Saudade é pouco...
Com uma sutileza comovente ela chegava, como quem não quer nada conseguia tudo que desejasse. Bastava abrir aquele sorriso largo e franco e afastava pra longe toda a energia ruim. Seus projetos repercutiam com força entre alunos e professores. Respeitada, amada, querida. O amigos tem inúmeras histórias engraçadas pra contar, não existe quem a conheça que não guarde dela uma doce lembrança. Não é fácil ter que conjugar o verbo no passado.
A vida não é justa conosco mas com a Nádia foi muito cruel. Não consigo conceber a ideia de que alguém tão doce pode morrer de uma forma tão brutal e estúpida. Aliás, morrer não, quem é amado como a Nádia não morre, ela apenas está num lugar à altura do era pra gente, um ser de luz. E eu sei que ela viajou contra a vontade. Eu sempre a verei como da última vez que nos falamos, ela, como de costume, atarefada com os preparativos da festa de encerramento do semestre, rindo por trás dos óculos, com seus lindos olhos e o sorriso contagiante. Eu a verei dando aula pra gente, brilhante, correndo de um lado pra outro na Semana de História, cuidando pra que nada desse errado, eu a verei com apito pendurado no pescoço, cronometrando a partida, marcando faltas entre uma conversa e outra, sempre rodeada de amigos e professores. Eu sempre a verei de braços dados com seu grande amor, com sua metade.
Ainda custo a acreditar no que aconteceu. Todo dia eu ouvia o jornal anunciar uma morte por bala perdida, eu ouvia todo dia. Nunca imaginei que uma bala dessas fosse nos achar, nunca pensei que pudesse nos atingir desse jeito. Somos nós, educadores, pacifistas, mediadores, otimistas e sonhadores, que tentamos todos os dias acabar com a violência, extinguir a brutalidade, apagar a ignorância. O que nós vivemos essa semana vai ficar pra sempre marcado em nossas mentes. Nos corredores da UECE, no Centro Acadêmico, na quadra do racha, nos auditórios, nas salas de aula e naquela avenida.
Nenhum de nós vai esquecer esses longos dias que pareceram séculos. Corredor de hospital, UTI, Reitoria lotada, choro, canto, flores e por fim o cheiro da terra molhada de chuva e pranto. Luto. Nenhum de nós vai permitir que eles esqueçam. Nós vamos gritar, vamos lutar, vamos dar continuidade a cada sonho seu, cada projeto. Nós vamos atrás de justiça, mas uma justiça limpa, correta, digna, assim como você Nádia, uma justiça íntegra. E cada vez que eu cantar será por você também.
“Qualquer dia amigo eu volto a te encontrar, qualquer dia amigo a gente vai se encontrar.”
Comentários
Às vezes penso que é mentira, de tão vivo que é o seu sorriso em minha memória.
mas esteja em paz.
ainda mais p quem falou c ela poucas horas antes de tudo, e na hora em q estava voltando p casa escutar a mesma melodia e lembrar dela, sem saber oq aconteceria momentos depois..