No aeroporto...
Havia prometido não chorar. Detestava despedidas, ainda mais aquela em que a família e os amigos estavam presentes. Na semana que precedeu a partida havia dedicado seu tempo livre a ele, queria aproveitar ao máximo sua companhia. Entrou no carro já aos prantos, desta vez não conseguiu manter a promessa. Olhava para os outros que o acompanhavam, eram rostos chorosos, pares de olhos vermelhos.
O amigo de todas as horas, jamais o abandonara durante anos de amizade, chorava discretamente enquanto dirigia. A melhor amiga, dos tempos de colégio, mantinha-se forte e evitava transparecer a tristeza que certamente sentia. Os irmãos estavam tristes mas otimistas de que a ausência seria breve e em pouco tempo estariam todos novamente reunidos no aeroporto para esperá-lo. O pai, o Guerreiro como era chamado pelo filho, não aprovava a idéia de uma distância prolongada mas, apesar de tudo, apoiava o filho que sempre fora tão dedicado. A mãe numa tristeza silenciosa, sabia que o filho levaria um pedaço do coração materno consigo.
Ela observava com carinho a dor dos demais. Apesar de intenso e sentido seu pranto era um tanto diferente. Saudade sim, muita saudade, mas o que mais lhe doía era não poder amá-lo da maneira que ele merecia. Era um homem que muitas mulheres procuram; íntegro, engraçado, gentil, carinhoso, romântico, compreensivo e intensamente apaixonado. Durante algum tempo não soube responder o porquê de não corresponder. Há pouco tempo descobriu que amava tanto sua liberdade que não suportava a idéia de perdê-la.
Com poucas pessoas conseguia sentir-se tão bem como quando estava com ele, sentia-se protegida e amada. Chorava com tanta intensidade que seu corpo estava cansado, os olhos ardiam, soluçava freneticamente. Doía-lhe o peito mas sabia que era preciso afastar-se, talvez com a distância ele pudesse esquecer esse amor. Doía-lhe tudo, não achava justa a vida, não era certo amar pessoas que sequer lhe tinham respeito e não poder amar a pessoa que faria qualquer coisa para lhe fazer feliz.
Saiu do aeroporto depois de ver o avião decolar, acende um cigarro e segue em frente, sabendo que não importa o quanto é amada, sua sina é amar silenciosamente, deixar longe as pessoas que a amam para que elas sejam felizes. Ela não gosta da solidão mas que jeito né? Ela segue só porque é assim que tem que ser...
Comentários
tão pessoal!
Confuso e sem você por aqui.
Assim eu sonhei
Mas isso eu não quis.
Que diferença? o dia se fez
Assim."
Sinto-me um simples sujeito, sujeito a não mais amar...