
Mas possa fazer existir...
O que se fez esquecer.

domingo, 13 de setembro de 2009

O Coração




Pulsa ainda sem esperança
Pulsa porque ainda arqueja
Pulsa por curiosidade
Para saber como seria ser feliz.
Pulsa porque não há nada pior  do que não viver;
Pulsa pois não se sente mais
Pulsa pois ainda imagina como seria ser.
Mesmo sem sentir, ainda pulsa;
Sem repulsar o que vem,
O que se pode ter.
Pulsa como se fosse um último grito de um solitário;
Pulsa como o esvair da palavra ao retornar do interlocutor;
Pulsa porque ainda resta
Pulsa sem saber por que, só pra ser ou existir;
Pulsa sem mais explicação,
Pra pensar naqueles que renegam o trivial,
Pulsa porque tudo agora é incomum;

e no fim nada há mais a pulsar.
Saudades do tempo
Quando se passava em tempos
Quando passava sem dor.

Hoje o tempo fica sem ter como passar:

Passa momento
Ânsia crônica
E volta a retornar.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Um samba

De repente só um samba
apareceu no meu penar
Era um samba meio fraco
Que não dá nem pra dançar.

No entanto o mesmo trapo,
fêz-se um samba de danar.
Era você chegando perto,
me pedindo pra dançar!
E o samba a essa hora,
já rodava sem parar

Me cultucava toda prosa,
me chamando a bailar.
E o samba a esta altura,
já estava uma loucura,
que faz gosto de olhar.

Depois do teu dançado,
já contente ao teu lado,
entre beijos de ninar,
A melodia ficou triste
era um "você decide!",
que não sei como explicar.

E o samba seguiu choroso
meio farto
meio tosco,
como quem quisesse, sono
e sonso
desfrutar daquele pranto,
que chorou meu violão.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A cada passo é teu sorriso que eu quero
Mesmo na aspereza da convivência,
Aquele sorriso eu espero.
É nele que te vejo em flor;
É nele que te amo completo.
Esqueça a razão e vem de volta pra mim:
De braços abertos,
Com aquele sorriso esperto
De quem só quer amar.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

teus outros n's

Ri desta última lágrima!
Tens tanto direito assim,
que todo meu pranto é feliz.
Porque é teu, e todo teu.
Sozinho teu, inteiro também.
E quando dele me farto,
te acho mais linda ainda.
Necessária, meio mistura,
inteira agora.
é: te amo sim!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Tua mão.

Atrevo-me sim, a tocar-te devagar.
Pele e mão. Delicada. De Matar.
E Quando nela, vagarinho,
É vida, intensa e só.

Porém arisca, retira-se assim,
Rapida e rispida.
Foge ao toque, como o Diabo à cruz.
Nega-me a mão,
nega-me um Não,
e num instante,
nada sou.

A que apedreja também,
sabe sim acarinhar.
Se não a queres, então
de certo, e se não,
enfim a terá.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Respirar.

Sobre começar denovo,
renascer.
Sei tudo!
Aprendi aos poucos,
morrendo de vez em quando.

Nada.

E de todo pranto e toda dor,
nada sobrou.
Para ti nem uma lágrima,
secou tudo.
Nem uma saudade bonita ficou.
Sei-la, passou!
E no mais,
nem raiva também.
O mais belo presente em vida,
você me deu.
Aliás fizemos juntos, talvez.
Mas de ti,
Bem, de ti,
nada.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Sei...

Seria simples sem nexo
Seria simples se soubéssemos
Se sublimássemos supostos
Se sentíssemos sonoros
Se soubéssemos sobreviver:
Sem sal, sem cais, sem chão.

Sei, soubemos solver;
Salvando sentidos surreais.
Soubemos sair sublinhando sinais.
Sorrindo sem mais, sentados no chão.

Sensato sério,
Suando mistério
No sofrer sagaz.

Sórdido sinônimo
Suei, sorri sem cais.

Sei...

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Ser Idiota.

Soava um grito distante que aquecia meus ouvidos:
“Eu sou um idiota!”
Com todas as letras que cabem ao nome, ecoava:
“Eu sou um idiota!”
E eu não sabia por que seria, mas ele repetia:
“Só(,) idiota eu posso ser.”
Melancolicamente aquele som penetrava em minhas vísceras,
Eu o tinha repudia e curiosidade pra ouvir:
“ Não há como não dizer, não posso mais evitar. Eu sou um idiÓtA.”
O grito de tão distante ficou próximo e era como se fosse eu a sentir a angústia de ser, ou pior, de assumir a idiotice ter.
Ele se contorcia, batendo suas mãos ao chão, como se contorcia aquele homem!
Seria morte, seria um parto, uma luz, uma descoberta?
“EU SOU... puta merda... IDIOTA!”
As lágrimas saiam, paulatinamente, copiosamente como se fosse lágrima, só, de quem sente.
Todos o olhavam com piedade, achavam que a loucura o possuía e eu só achava que era uma conclusão.
Só(,) poderia ser um idiota a gritar para todo mundo ouvir sua idiotice, aos berros.
Não, o idiota nunca assumiria assim, aos prantos, descontroladamente.
Seria outro tipo de demência.
O idiota admitiria sua idiotice num gesto nobre, ao se passar por aquilo que não é; um não idiota.
Aquele camarada deveria estar com outro problema, mas do mais, o que eu posso dizer?
Eu sou um idiota?
Não, eu não diria.
Mas eu poderia ajudá-lo?
Acho que não.

Já tenho pressa e só ecoa longe o som que eu continuo a ouvir.
Eu sou um idiota. Idiota? Eu?

quinta-feira, 30 de julho de 2009

(des)Encontro.

Há, certamente, um mecanismo de Ironia na vida de cada um de nós. Ironia maldosa, alegremente cruel e escrita com letra maiúscula.
Encontrar, enfim, a paixão, deveria ser a trégua feliz de cada ser. Mas depois de tanto luto e tanta luta, encontrar a paixão em tão longes braços é, no mínimo, comédia grega.
Desencontro é o prato do dia.
Você come amargo e vomita espera.
O estômago embrulha somando centímetros, metros, quilômetros.
E o tempo?!
Também entra na conta: quilômetros mais horas, dias, meses... Passarão anos?!
Querer-te perto é algo posto, dado, imutável.
E desde a tua chegada, nada muda. A sala continua vazia, a água morna, a noite cinza; escapa-me à cada sorriso não dado, à cada cigarro fumado, que de trago em trago, te consumo em devaneios.
Queria desprover-me dessa cultura boba, desses trâmites burocráticos, dessa vergonha provinciana. Usar a distância a meu favor e dar a cara a um tapa bem dado.
De longe também sentiria dor?

Lamento.
Entre lamúrios, agouros...
Lamento um encontro que talvez tarde e talvez falhe.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

"A vida"

é um jogo sério, melancólico, que nos exige organizar as peças e baterias, elaborar um plano, segui-lo, contrariar o plano de nosso adversário, assumir ocasionalmente riscos e jogar atendendo a um palpite. E, depois de todas as jogadas e reflexão, descobrimos que estamos em xeque, às vezes em xeque-mate.” La Bruyére

Não costumo ver vida como um jogo
Trilhada num tabuleiro interligado.
Se assim fosse, quais seriam meus adversários,
Quem seriam os muitos ou os poucos?
As peças não estão expostas,
A batalha, o tabuleiro se encontra num lugar tão próximo que parece não existir.
Agora, se resolvemos jogar, poderemos assumir o risco de fazer do outro uma peça.
Algo que não está ao nosso controle; uma peça de intenções da qual contamos.
Se nos perdermos nesse emaranhado de reflexões...
Estamos em xeque?
Costumo ver a vida como um jogo coletivo de adversários ambíguos que podem nos ajudar.
E a única certeza que eu tenho é que estamos em xeque, e que não jogamos sozinhos.
O plano é sobreviver...
Após algumas jogadas...
O plano é sobreviver.
Até a próxima jogada, o plano é sobreviver evitando o xeque-mate!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Ao Meu Amor.

Não vai tão longe,
Não me deixa seguir;
Segue um dengo,
Voz miúda,
Carícias mudas;
È o meu amor.
Um vocabulário próprio,
Mãos atadas,
Frouxas risadas...
E tensões.
Ciúme bobo...
Há contragosto,
Vamos seguir.
Faz-me um dengo,
Preencha-me à noite,
Faz-me existir...
Como o teu amor.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Óleos Divinos.

Só 'vendo' se penso algo escrito.
Vendo-se! E passa algo escrito,
entre meu dedos,
tão rápido que nem os sinto,
mas tão profundos que nascem feitos,
completos, defeitos.

De tanto te amar assim,
muito e sem muita medida,
é que rimo teu nome,
e desfaço seu choro.
Descarto teus 'aís',
e fico embebido,
de tuas delicias,
e olhos,
como de um Deus.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Faltam palavras...

Como é difícil falar das coisas belas;
Como é difícil falar do que realmente sentimos,
Não é que não falamos, é que as palavras tonam-se difíceis.
Mesmo a palavra perfeita vem fora de encaixe,
Forçada ao leito dos sentimentos sinceros.
Ela vem usurpando o próprio valor sentido,
Trazendo pra si os significados das tensões corporais.
Usurpadora palavra, se não fosses tu, como seria a declaração de amor;
A explicação, o desentendido.
Será que ela perceberia mais facilmente as outras formas de comunicação?
O silêncio e olhos longos desvelando um pedaço de intenção; as vibrações corporais, a densidade da pele ao contrair-se na outra, meu desejo?
Quando eu digo que não te digo é porque não precisava dizer ou porque já fora dito e redito nas pequenas formas de comunicação.
Não espere o certo, não espere que eu saiba explicar o que sinto em folhas de papel, nas vibrações fonéticas ou somente na palavra amor...

construção psico/fraterna/sexual.

De ti, moreno
quero a paz fluente
das linguas dos anjos;

demônios e gente
tentações infernais

Teu falar me leva
mas é porto seguro
- segura minha mão -

Injeção de vida
alegria pulsante
romance improvável
um espanto, um rompante

Estamos grávidos
de amor e de ócio
Minha alma penada responde que sim

Me canta, enfim,
uma nova canção.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Eterno devir.

Brinco-te.
Monto, desmancho, colo, dobro, quebro.
Brinco de passar o tempo com qualquer das tuas palavras.
Essa alegria débil que emana das tuas cores vivas não encaixa na minha sortida melancolia.
Brinco-te, pois o tempo passa e toda tua forma, jeito e modo de usar ganhará novos significados; nessa espera de mudança suporto grama por grama o dia de ontem, igual como o de hoje, mas... quem sabe amanhã?
Brinco-te.
E o eterno devir brinca comigo.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Meia volta

Nem te digo, mas voltei àquelas noites de solidão;
Voltei a festejar por pouco e a sorrir por muitos.

Ah, resolvi voltar.
E o que diria isso nas entrelinhas da razão, paixão, três pontinhos e tal?
Seria eu solitariamente devaneando pelas circunstancias favoráveis?
Não sei.
Sem premissas duvidosas, serei eu com meu sorriso exposto.
Eu não sorriria a contragosto e nem lhe daria explicação se não quisesse voltar.
Permita-me a representação.
Caso não se aborreça com minha tão pouca simpatia, use de sortilégio para minha tão longa alegria...
Foi por que resolvi voltar.
Aos que não queriam, peço desculpa pela ousadia, mas pretendo continuar;
Risadas eufóricas inflamam o meu corpo, acumulam-se no âmago do meu pulmão.
E quando eu não posso mais conter-me, de súbito, frêmitos de sorrir:
Uma grande gargalhada expele dos meus olhos, taram!
Da minha pele, ouriçados pelos a se contorcer.
Dançam todas as partículas do meu corpo, num frenesi irreal.
Tudo isso, acredita, por que resolvi voltar e ver o que poderia acontecer.

sábado, 20 de junho de 2009

Se as coisas não são tão claras,
Suas mãos enlaçam meu corpo,
Retratos brancos na calçada
Seus seios roçando no meu pescoço.

Se arte anda despercebida,
Na sala, ela, acamada grita,
Na rua só tem escuridão.

No seu corpo eu ouço um curto refrão:
Cantiga fina de desejo,
Carícias surdas entre os beijos,
Penetrantes vibrações.

Num tom azulado,
Já no roxo do corpo,
Exala na tela a cor de amanha.

Variantes na mão sedosa,
Furtiva na alma fogosa,
Descanso das maçãs.

Eis o quadro turvo em lilás,
O quadro do abstrato amor.
O resto se desfaz
E se refaz num branco suor.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Somente só.

Teu corpo é como pecado,
que me desperta um santo prazer,
Tão divino deleite,
que padeço antes mesmo de morrer.

Teu olhar é como fogueira,
que me incendeia de um fogo feroz.
E quando me torro todo,
viro chama, e acabo queimando os lençois.

Teu sorriso porém,
não tem caracteristicas especiais,
me parece apenas um sorriso,
simples e só,
pelo qual me apaixonei,
só e simplesmente.

Regressão?

Às vezes confisco minha alma, e dentro dela vou teateando minhas emoçoes. Nesse dia, é como se eu deixasse um pouco de viver, e estivesse meio morto. Passeio disperso nas conversas vazias, no barulho dos carros apressados, nas incoerências da televisão imbécil. Até a poesia torta que não consigo escrever consegue me irritar, até teus olhos tristes não conseguem me abalar.
Teu sorriso? Bom, esse sim me tira um pouco das trevas, mas é só eu perde-lo de vista que volto a escuridão cinzenta. Engraçado que nessa escuridão não sou mais cego por completo, parece haver luz brotando do chão, e alisando minhas pupilas essa luz me deixa ver sobre feixes opacos momentos de minha vida [viad que aquela hora não vivo] da minha vida sob o unico foco em que das tristezas mais profundas da minha alma eu só pssa levar as mais melancólicas alegrias.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Conselhos (temporário)

Jogue-me fora!
Assim esquisito.
P'ra mais tarde voltar,
tonto de bebida.

Me esqueça agora!
Vá pra rua dar-te aos amigos!
E quando tossir tua fumaça,
de cigarro, e de bebida,
sei que vais querer voltar.

Quando estiver na cama de outras mulheres,
faz favor de não lembrar de mim.
Pra que no gozo, não grite meu nome à outra,
me dizendo ter amor.
Daí se arrependa!
E volte pra você vê,
que do nosso amor nada sobrou.
E p'ra o nada que deixou,
não vai vais poder voltar,
pois ja´não há mais nele,
espaço para você.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Eu apenas queria que você soubesse...

Ah amigo... Por onde andará você? Faz muito tempo que a gente não conversa. Depois daquele episódio bobo, em que foram ditas palavras erradas, não mais senti em você a doçura de outrora. Sabe meu amigo, eu sinto falta do aconchego do seu abraço, do encantamento que provoca o seu sorriso.

Nós tínhamos uma sintonia tão concreta, uma amizade tão sólida que nunca imaginei que alguma coisa ou alguém pudesse nos apartar. Creio que acabamos por esquecer algo no caminho, deixamos num canto qualquer nossos melhores momentos. O que eu mais temia que acontecesse aconteceu. Nos perdemos meu amigo, e não sei se conseguiremos nos enxergar novamente.

Eu apenas queria que você soubesse que tudo o que eu já lhe disse nessa vida é a mais pura verdade. É que eu sinto muita falta dos seus olhos de meia-noite e da segurança que era estar ao seu lado... Por mais que o abismo entre nós cresça a cada dia... você sempre será o meu menino dos olhos de meia-noite... meu irmão, meu amigo, meu amor...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Balouço do tempo...

A gente vai tocando

Assim de leve, meio que à toa

A gente vai levando a embarcação

E o barco sempre tentando

No balouço da proa

Esquadrinhar a direção

Ateando fogo na alma

Aquecendo o esquecido

A gente segue assim

Bebendo aos goles a calma

Pro descanso merecido

Tecendo as frases do fim

Mas olhe pela janela...

É o vento que traz leveza

Penetra nos ossos o tempo

E deixa num rastro de vela

Um caminho de incerteza

Os olhos perdidos nas horas, dançando no firmamento...

terça-feira, 19 de maio de 2009

Poeta da Dores

Quis chorar demasiado,
e em todo pranto se deitou.
Quis amargo, amar errado
e em frente a dor se ajoelhou!

Na hora de rezar, se esbaldava!
Aos pés da amada e em choro só,
tanto grito e tanta farpa
e na garganta aquele nó.

Depois de tudo chorado,
e das dores curado,
caminhou bem apressado
a buscar um novo amor [dor?]
Quis voltar a ser do choro,
e da dor, poeta outra vez!
E gritar a ela em coro:
sou teu escravo denovo,
e agora de vez.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

De longe e algumas horas mais tarde.

O sol se põe de uma forma diferente por aqui...
Como se o dia não quisesse terminar e o sol dançasse, teimando em não deitar.
Na "hora dos anjos" é como se o tempo parasse, as nuvens congelassem por entre as muralhas verdes e o vento deslizasse silencioso por entre árvores e corpos.
Ao olhar para o horizonte, sinto como se observasse uma tela, uma bela obra de arte, daquelas que você admira na melhor galeria de arte que se possa conceber.
Pouco a pouco, as nuvens ficam rosadas, como se meu olhar atento deixasse-as envergonhadas; o azul da teia celestial torna-se alaranjado, como quem, desesperadamente, finge um alvorecer.
Espero uns minutos para ver se acredito que é realmente o pôr-do-sol, e não o nascer.
Finalmente, o teto da terra recobra sua tonalidade usual e desfaz a pintura milionária de um Portinari qualquer.
Resta alguns fior avermelhados, mas por poucos segundos...
A escuridão, enfim, chega. Deixa no pensamento uma nostalgia diurna
... As estrelas até brilham, a lua ilumina, imponente...
Mas o espetáculo do crepúsculo camponês guarda algo de misterioso, de esplendor, como se deixasse a mensagem que não demora e o dia volta.
Volta, imensidão de luz guerreira!

diário de vivências
Minas - janeiro/2009

O Amante sem alma.

Desculpa-me, se não consigo sentir o momento que se passa,
O tempo que se arrasta
No tempo que não és mais meu.


Sei que retornas sempre latente
Cravando os dentes na pele,
Trazendo-me palavras leves,
Deixando-me sempre contente
Com o amor que não é mais meu.


Traz-me migalhas fartas de carinhos carnais.
Possuo cada qual como se não fosse possuir mais.
Tão servo e carente, aguardo sorridente o momento de te sentir.
Momento breve, numa tão longa espera na vontade de existir.

Eu me forjo em ti, um novo homem,
Do resto eu não sou mais;
Sem palavras, pensamentos nem paixão.

Um homem que nasce ao te ter
E morre ao te deixar;
Até que gritos ferinos venham despertar meu coração
– e o ciclo possa se repetir.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

"Minha alma tem o peso da luz.
Tem o peso da música.
Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita.
Tem o peso de uma lembrança.
Tem o peso de uma saudade.
Tem o peso de um olhar.
Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou.
Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros."

------------------Clarice Lispector----------------------

terça-feira, 12 de maio de 2009

Se...

Se acaso fores embora,
não deixe que a vida lá fora,
arranque de ti o que é meu!
Mas faça da rua teu sonho,
inquieto de novas paixões,
e outros absurdos.

Se acaso me perderes de vista,
não tema a solidão, nem desista,
dos amores que podem nascer,
E sonhe na rua teu feito,
moço de todo desejo,
e outras confissões.

Se acaso porém, retornes pra mim,
nada faça! Não há o que se fazer.
das coisas que são de verdade,
a gente só sente saudade,
e se deixa nelas viver.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Se Tempo

Se o tempo pudesse levar.
Leve lá.
Feito absurdo.
Se os grãos pudesse colher,
Guardar;
Algo inseguro.
Se o tempo pudesse curar
Cura já;
Homem nulo.
Se o tempo pudesse calar,
Cala já,
Eu te escuto.
Se o tempo pudesse solver,
Liberar,
Eu te construo.
Se o tempo não fosse acabar,
Findar,
Eu continuo....


Se o tempo pudesse lavar na água suja;
Se o ar pudesse respirar algo puro;
Seria outro e vários no desuso...
Ah, se eu uso?
Como a esquadrilha da bolha no discurso?


Blá Blá Blár....

Se o ar anda um pouco impuro,
Os grãos obtusos,
E eu ando inseguro;
Fito o vazio na iminência das palavras.
Cada qual por um fio,
A Telegrafar gotas de lágrimas - vagas, vagas....

Já se o tempo fosse tempo de se,
Eu te asseguro que seria assim:
Se e tempo pro fim;

E tudo acabaria em nada.


Nada?

Eu gosto dos que tem fome.

Fera, que te quero bela.
Nessa luta, quem ganha é a força, a voracidade, a fome brutal.
A fera deseja a beleza não por inveja, não só por fome...
Mas o impestuoso desejo que a beleza desperta nos toma a carne e nos aflora a selvageria que, de quando em quando, nos apetece.
Esse ímpeto de doce maldade espeta a pele inteira, saliva a boca, aguça o faro.
A fera se liberta em segundos, dominada pela dura realidade da natureza, que foi bela inicialmente, e agora procura a beleza cuidadosamente, tentando resgatar sua face inicial.
Esse sentido aguçado de tudo, essa necessidade de sugar uma essência, esse apelo de beija-me flor acomete os mais atentos e menos despreocupados; os atingem fatalmente, mas o libertam de uma jaula cruel.
E como há de ser meio a meio? Como hei de equilibrar forças tão antagônicas e tão compatíveis?
Não consigo por quê sei de qual lado a vida escorre mais viva.
A beleza sempre tão segura de si, tão imponente, tão bem acomodade no seu pedestal; a fera enjaulada, louca, desvairada, assustando quem passa, quem cruza com ela a calçada.
Nessa gangorra de inúmeros altos e baixos, nesses embates, a gente sabe quem ganha.
A fome traz consigo uma força imbatível, uma inevitável vitória. Não uma força animalesca, mas a mais feroz das existentes: a demonstração da fraqueza.
Cara a cara com a bela, a Fera desmorona e se desmonta; assume seu desejo, admite sua vontade e larga mão de suas amarras. Voa em cima e não deixa nem um osso.

Dos meus, aguardo o salto enquanto desejo: Bela, que te quero fera!

sábado, 9 de maio de 2009

Quadro de Verão

Assobios ao por do sol,
Coqueiros a bailar na areia branca;
E os sons que vinham do mar,

Re-chiados de prazer,
seguiam...
Como era de ser,

O compasso das ondas.
Eles, em instantes, ficavam suspensos
Numa sintonia precária,
Cambaleando sentimentos
E trocando coisas raras.
Das várias formas de dizer amor:
Eis o desejo.
Já iam arrebatados nas areias,
Entre marinheiros e sereias
Numa sintonia fina, trocando beijo.
Seria maravilhoso morrer no mar,

Amar,
Entre coqueiros.

Falando ao vazio.

Quantas palavras são necessárias?
Palavras...
Blá Blá Blá
São necessárias.
Quantas?
Para eu não falar!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Sa jeunesse

Acordei com o sol na minha cara, olhei o relógio, oito e meia da manhã. Apesar de ser muito cedo, pra quem acorda sempre depois das dez, levantei. Fui até a janela degustar o cigarro, sentindo o calor penetrar na pele me surpreendi feliz numa manhã de sol. Enquanto observava a fumaça desaparecer, minha cabeça reproduzia a música de Charles Aznavour, Sa Jeunesse. Essa música me lembra Joana e tudo que já conversamos sobre a vida, todos nós deveríamos ouvi-la, tanto Joana como a música.

Acordei bem melhor, já pensando em botar a cara no mundo, sair do inferno astral que eu mesma criei. Ela tem razão, como sempre, quando diz que as coisas não são tão ruins assim, o diabo não é tão feio como pintam. Hoje eu acordei com a consciência de que não posso me punir por ser quem sou, mesmo que pra isso tenha que pagar um preço alto.

Ainda não me acostumei por completo a ser assim, livre, e por isso peco vezes por excesso, outras por omissão. O que não posso é continuar unindo liberdade e transgressão, não quando as duas juntas causam dor a alguém e se causarem que esse alguém seja eu. Eu estou mais do que familiarizada com meus fantasmas e com ele me entendo muito bem.

Sei de minhas limitações, conheço meus pontos fracos, se às vezes insisto, entendam, é por saber que a vida é curta, é porque descobri que é efêmero esse nosso viver.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

E a Terra parou


Na hora em que o relógio parar
Não haverá um só fio que se mecha
Nem que se queira,
Que se goste.


Os pingos da chuva parecerão
Cristais suspensos
Em um teto insólito
Numa infinidade de azul.


Na hora em que a luz dos olhos se encontrarem
Nada mais existirá em movimento
E o amigo vento desenhará
seu rosto eternamente em minha memória.

Não me leve a mal, me leve à toa!

Não me entenda mal... eu sei exatamente o que você quer dizer com “saiba aproveitar a vida”. Sempre que meu corpo grita liberdade eu me atrapalho e acabo pondo os pés pelas mãos, é sempre assim. Eu sei que é questão de prática, mas não sei que quero pagar pra ver. Dessa vez não foi diferente, eu fui ao limite de mim e olha só... deu tudo errado. Acabei ferindo, sem querer mesmo, eu juro, acabei sangrando.

Agora eu tenho que esperar a bomba explodir. Num só olhar, que concentrou um agudo desdém, eu senti um sabor amargo, eu tive a certeza que ainda vou pagar muito caro pelo meu deslize. Aquele olhar me disse: Prepare-se, a vida não vai ser complacente com você. É meu bem, eu ainda vou chorar muito, não tem remédio no mundo que me faça duvidar disso.

Você lembra no começo? Eu pedia pra perder o controle porque eu controlava tudo, acho que deixei as coisas irem longe demais. Eu não tenho seu talento pra lidar com as conseqüências, eu não quero que as conseqüências sejam estas. Eu já senti na pele, quando a faca entra sai rasgando a carne até que a gente não sinta mais dor. Eu me permiti demais, acho que acabei suprimindo o super ego, ou um desses troços de que Freud falava.

Ainda acredito que posso sorver da vida cada gole, cada sopro, cada esquina. Preciso apenas descobrir um jeito de não ferir, de não sentir nesse sorver um gosto tão amargo assim. Hoje eu sou uma mistura de elementos perigosos, então não estranhe se eu for do riso ao choro dentro de minutos... Eu preciso me olhar de fora, achar o eixo que quebrei, ligar os pontos que arrebentei, preciso dar um tempo... não me espere naquela mesa, eu estarei ocupada me procurando por aí...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

O Produto.

“Vou me desprender de mim. Um exercício um pouco inseguro, pois eu posso gostar. Vejamos... Concentração... Um passo de cada vez, leve alma a flutuar.”
- kkkkkkkk... Você não está brincando de roleta russa? Ou estar?
- Não, na verdade eu não costumo brincar. Sabe, na minha idade, as coisas são tão sérias que a própria imaginação pode causar algum prejuízo. Por isso, eu tenho que sair de mim um pouco. E como outro poder viver novas experiências que já não sou capaz.
- Conversa. – Com um tom sarcástico perfilando a boca.
- Sim. Eu perdi uma certa inocência, uma certa brandura. Tudo é um teatro ou circo e a realidade é o que a maioria passa a acreditar. – Um ar de desilusão preenchia aquelas palavras.
- Coisa mais batida! Não vamos entrar aqui nesse papo de ilusão. Eu quero o produto. Chegou o momento. Podemos mudar agora o que era destruição.
- Meu amigo, eu só posso lhe entregar em pequenas gotas. Temo que, tomando todo, seu corpo não venha a suportar. Nada de súbito é verdadeiro ou perdura, não seriam lentas as transformações?
- Você é um covarde! Nunca irá vencer. Quero agora. Agora é o momento.
- Teu corpo quebradiço não suportaria tão grande afeto. Dou-lhe em gotas, um pouco a cada dia. Assim, lhe darei minha vida.
“Ao retornar, sinto que fui consumido. Que ao sair, tiraram um pouco da minha seiva bruta, mas não conseguiram tirar o que paira em torno de mim.”

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Senta, toma um copo, à vontade...

Se a gente se encontra, espero haver tempo.
Vem, senta um momento
solta os cabelos, alarga o sorriso num dar-se sereno
Eleja palavras e espalhe-as ao vento
Se a gente se encontra, espero haver tato.
Vem, senta um pedaço.
afrouxa a calça, desata o cadarço
Com as mãos firmes, me mexa a carne, acalme o peito.
Se a gente se encontra, espero haver calma.
Vem, senta e desarma
Desfaça a trama, teça sem drama uma peça melhor
Me mostre em atos como não amar só.
Se a gente se encontra, espero encontrar.
Vem, senta e ensina como não levantar
sem, antes de tudo, tudo tentar.
Ensina à um leigo como se entregar.
Se a gente se encontra, por quê não?
Vem, senta e segura minha mão.... Ela treme, mas deveras sente.
Não pense que mentes, que o vício me prende.
Se costumeira, me fiz uma errante
no teu encontro me rendo amante, daquelas suaves, daquelas serenas, daquelas de encontro que fazem sentar.

Chuva Cristalina

Parecia mentira que a chuva fina caía.
Que eu a olhava da janela,
Um olhar de poeta

Que não se fazia acreditar.
Ela vinha mansa brisa cristalina,
Como os olhos daquela menina

Que um dia me fez amar.
Mas era chuva fina,
Cheiro de terra molhada,
Olhos distantes na estrada

Que me fez acreditar:
O inverno chegou!

Caminhando...

Ando por aí meio de lado
Olho enviesado a vida
Com seu vazio contido de ilusões felizes
E penso que aquele momento vivido,
Com seu vazio contido, é uma vida imensa na solidão perdida.
Quando é compartilhado faz mais sentido;
A tortuosidade do caminho se retrai na longa distância percorrida
E quando mais se refaz a vida se desfaz tristeza no jardim escondido.
Se for compartilhado é mais vivido.
Se for compartilhado podemos mudar
Sem nos apegarmos às grades de liberdade
Sem cairmos em algum (nenhum) lugar.
Ando, ainda ando em liberdade;
Lugar qualquer na vaidade de se pensar um lugar em existir.
Uma coisa íntima, meio esquizo
Uma linha de fuga surreal.
Um caminho de vários lados e de várias direções.
Escrita livre,
Versos ligeiros,
Um pouco pesado,
Outros maneiros.
Sem sinal.
Cada vez mais marcado, enviesado,
Me deixo preencho afetos de (em) outro alguém.
Caminhando.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Sobra de dor, sobra uma marca, sobra distância... Quase não sobra nada.

Falta pele, falta cheiro, gotas de suor

Falta o fino tato, a fala mansa, palavras brandas

Faltam palavras. Cadê os sorrisos? O olho fitando solene minha forçada timidez?

Falta tempo. Horas e dias se perdem, acabam, faltando um fim de tic tac amoroso.

Falta tempo para o entendimento, sobra espaço pra desilusão.

Falta presença, sobra espera. Cadê os dias seguidos e intermináveis de luxúria? As noites perdidas que ganhamos... Cadê?

Falta perna, braço, dedos... A cabeça, já se perdeu.

Sobra coração. Sobra, transborda, escorre calado e lento na correria nossa de cada dia.

Falta abraço, sobra distância. Ausência, sobra aos montes.

Falta coragem e pulso, sobra surtos de solidão.

Falta certeza.

Na mesa, falta bebida e sobra embriaguez.

Na falta disso tudo, sobra aos goles a insensatez.

E os espaços se multiplicam, a distância eleva-se à potências, mas o que era doce não se acaba: falta açúcar, mas não falta afeto.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Do amor do dia a dia.

Acho que nessa noite serei poeta!
Espero esquecer as que passei vadiando, vivendo eu e tu,
Serei poeta, esperando escrever mais bonito,
fantasiar mais contigo,
delinear mais teu corpo,
detalhar mais teu suor...

Só que nessa noite a poesia não vem,
é teimosa, nem sequer escreve-se,
deixa a minha dureza irritante,
e minha sensibilidade medíocre, trabalhar,
e fica calada, quieta, intocada.

Pra quem sabe, se revelar num futuro tão bela,
tão enraizada de nós dois,
das nossas noites e tardes secretas,
que se ria apenas agora,
das noites que eu não soube escrever.

Carta ao Viajante

Dias a fio
Tenho esperado por ti
Como se fosses marinheiro
Em infindável viagem



Sem nenhuma notícia eu vagueio
De lá pra cá
Nos vãos do meu lar



Já me canso
De minhas noites perder
De pelos dias vagar
Com o pensamento em ti



E nem o seu gosto poder provar

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Diálogo noturno.

Nesta noite eu estava a fim de conversar,
Trocar palavras amenas,
Curtas, pausadas e melódicas.
Hoje, queria cair nos teus braços infindos.
E com um sorriso lindo, te amar.
Mas nesta noite eu escrevo e tenho ao meu lado a solidão.
Um pouco vacilante porque sinto sua presença intensa na vontade de lhe ter.
Um pouco delirante, pois sinto prazer em lhe querer.
Esta noite é uma noite incompleta, das mais repletas de desejos que pela noite não vão se realizar.
Não seria um desalento noturno,
Um uivo obscuro que caça sem parar.
Seria saudade a reclamar abrigo,
Pedindo licença para poder descansar.
Nesta noite prolongo o sono,
Prolongo a noite, com sentimento claro de quem quer conversar.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Parece até mentira,
Eu não posso acreditar,
Corriam rios de lágrimas no deserto.
E no céu uma chuva branda, terna em paz, traria você pra perto;
No frio intenso da saudade,
Como teria que ser nesses dias de inverno.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

uma tonelada.

Eu pouco sei de reencontros; muito conheço de despedidas.
Vivi pouco, ainda.
Tenho fé na mudança da balança.

domingo, 19 de abril de 2009

Saudade é pouco...

Com uma sutileza comovente ela chegava, como quem não quer nada conseguia tudo que desejasse. Bastava abrir aquele sorriso largo e franco e afastava pra longe toda a energia ruim. Seus projetos repercutiam com força entre alunos e professores. Respeitada, amada, querida. O amigos tem inúmeras histórias engraçadas pra contar, não existe quem a conheça que não guarde dela uma doce lembrança. Não é fácil ter que conjugar o verbo no passado.


A vida não é justa conosco mas com a Nádia foi muito cruel. Não consigo conceber a ideia de que alguém tão doce pode morrer de uma forma tão brutal e estúpida. Aliás, morrer não, quem é amado como a Nádia não morre, ela apenas está num lugar à altura do era pra gente, um ser de luz. E eu sei que ela viajou contra a vontade. Eu sempre a verei como da última vez que nos falamos, ela, como de costume, atarefada com os preparativos da festa de encerramento do semestre, rindo por trás dos óculos, com seus lindos olhos e o sorriso contagiante. Eu a verei dando aula pra gente, brilhante, correndo de um lado pra outro na Semana de História, cuidando pra que nada desse errado, eu a verei com apito pendurado no pescoço, cronometrando a partida, marcando faltas entre uma conversa e outra, sempre rodeada de amigos e professores. Eu sempre a verei de braços dados com seu grande amor, com sua metade.

Ainda custo a acreditar no que aconteceu. Todo dia eu ouvia o jornal anunciar uma morte por bala perdida, eu ouvia todo dia. Nunca imaginei que uma bala dessas fosse nos achar, nunca pensei que pudesse nos atingir desse jeito. Somos nós, educadores, pacifistas, mediadores, otimistas e sonhadores, que tentamos todos os dias acabar com a violência, extinguir a brutalidade, apagar a ignorância. O que nós vivemos essa semana vai ficar pra sempre marcado em nossas mentes. Nos corredores da UECE, no Centro Acadêmico, na quadra do racha, nos auditórios, nas salas de aula e naquela avenida.


Nenhum de nós vai esquecer esses longos dias que pareceram séculos. Corredor de hospital, UTI, Reitoria lotada, choro, canto, flores e por fim o cheiro da terra molhada de chuva e pranto. Luto. Nenhum de nós vai permitir que eles esqueçam. Nós vamos gritar, vamos lutar, vamos dar continuidade a cada sonho seu, cada projeto. Nós vamos atrás de justiça, mas uma justiça limpa, correta, digna, assim como você Nádia, uma justiça íntegra. E cada vez que eu cantar será por você também.


“Qualquer dia amigo eu volto a te encontrar, qualquer dia amigo a gente vai se encontrar.”

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Nesses dias tão tristes, como vamos sair às ruas?
Nesses dias tristes, como olhar o seu rosto?
O que nos aflige ao vermos nossos amigos irem para casa, após a aula?
Como iremos ao cinema, aos bares, farras e noites de diversão?
E teu sorriso sempre presente, tua felicidade de viver, por onde anda agora?
Sei, somos jovens, mas queremos envelhecer, ver os filhos de nossos filhos.
Queremos que volte a sorrir.
Sei que não será a mesma coisa.
Mas queremos que volte a sorrir.
Um pedaço nosso se esvai em consternação,
Outra parte se constrói em esperança.
Dessa maneira, um abraço será sempre um eu te amo, te cuida, não quero viver sem ti.
Ah, meus amigos, como queria abraçar a todos;
Como podemos cuidar uns dos outros;
Como podemos nos ajudar?
Eu tenho fé na pessoa linda que és,
Sei que boas energias não te faltam;
Sei que não te falta amor.
Entretanto, minha querida amiga, como podemos nos proteger?
Como cuidaremos da nossa família?
São semanas, meses, anos de afinidades,
São vidas entrelaçadas em sonhos e ideais.
Estamos juntos em nosso particular,
Generalizamos a vontade de viver.
Nós queremos viver e nos proteger.
Queremos nos encontrar mais tarde, depois da meia idade,
Em algum canto para rememorar.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Divórcio

Percebi que não gosto tanto assim de ti
Meu doce desvio
Que de novo o que queria
Antes de colocar seu nome no papel

Ensinaste-me muito
Até agora estava feliz ao teu lado

Contigo
Conheci pessoas incríveis
E lugares paradisíacos
Visitei as ilhas gregas
E os vales do Nilo

Fui do céu ao inferno
E estacionei no purgatório
Na dúvida
Na incerteza

Sigo ou não contigo?
Benefício da dúvida?
Nem sempre concordo com isso

Percebi que, quase sempre, minha noite acaba quando eu quero que ela comece.

Meio a Meio

Era assim mesmo que ele estava
E tudo em mim do avesso
Avesso do começo

E o dia se fez noite
E a criatividade, pesadelo de não existir

As palavras da química não saem
Para uns dados fins
Para outros
Borbulhavam em soluções explosivas a todo momento.

Saudades Imortais..

Há quanto tempo a poesia me falta?
A que outros vícios me entreguei?
Se a ti alma, saciei com farpas
e nos contrários nesse mundo divaguei?

E enquanto somo-me a muitos,
iguais e nem sei,
me esqueço dos teus casos,
e me canso
dos "já sei!"

Quero denovo nos teus braços me atracar,
e feito louco nas tuas ruas caminhar,
gritando aos tolos a saudade que senti,
dizendo a eles dos amores que vivi.

E se de certo, as vezes me apago,
e prá denovo e de fato virar luz,
clareando todos os meus passos,
que no escuro, a este tempo, eram nús.

É por tanto, que choro tua ausência,
poesia ruim de escrever...
por serdes de todos os meus males,
um senão enrustido bem-querer.
Esse que ao se expor, nem belo é,
e já nem precisa ser,
basta se fazer evidente,
naquilo que ouso dizer.

E o que digo é te amo;
é te odeio e é te clamo;
pela glória de torna-se imortal no meu espirito.

O valente.

Encheu-se de tédio e foi ao bar. Encheu-se de álcool e foi ao chão.
Lá caminhou deitado pelo trajeto torto da sua vida;
revendo seus amores;
cantarolando seus acertos e miguando sua dores.
Passeou calmo por todos os erros, rapidamente enfrentou seus inimigos.
E depois entregue a seus amigos, foi-se morrer em paz.
Já morto, encontrou-se com os anjos,
brigou com os arcanjos, e quis entrar "numas" com Deus.
Cheio de valentia pulou no pescoço divino,
questionando-o inultimente sobre seu tédio, sua queda e sua morte em paz.
Deus de um dedo só, deu-lhe uma dura,
dizendo da dificil destreza de dá descarga nas merdas que ele fez na vida.
Acordou suado, e todo chorado, jurou ser um covarde dali p'ra frente.

A Zuada

Disforme de tudo,
a zuado é ouvida,
sentida, extremada
A zuada é de nada, e é obrigada.

Sem agredecer o barulo que faz,
a zuada se implanta,
e traz aos ouvidos,
os gritos contidos,
dos sons irréais.

Assombrado.

Sou feito do tempo,
às vezes sou tenso,
às vezes não sou.

Por hora não durmo,
só sonho um longo
de certo mais curto.

E quando sou vento,
dificil tormento,
em pressa de vir,
sou filho sedento,
de um tudo parado
de um sim movimento.

E, deixando de lado,
um espaço passado
que a história velou,
me torno um eterno,
calado, de certo,
de um fim tão mais perto
que a mim assombrou.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Vai passar nessa avenida.

E a vida, o que anda aprontando?
Por onde anda passando?
O quê está fazendo?
Faz do corpo uma ilusória saída,
trata o gozo como uma longa vigília.
Faz da pele uma malsã moradia
de uma corrente sem fim
uma corrente de quente energia
Faz da veia um riacho infinito
desaguando gotas de ódio aos gritos.
Faz dos olhos saídas tiranas
e dos gestos, um jogo daqueles que amam
[que sentem]
Traz às mãos calorosas anseios
e na cabeça sempre mais devaneios
[devaneios cruéis]
Veja, meu bem, o quê a vida anda fazendo da gente?!
Nos encobre de noites
de manhãs em que mentes
e no meio da tarde uma trégua infeliz.

sábado, 11 de abril de 2009

Desejo

Há Qualquer Momento
Deita sobre meu ser
E navega incessantemente
As águas profundas de minh'alma

Resplandeces felicidade e contentamento nesses momentos
Torna-me cheia, quase transbordante
Ao realizar-me por inteira
Me traz o que nunca tive
Real contentamento

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Noite de fevereiro

Juro, acredita em mim - a sala de visitas estava escura - mas a música chamou para o centro da sala - a sala se escureceu toda dentro da escuridão - eu estava nas trevas - senti que por mais escura a sala era clara - agasalhei-me no medo - como já me agasalhei de ti em ti mesmo - que foi que encontrei? - nada senão que a sala escura enchia-se da claridade que se adivinha no mais escuro - e que eu tremia no centro dessa difícil luz - acredita em mim embora eu não possa explicar - houve alguma coisa perfeita e graciosa - como se eu nunca tivesse visto uma flor - ou como se eu fosse a flor - e houvesse uma abelha - uma abelha gelada de pavor - diante da irrespirável graça dessa luz das trevas que é uma flor - e a flor estava gelada de pavor diante da abelha que era muito doce - acredita em mim que também não creio - que também não sei o que poderia uma abelha viva de pavor querer na escura vida de uma flor - mas crê em mim - a sala estava cheia de um sorriso penetrante - um rito fatal se cumpria - e o que se chama de pavor não é pavor - é a brancura subindo das trevas - não ficou nenhuma prova - nada te posso garantir - eu sou a única prova de mim.


Clarice Lispector

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Navegar é preciso, e viver tb!

Se aqui dentro ouço uma dor, um instinto,
Se lá fora tudo esquenta na demora;
Tenho agora promessas e recompensas findas.
Num reboliço de conceitos, esvaindo-se em nada,
Tudo é muito lindo.
Meus mestres já me dizem nada,
Meus mestres não cansam de copiar,
Meus mestres estão dispersos;
Vão nos olhares vagos dos que gostam de falar.
Só que tenho que sobreviver e o que é viver?
Não seria pensar?
Eu roubo vários pedaços para construir um barco;
Algo que vou chamar de meu;
Algo dentro de sua arquitetura que não tem o meu lugar.
Se aqui dentro ouço um grito, um pouco aflito, é por que estou em transmutação.
Se lá fora, o que é lá fora sem o eu?
...
Minha dor é só uma dor pouca de quem um dia pensou em viver.
Se eu pudesse navegar....
Eu imagino.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Homem cão

Depois de ouvir uns sussurros, não seria nada além de sussurro, ele viu em seus olhos uma dúvida falsa. Ela falava baixinho, melodicamente, palavras que um observador só poderia imaginar pelo tremor de quem a ouvia. O que diria aquela mulher?
Ele se fazia nervoso, se fazia notar pelos seus gestos exagerados, olhos espantados de quem ouvira uma notícia ruim. Parecia que a cólera o dominava ou que simplesmente ele exagerava como se fosse alguém que necessitasse aparecer. Sem dúvidas ele representava. Ele parecia não acreditar no que ouvira. Ele a condenava pelo olhar. Não sei se era um olhar de desprezo, era mais um olhar de decepção. Mas como uma voz tão meiga, uma postura tão sensual poderia decepcionar alguém?
Imagino logo que ele teria feito planos para aquela noite, planos tais que ela não imaginara participar. Pois ela estava leve em meio a todos, soltando risos, sussurros, gritos possíveis de alegria e fotos e mais fotos para registrar. Ele ia de um lado para o outro, parecia vigiá-la a cada gole. Um peso imenso no seu corpo. Seu olhar para ela às vezes era de cão sem dono a dono de cão. Ele se impacientava facilmente, fazendo-me até a evitar olhá-lo para que eu não me agoniasse.
Deixei que o tempo passasse. Outras coisas iriam me entreter, o meu próprio enredo que aqui não vou contar. Entretanto, de vez em quando, voltava a observá-los e as cenas que criavam que viviam que imaginavam ser reais. Era um casal interessante: ele com sua raiva de corno antecipado e ela com sua alegria provocante. Até quando iria durar aquele ato? Só sei que, lá para o fim da festa, seu humor mudou. E ela, ainda leve, possuía agora e lançava para ele sutis olhares de remissão.

domingo, 22 de março de 2009

Inverno

Vou esperar a chuva passar... Não, eu não quero mais uma taça desse vinho barato! Eu só queria um lugar pra descansar meu corpo, mas se não tem um canto sobrando no sofá eu entendo. Eu entendo amor, sua pressa, a vida é curta né?! Mas tente me entender também, todas essas luzes, todas essas cores, acabam por cansar meus olhos.

Hoje eu prefiro o cinza de uma manhã chuvosa! Sozinha, é melhor assim. Não pretendo atrapalhar seus planos, nem ao menos vou deixar você perturbar os meus. Nós sabemos bem quanta diferença ainda há, essa mesma diferença que antes incitou, agora nos afasta. Não se preocupe, eu sempre soube que seria assim, ou não...

Talvez a gente se encontre pra tomar uma cerveja no verão, é inverno e eu quero olhar a chuva bater no chão. Pessoas como você nunca entenderão pessoas como eu. Você diz não temer a vida mas não se arrisca no perigo que é sentir. Sua pressa não passa de um velho disfarce, eu sei, já me utilizei do mesmo artifício.

Agora já vou. Quando você acordar e eu não estiver mais aqui, me leve a mal não, é que eu também tenho pressa de viver. Uma pressa diferente da sua, um tanto mais densa, um tanto mais leve. Você não entenderia. Deixei um bilhete no espelho do banheiro, eu não quis lhe acordar. Só não esqueça que eu tentei mostrar a você, ou melhor, deixe pra lá, você não quis ver...

sábado, 21 de março de 2009


Num universo mudo, eu encontrei teu som.
No início eram ruídos obscuros;
Aos poucos, dialetos do amor...

quinta-feira, 12 de março de 2009

Esquecendo o amanhã.

Não é questão de lembrar
É olhar
Poderia todo dia te esquecer, talvez, pra quando de novo te ver pensar tantas novas loucas coisas
Pele fina, coisa fina, sabe?
Um filete de desejo alfinetanto toda a pele
Um filete de satisfação escorrendo entre as pernas
Um filete inconsciente de lembrança

[Sim, eu lembro]

segunda-feira, 9 de março de 2009

As Flores

Hoje, tantas flores brotaram em jardins quaisquer,
Tantas outras em cada mulher.
Eram AS FLORES da liberdade criando jardins em todo lugar.
Fazia-se, regava-se O jardim da autonomia;
Em cada gesto micro, em cada olhar macro;
Em cada CANTO DO AMOR.
Florescia, com seus bordados sutis,
Com os sorrisos febris,
O processo de libertação em flor.
Não só um dia o dia da alegria
Não só a mulher, mas a autonomia.
O CORPO, a micro nação do amor.
Apenas o HUMANO, não menos humano com compaixão.
Era criança, era menino, era menina, era homem, era mulher.
Uma paixão inebriada pelo outro.
Consentimento, consoante de um hiato carnal.
Onde houver cheiro de gente, será gente a salvação.
Gente branda, sensível; cálida face de rosto amigo.
Vigilante gente que falha e volta EM FLOR.
Sem aquele dia marcado sem sal...
Faça-se o dia a vida inteira ( ou por alguns instantes) e da vida nossa comemoração.
Festejamos nossos dramas e nossas comédias,
Sem muitas dores, sem muitas rédeas,
Com desejo de liberdade,
Com vontade de amar.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Ao Amor... (Ao meu)


Eu te amo, meu amor.
Amo, porque não há como não amar o amor,
Cultivá-lo,
E forjá-lo em mim.

Meu amor,
Meu pouco de dor,
Meu muito prazer:
Eu te amo!

E se eu me tornar redundante, me perdoe.
São coisas tolas de uma alma apaixonada (um pouco clichê).
Mas não temo tornar-me ridículo em dizer:
Eu te amo, meu amor.
E como não poderia amar?
Se a Lua e o Amor se fundem num só.
Como numa brincadeira leve de crianças levadas que brincam de se apaixonar;
Tão lúdico, lírico, breve.
Eu te amo, meu amor;
Eu te amo.

E num suspiro, já tudo dito.
Um bobo como todos
Se todos forem bobos
Feito o nosso amor.
Já não se ama mais o outro, mas o próprio amor;
Sem o eu.

EU TE AMO...

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Bem vinda.

Deixo então que a poesia me invada,
que o amor me arrepie os ossos,
que a paixão me encha os olhos,
e teu sabor entorpeça minha'alma,
por que de fato e direito, já sou teu
por todo e inteiro, pra esquecer das horas,
e dos dias em branco.

Nos dias de chuva, um bom filme,
suor, suspiros, e chocholate.
Tipo eternizando os minutinhos,
rindo da piada mais infantil,
e da vergonha, e da falta dela,
e da cama amassada se fazer parte.

De noite, quando se vai, e te digo cuidado.
quero dizer é não vai, quero dizer fica,
que a saudade já é latente, que essa é a hora,
de não ir mais, pois mesmo teu corpo sumindo,
tua alma se deixa nos meus olhos,
e vai aparecendo, se esfregando, permanecendo.

E no mais, namorar contigo,
olhando esses olhos grandes e vivos,
seria só um prazer a mais,
cheio de coisas pra contar,
cheios de não saber o que dizer,
cheio de só bastar olhar,
e não saber como agir, e ficar pasmo,
com tanta delicadeza em erupção,
bem-vinda dos teus carinhos.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Perfume

Entrei no ônibus e me derramei despreocupada em um dos bancos traseiros. Segui o ritual de sempre, fones de ouvido e livro em punho. Desta vez divertia-me com o humor suave de Fernando Sabino, tão sutil e espontâneo que deixei escapar uma risada sonora dentro do coletivo. Um outro passageiro sentou-se ao meu lado, um estudante talvez, e o perfume que usava perturbou minha concentração.

Era uma fragrância que me lembrava alguém, algum lugar, alguma época esquecida de minha vida. Fiquei durante todo o trajeto tentando lembrar em que lugar da minha memória aquele cheiro havia sido armazenado. Era um aroma forte, amadeirado, daqueles que dificilmente a gente esquece.

Talvez me lembrasse um antigo amor que, por algum motivo, eu gostaria de esquecer. Talvez fosse um grande amigo que eu não via há muito, aquele cheiro poderia perfeitamente lembrar um forte abraço, aquele abraço que somente os amigos sabem dar. Podia ser o perfume que alguém usou numa das festas de um dos congressos de estudantes, afinal esses congressos são sempre inesquecíveis, sempre deixam na gente uma nova história e sempre nos levam um pedaço.

Tentei sem sucesso entender porque aquele perfume perturbou tanto meus pensamentos, juro que tentei. Quem sabe ele não lembrava o cheiro de alguém que dormiu ao meu lado há um tempo, esses são os perfumes que mais permanecem na gente, o cheiro do corpo de quem amamos. Mas não é esse perfume, esse aroma eu lembro bem, ainda está em meu corpo. esvai-se aos poucos querendo sair... mas ainda consigo sentir.

Quem sabe esse cheiro tão instigante não é de alguém, algum lugar, algum tempo que ainda virá? E se assim for, a perturbação então dará lugar a uma doce saudade, algum dia...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Clara como a luz do sol.

Coisas da lua Quissá!
Das influências dela quem sabe,
nos acasos da vida a passar,
e o dia seguia, inebriante desde cedo,
grandioso a tardinha e enlouquecido de noite.
E são nessas noites de loucura,
que os mais antigos e infantis sentimentos,
os velhos,viram novos de novo,
no entanto renovados, firmes,
modificados, porém distorcidos
quase confusos, mas ainda claros,
como o sol,
seu sorriso,
pele, e olhar.

Stay in the light.

Se de fato o destino existe, se ele realmente é a soma desses inúmeros acasos, se com certeza tudo acontece por um motivo, eis que vejo agora com mais clareza.
Essa clareza cega, deixa tonta, enjoada, pois vendo o clarão, você já não sabe onde a estrada segue bonita, majestosa.
Uma palavra não dita, uma mensagem interrompida, uma carta desviada, uma noite cheia de planos mudados... O encontro com o acaso deixa você mais incrédulo com as certezas que teimamos em querer ter na vida. Se quiser ter uma certeza camarada, creia na incerteza dos seus planos, no desvio que as horas fazem, na rua interditada que lhe fez dobrar a esquerda, ao invés de seguir reto. Desconfie para se libertar. Olhe mais atento, cerre os olhos, abra a boca e respire.
Está tudo em movimento, pavimentando pra você andar.
Desconfie da cerveja, da roupa azul, dos olhos mais azuis ainda, do sorriso tímido, de um beijo à toa. Desconfie do frio na barriga que um desonhecido lhe fez sentir. Desconfie para então crêr.


- Não olhe para a luz, segure firme, fique comigo.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

miudinho.

[..]

Veio a vontade de cantar um bom samba, de começar a semana como um tocador cheior de amor...
Afinal, o que acontece no final não passa de uma chorosa trama, que na cama se desfaz.
Chegou domingo, e se fez diferente, majestoso; honrou cada minuto, não fez julgo da cortesã.
Nem mesmo amanheceu, o som das marchinhas tomaram minhas veias, fez delas avenidas, me colocou a dançar; me devolveu uma amiga, e fizemos mais vida das nossas, já perdidas, manhãs de amar...
Se a tarde chegou, eu nem sei; foi tudo tão junto, tão costurado, que naqueles rebolados embalados por samba enrredo, eu me preguei.
E o vendo naquele iluminar de sol, eu pensei não mais pensar; e se tem gênio ruim, é por quê bem deve dançar.

[...]

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Cena e carnaval

Não diria tantas coisas
Se dessas coisas algum absurdo
Talvez eu seja um pouco estúpido
Tantas coisas a se olhar.
Mas nesta cena alguém encena acena a cena de ser feliz.
E eu aqui, cá com isso.
Ora reboliço, o melhor que há.
Essa tua representação talvez seja real.
Na ritmia do carnaval o samba da alegria poderia ser o que se poderia gozar.
Mexe com as cadeiras pra lá.
Mexe com as cadeiras pra cá.
Mexe com meu juízo que eu te ensino a sambar.
Talvez fosse carnaval nossa vida, tanto samba, tanto bamba, tanto amor.
Até mais tarde.
Agora estou e sempre estarei neste mesmo lugar.
Não é por mim que eu tenho você.
É por você que eu tenho a mim.
Talvez se não fosse você eu não seria aquele sorriso que você sempre esperou.
Aquela doce ilusão que nos deixa louco e nosso vizinho também.
Mexe com as cadeiras pra lá.
Mexe com as cadeiras pra cá.
Mexe que o carnaval pode acabar.
Meu amor, agora entenda que nessa cena existe o grande final.
Devagar, deixamos a vida sem demora.
Deixamos saudades agora, e um tempo neste carnaval.
Um tempo sem dor.
Uma vida sem maldades,
E nenhuma palavra para explicar.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Último testemundo.

Há quem julgue a cortesã, e costure suas mentiras na fina pele do seu amor.;
Há quem julgue a cortesã, faça dela a vilã, mentirosa, fala vã...
Finge esquecer a cortesã ao amanhecer, aceitando seu botão de flor;
O sorriso rasgado que lhe dera a noite, pela manhã curou a dor...
A fumaça que envolvia a taberna, as mãos que percorriam suas pernas, encobriam sua face, cerravam seus olhos, tiravam-lhe a vida.
Talvez isso fazia dela a mais bela das artistas,
uma mulher que só fingia, atuava, e por serviço, gemia.
Ela teimava: botava o botão de flor em seu cabelo,
respirava fundo, e ia a taberna de novo se descabelar...
Mas ali, na mesa dos homens, há quem só visse suas coxas, seus seios, o seu corpo a rebolar;
ela esperava, porém, que a flor iluminasse, gritasse o seu apelo...
Mas à noite, na taberna, nem mesmo sendo poeta, se enxergaria uma margarida que não aguentava nem mais um beijo.

[...]

Margarida, amiga do cacto sem nome, que de poesia e compaixão, se juntou ao seu amigo: foi pra debaixo do chão.

Minha cortesã

Não venha com esse sorriso
Eu quero sentir minha dor
Não adianta esse reboliço
Sé já era o que era amor.

E esta sede no olhar
Compassivo e atrevido
Silhueta de amigo
Não adianta argumentar.

Pois eu sei que não és sincera
Lembro daqueles beijos de mentiras
Brincadeira, tão crua e severa
Me enganaste entre carícias.

Bela forma de mulher
Flor sem seiva ou mel
Com agrados de fel
Faceta de quem vier.

Eu não te darei mais meu amor
Nem o que restou do meu coração
Talvez um botão de flor
Uma fina esperança ou ilusão.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

póstuma.

O cacto poeta morreu,
e de uma morte subita.
Mas numa subida abrupta.
teve um encontro com Deus.

Cor de ferrugem.

Pulsa, lateja, espeta.
Assisto filmes, choro açúcar, como deles mais ainda.
Tento a distração: saio e danço, leio e durmo.
Virou tão costumeira, dor companheira,
que já nem me lembro de onde ela vem.
Virou tão parceira, tão amiga
que nem mais tento arrancá-la
de tão verdadeira que brinca.
É uma dor como outra qualquer
como a sua, como a da lua, que fica só
cercada de estrelas, sem o sol tocar.
É uma dor distraída, que de um pulo se alojou;
se maquiou bonita, fez desfile na avenida,
encheu de serpentina o meu coração.
Agora corroe o resto das alegorias que construi perdida
em meio multidões, em meio a carnavais.
Fez fantasias e me enfeitiçou
me deu muitas doses, me embebedou.
Quando dei por mim, essa dor, tão pequena dor,
possuiu mãos e olhos, boca e peito, leito e chão.
acabou com o óleo da maquinaria do meu coração.


[Essa dor que carrego no peito
não é mais segredo, não tem solução;
Essa dor que carrego no peito
que já nem sei, que não tem jeito
é falta de uso do meu coração]

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

...

Um filete de ilusão,
Quebradiço.
Um palco de desilusão,
Movediço.
Um balé atrapalhado, coreografado por uma falsa razão.
Moído, frágil e invicto.
Como seria perder,
Um filete de ilusão?
Iludido.
Como seria viver aborrecido?
Cético.
Por dentro frio e só.
Um filete de ilusão, muito fino.
Gotículas suspensas no ar.
Talvez o amor
Talvez amar, fino, sutilmente sem ar...
Minha frágil fantasia de ser feliz poderia resistir.
Já resistindo.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Ironia do destino?

Entrega-te então à qualquer prazer que tu queira,
Vai sem culpa! Sem perdão!
Se nem tu sabes que eu sou pra ti,
como eu saberei quem ser a ponto de imperdir alguma coisa,
senão, calar. Já diz muito.
E a porta bate no nosso carnaval,
que já nem és uma festa assim tão irreal.
Já é sem fantasia, sem mascara, e não tão informal.
Se não bebes desse vinho tão distinto,
que gosto sentirá na cachaça de rua?
O gosto de todas as coisas que são pr'a magoar,
por mais que não se bêba o ultimo gole,
aos poucos também embriaga.
E da dor, que fica, fica também a verdade contida.
Pra que se expor assim, se entregar assim,
Medo de amor é? Medo do amar é? Nunca. Amo todos os dias,
infinitamente e sem porquê. Só sei dá dor que já cultivei,
e o quanto ela me faz mal. Se o que queres, eu quero tão igual.
Já sei a dor que causei, e o quanto ela me fez mal.
Vai que num mal comun, de nós dois, a gente encontra o bem,
ou pelo menos, o que é melhor pra nós.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Da boca pra fora.

Sai mais fácil que alegria,
sai mais rude que poesia arracanda a força,
sai mais lenta e mais rapida,
que teus olhos quando olham para trás.
Saem assim de meus dedos, e boca,
todas as palavras malditas, afiadas,
que não te falei, naquela hora
em que meu olhar dizia tudo.

Os botões

Prefiro assim, meio calado,
meio de lado, menos exposto
tirando o time de campo,
meio que já pendurando as chuteiras.
Pra que dá o cara pra bater?
Se a gente já conhece a dor seca do tapa?
A ardência da pele vermelha,
o sangue subindo,
a raiva aumentando,
as palavras, mais secas ainda que o tapa, saindo,
uma a uma, ferindo, entrando.

Prefiro assim, cá com os meu botões,
que não são de flor, mas são meus,
os entendo, quase sempre, os conheço,
e reconheço como simples botões meus,
abastratos e seguros, dentro de mim.
No calor não tão aconhegante da minha alma fria.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

os N's do teu amor.

No teu rosto me vi chorando,
sôfrego de lágrimas, esvaído em sangue.
Nas tuas angústias,
afoguei minhas mágoas todas,
as de cristal, e diamante.

Do teu silêncio, me fiz refém,
do teu sorriso, capataz.
Dos teus olhos, inteiros,
fiz-me fiel, sem ser.

Nas tuas mordidas, vi paixão
desejo, e pecado.
Nos cabelos, pêlos, senti enredos.
Sem dedos, e sem mãos,
onde deslizam todos os teus amores eternos..

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Parada do mundo inabalável.

O mundo parou.
Caído em meus braços, pulsa à procura de alento.
O mundo se esvai; passa, gira imóvel.
O mundo foi assim em 1º de abril.
O mundo vasto mundo da esclerose.
Esquizofrênico, sôfrego, equimose.
Meu paciente mundo.
I! Mundo, sujo, civil e feio.
Foi talhado em pedaços metricamente recomendado para uma razão quase servil.
O mundo brama por liberdade.
Foi nesse sonho que ele se perdeu.
No maduro monstro estado sua natureza se rendeu.
Não meu mundo, talvez, o seu?
Eis que surge a virtualidade.
Sem corpo, sem mundo, sem pulso.
O mundo é sensitivo, “esquizo”, esquio... Plural.
Imagens de um velho mundo.
O que restou na memória daquele velho senhor.
O mundo para na velocidade absurda.
Nunca com tão rapidez ele havia ficado imóvel.
Talvez por ser tão rápido o movimento, temos a percepção dele estático.
Ele Caiu!
Alguém segura o Mundo!
- E eu?

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Puto



Como eu poderia dizer,
Se tu já disseste todas as palavras por mim.
Como eu poderia me calar,
Se ouvi de ti todos os silêncios.
Eufórica, jogas as palavras de amor,
Aquelas que com calma e carinho te dei.
Impetuosa, impiedosa, intolerável,
Gritas as dores que se sente só.
É como se fosse um diálogo mudo
E eu já surdo te ouço gritar.
- Puto! Seu filho de uma Puta,
Como tu podes fazer o que não se faz?
Sim, eu apenas te amei.
Foram esses teus gritos loucos
Essa tua insensatez que me fez passar.
Passei. Agora não estou mais.
Entretanto quero-te bem,
Eu quero que me deixe em paz.
Puto e só...

No aeroporto...

Havia prometido não chorar. Detestava despedidas, ainda mais aquela em que a família e os amigos estavam presentes. Na semana que precedeu a partida havia dedicado seu tempo livre a ele, queria aproveitar ao máximo sua companhia. Entrou no carro já aos prantos, desta vez não conseguiu manter a promessa. Olhava para os outros que o acompanhavam, eram rostos chorosos, pares de olhos vermelhos.

O amigo de todas as horas, jamais o abandonara durante anos de amizade, chorava discretamente enquanto dirigia. A melhor amiga, dos tempos de colégio, mantinha-se forte e evitava transparecer a tristeza que certamente sentia. Os irmãos estavam tristes mas otimistas de que a ausência seria breve e em pouco tempo estariam todos novamente reunidos no aeroporto para esperá-lo. O pai, o Guerreiro como era chamado pelo filho, não aprovava a idéia de uma distância prolongada mas, apesar de tudo, apoiava o filho que sempre fora tão dedicado. A mãe numa tristeza silenciosa, sabia que o filho levaria um pedaço do coração materno consigo.

Ela observava com carinho a dor dos demais. Apesar de intenso e sentido seu pranto era um tanto diferente. Saudade sim, muita saudade, mas o que mais lhe doía era não poder amá-lo da maneira que ele merecia. Era um homem que muitas mulheres procuram; íntegro, engraçado, gentil, carinhoso, romântico, compreensivo e intensamente apaixonado. Durante algum tempo não soube responder o porquê de não corresponder. Há pouco tempo descobriu que amava tanto sua liberdade que não suportava a idéia de perdê-la.

Com poucas pessoas conseguia sentir-se tão bem como quando estava com ele, sentia-se protegida e amada. Chorava com tanta intensidade que seu corpo estava cansado, os olhos ardiam, soluçava freneticamente. Doía-lhe o peito mas sabia que era preciso afastar-se, talvez com a distância ele pudesse esquecer esse amor. Doía-lhe tudo, não achava justa a vida, não era certo amar pessoas que sequer lhe tinham respeito e não poder amar a pessoa que faria qualquer coisa para lhe fazer feliz.

Saiu do aeroporto depois de ver o avião decolar, acende um cigarro e segue em frente, sabendo que não importa o quanto é amada, sua sina é amar silenciosamente, deixar longe as pessoas que a amam para que elas sejam felizes. Ela não gosta da solidão mas que jeito né? Ela segue só porque é assim que tem que ser...

domingo, 25 de janeiro de 2009

Vãos.

Saudade já passou
com o tempo me levou
De ti nada mais resta
e o meu peito só contesta
Reivindica a tua presença
não aguenta a tua ausência

De ti nada ficou
Até minha voz você levou
Foste embora de repente
como quem nada mais sente
como quem nunca sentiu...

Hoje em dia a bebida me acompanha
o cigarro é minha rotina
e há também quem diga
que eu estou morrendo aos poucos
me acabando aos goles
me esvaindo aos tragos...
Mas que bobagem essa gente anda falando?

Há muito já morri...
Só agora me enterrando no copos em que te vi,
no corpos que te senti,
nas noites que te perdi.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Entitule-se só.

Um samba de Tom,
meio que sem tom,
só me faz lembrar,
que você é mar,
que eu não sei rimar,
que sorrir é só,
não se sentir só!

Que um poema de Drummond,
um vôo de dumont,
a mim me desmonta todo,
a mim que não vôo,
que nem sou poeta.

E por fim, a mim que sou rouco,
que canto, mas que canto pouco,
me resta não só o consolo,
me resta bem mais que a alegria,
de saber que apesar da boemia,
nada é deixado pra traz,
e nada é tão eficaz,
que um sorriso teu,
pra tornar esse pobre rei,
o mais rico plebeu.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Marasmiando

Um sopro no ouvido
Um uivo contido
Uma sede
Um calor.
É noite
É verão
Chuva quente
Pés no chão
Águas nas mãos
Um desejo e suor.
Corpo imerso na carne
Ferida leve
Ferida suave
Sem dor
Nem prazer
Um homem
Um sexo
Insônia
Você.

De carnaval.

Ah sim! Como eu te quis naquela hora,
depois nem tanto, antes talvez!
Mas àquela hora, eu quis tanto que nem sei,
como eu não quisera outra coisa na vida,
e quis, e continuava querendo,
sem entender bem porque.

As marchinhas estavam animadas àquela altura,
os palhaços já eram bêbados todos, no salão.
Feito pierrots, as bailarinas todas, rodavam,
feito columbinas, concubinas, nem sei
tanto que rodavam. E eu? Querendo.

Acho que nem me vias, sorrias muito
lançava todos os perfumes ao dançar,
daí, te quis tanto, que me veio aproximar,
rodando, sem-querer, e virou,
de serpente, serpentina, de repente,
como um repente, improvisado,
desavisado, meu grande amor.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Uma curta!

Já é carnaval no meu ano,
meu rumo já são as ruas,
cheias de latas e gentes,
gastas de tantas saudades,
e cheias de possíveis novos amores,
que só um novo carnaval pode trazer.

Uma saudade qualquer.

Relaxa, e vê se aguenta,
é só saudade sem tema.
Não tema! Não trema!
É a só sorte,
de quem pode tê-la.
Porque de quando em vez,
quando ela vem,
sem aviso prévio,
sem data marcada,
ou mesmo de vez,
em quando, enquanto
ela volta,
na hora certa,
do dia errado,
a vida respira, reage
e renasce, aliviada.

domingo, 11 de janeiro de 2009

De longe e 1h mais tarde.

[...] Sentada no batente da casinha de terra batida, eu tomo um café bem forte e fumo um cigarro de palha. Vejo guto correr pra lá e pra cá, solto, livre, todo sujo de lama e com um sorriso cansado no rosto, de quem brincou o dia inteiro e tá na hora de tomar banho, o gagau e dormir rodeado pelos mosquitos.
Ainda é dia, o sol tá baixando... Por detrás dos montes, se formam cores que eu nunca imaginaria existir. Eu fumo mais um pouco, tomo mais um gole, sorrio pro Guto que olha pra mim e também sorri. Penso por que toda criança não pode crescer daquela forma: livre.
Eu me levanto e vou chamar os outros dois meninos, que estão caçando passarinhos com seus estilingues. Tá na hora de tomar banho pra jantar. Ainda é dia, mas o relógio diz o contrário... Tá na hora de jantar.
Apago o cigarro, corro atrás deles, por que qualquer coisa é motivo de brincar... Corro, e eles correm em direção ao chuveiro.

Enquanto eles tomam banho, eu fumo outro cigarro - dessa vez um dos meus carltons.
Me vem um gosto ruim na boca, que ainda perdura, e que tento descobrir o que é...

No corpo inteiro vem uma dor, mas essa eu sei que é de saudade.
Besourinho, besourinho...
samba samba samba!

[...]


Diário de vivências.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Bons encontros, um bom amor.


Se não me engano, era a terceira noite do ano. Ou o quarto dia. O que importa é que estávamos todos à beira da piscina, recém conhecidos, conhecidos e curiosos querendo saber o quê estaria por vir. Ou mesmo, não nos encontrávamos mais em um meio físico, pairávamos interligados e estávamos lá por puro prazer, por sentir algo bom. Éramos tecidos de sensibilidades. Nossos olhos se encontravam à procura de uma reciprocidade curiosa, um aconchego fraternal. Na verdade, chegávamos a um ponto extasiante no qual a figura do outro se tornava um elo de uma rede de nós mesmos. Todas aquelas palavras, olhares, gestos jogados saiam do patamar do desconforto para o da sublimação. Estávamos interligados. O eu e o outro se fundiam no social. Naquele momento, éramos de uma mesma essência múltipla dissonante daqueles que não se encontravam ali: à beira da piscina, banhados pelo sol. Agora, imagino como tudo se tornou bom, um bom encontro.

_
A questão é que toda uma discussão, uma análise, um diálogo perpassava a figura do desejo. Vimos a noite cair, dançar inebriada pelos corpos. Corpos cansados, vibrantes, jogados ao chão. “Vocês são dadinhos.”. Falava a Bailarina sem sal. A questão é que todos que resistiram até aquela manhã jogaram. E do jogo à teia das relações, firmava-se algo transcendente. Maravilhoso. Por instantes estávamos viciados em nós mesmos. Uns, talvez, se perguntavam como chegaram a tal ponto. Como sair então? A noite foi agradável, e se prolongava além do dia, das horas.

_
Você chegou, no momento em que coloquei meus pés no chão. Estávamos lá com a noite incompleta. Sentíamos o que não se conseguia dizer, o que não se podia, as teias que não ligavam. Eu podia sentir um pouco a angústia por outros momentos, que nascia aos poucos em cada abstração. Deixávamos algo inaudito, embora perceptível. O sol coroava aquela noite com sua luz e com o dia. A noite resistia em não terminar. Você estava ali em meio a tudo, até sair todos. Era como se você ajudasse o dia a transformar, a estender aquela rede de relações. Restaríamos então só nós dois. Pairávamos, procurando um ao outro, despertando, ambos, para outro dia. Eu vinha do jogo, você retornava do sono. Ainda à procura; estávamos próximos. “Não desista meu bem, alcance as pontas de meus dedos.”. Dançávamos dentro dessa nova configuração: enquanto nós procurarmos, vamos nos amar.
_
Eu gosto de senti-la perto de mim. Você era o elo mais forte da rede, mesmo quando não estava presente. Ainda é meu conforto e prazer. Foi então que percebi que aquela noite, aquele dia e o ano que passou foi presente seu. Naqueles dias, você era meu ponto de partida e minha chegada. E todas as teias que traçasse me levariam a você. Eu me distraia com os bons encontros, evitava os maus. Eu lhe desejava em todos os percursos. Em todos os desenhos, em todos os quadros, em todas as vidas. Eu a encontrava. Isso acontecia porque nos procurávamos. Qual era o meu desejo senão você. Uma boa vida, um bom encontro. Um bom amor.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Pode ir...


Que o tempo deixe passar:
Os sabores que eu não senti
As magoas que criei
Os desamores que sonhei
Os vícios que não curti.
Eu sei que não posso amar:
Os silêncios que não ouvi
As palavras que não falei
Os anseios que não tive
O desejo que não segui.
Ainda, sei que posso ir.
Do choro que tu zombaste
Há lágrimas de rir.
Longe de ti, em algum lugar, eu devo ficar
Mas não doe, não.
Tenho que vagar
Tanto que parti de um lugar que nunca estive.
Saiba bem que, na lucidez do amor, "você" sempre esteve aqui.
Mas sei que não vi.
Sei o quê doeu
Sei o quê senti; naquela, gota, pura falta de amor
O amor de ti imaginar feliz.
--------
Que o tempo deixe passar,
Suave e calmo como o suor:
Os sabores que eu senti
As magoas que perdi
Os amores que sonhei
Os vícios que criei.
Eu sei que posso amar:
Os silêncios que ouvi
As palavras que falei
Os anseios que deixei
O desejo que reprimi.
Ainda, sei que posso ficar.
Do choro que tu zombaste
Por outros tantos eu sorri.
Perto de ti, em algum lugar, eu te afeto
Não doe, não, tenho que sangrar
Eu te afeto e já estou em ti
Sei do teu amor.
Eu te liberto.
Eu me faço amar
Naquela, gota, pura de suor
O corpo a transpirar, no ar.
Fluir... Disperso.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Brincando de rimar...

Não se deixe enganar pela meiguice de meu sorriso. Em lugar de pranto encontrará o riso. É que eu minto bem e minto pra você também meu bem. Não seja tolo de pensar que nada sei do que se passa em sua mente, eu bem sei que você também mente pra mim. Sou uma atriz e meu palco é qualquer lugar. Quando olhar o brilho em meus olhos não pense que é amor contido, é o fogo da cólera que jamais saberá do motivo.

Eu interpreto com altivez o papel que me deu, nem sabe o quanto posso fingir. Não esqueça meu bem, eu também sei mentir. Infelizmente quando voltar sorrindo aos meus braços não terá solícito o abraço, apenas um leve ruflar de asas a lhe acolher na chegada. Asas de quem vai partir, afinal você também soube mentir. Não queira que, como as outras tantas, eu desespere ao seu encalço. Nem toda fita, amor, perdura o laço.

Se não souber a razão de minha indiferença não importa, já não lhe tenho aberta a porta. E se por algum acaso rememorar velhos tempos, não me venha com querela. Já não pertence a mim seu choro, suas queixas são menos que pingo de vela. Tem muito o que aprender ainda menino, a estrada é longa, mas ensina a encontrar um destino. Eu cá, sigo em minha tortuosa retidão. Esperando um dia em que o mar vire sertão.

Das dunas fiz um porto.

Diante de ti tremo e tenho tudo e remo tanto  para não falar que minha rima fraca e cansada de repouso e  de descanço de um trabalhador da p...