Se a gente calar
se não me for permitido falar
o que será dessa minha alma
já corroída, sem saída, perdida
nessa estrada torta da nossa relação?
Não calo.
Sei que nosso trem já parou em uma estação
e você desceu sem olhar pra trás
seguindo com devoção um novo caminho
justamente por que calei
por que deixei passar,
esperando a proxima parada.
Não calo.
O meu querer-te grita
me agita as entranhas
me embrulha o estômago
e no âmago do meu desejo
me desespero pra mostrar, pra provar
o que tu continua dizendo que não.
Não calo.
Se calasse, poderias dizer que são só escritos
só idealizações, um jeito distorcido de amar.
Não calo, por que não posso dar-te a razão
de deixar-me aqui.
Se calasse, estarias comprovando
o que eu teimo em dizer que não
o que não quero admitir.
Não calo.
As estações podem ir e vim
e eu continuar a descer em todas,
mas se um dia eu descer na tua,
na que me deixastes sozinha,
eu de novo falarei, direi em alto e bom som: Não calo.
Pode virar e de novo me deixar.
Não calo.
Você vai, mas saberás.
As estações podem ir e vim, mas não se pode calar.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
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Um comentário:
afasta de mim esse cale-se!
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