Sa jeunesse
Acordei com o sol na minha cara, olhei o relógio, oito e meia da manhã. Apesar de ser muito cedo, pra quem acorda sempre depois das dez, levantei. Fui até a janela degustar o cigarro, sentindo o calor penetrar na pele me surpreendi feliz numa manhã de sol. Enquanto observava a fumaça desaparecer, minha cabeça reproduzia a música de Charles Aznavour, Sa Jeunesse. Essa música me lembra Joana e tudo que já conversamos sobre a vida, todos nós deveríamos ouvi-la, tanto Joana como a música.
Acordei bem melhor, já pensando em botar a cara no mundo, sair do inferno astral que eu mesma criei. Ela tem razão, como sempre, quando diz que as coisas não são tão ruins assim, o diabo não é tão feio como pintam. Hoje eu acordei com a consciência de que não posso me punir por ser quem sou, mesmo que pra isso tenha que pagar um preço alto.
Ainda não me acostumei por completo a ser assim, livre, e por isso peco vezes por excesso, outras por omissão. O que não posso é continuar unindo liberdade e transgressão, não quando as duas juntas causam dor a alguém e se causarem que esse alguém seja eu. Eu estou mais do que familiarizada com meus fantasmas e com ele me entendo muito bem.
Sei de minhas limitações, conheço meus pontos fracos, se às vezes insisto, entendam, é por saber que a vida é curta, é porque descobri que é efêmero esse nosso viver.
Comentários
Existe toda dor e prazer no mundo,
Sensações variadas. Só nos resta saber o quanto, da sublimação ao poço da nossa culpabilidade, o corpo pode suportar.