Reencontro...

Eu estava novamente naquele bar, rememorava uma noite sombria, um pouco fria. Essas noites que só uma paixão ou uma forte bebida poderia esquentar. O que teria aquele dia e esse bar de extraordinário – um bar sujo com boa música e gente interessante são poucos.
È, aquela era uma dessas noites que se sai de casa à procura de algo, algo que não sabemos o que é, algo que modifique nosso dia, algo inusitado que também pode não acontecer. O que poderíamos perder se não acontecesse? Eu estava lá com meus olhos atentos, olhos que iam além daquelas conversas bobas de quem não tem nada a dizer, somente a necessidade de se comunicar e achar algo para se divertir, nem que esse algo fosse o seu interlocutor. Conversas bobas são boas para potencializarmos o tempo que se arrasta. Mas eu buscava o novo. Por isso sai e fiquei sentado do lado de fora do bar. Vendo quem passava, uns arrastados outros arrastando, pessoas eufóricas querendo aparecer para o mundo. Amigos furtivos de copo de cruz, de outras farras a fio, de um encontro qualquer. Foi quando a vi caminhar como uma dançarina ferida, cambaleando com um litro em umas das mãos e na outra os sapatos vermelhos. Assim sem direção sem rumo, como se andasse para esquecer, andasse para fugir, como se estivesse entalada pelo grito. Mas ao mesmo tempo observando a realidade, a procura de um olhar, de um sorriso, de um rosto amigo; alguém que pudesse lhe confortar.

Eu encontrava a lembrança naquele bar, a lembrança e outro trago de vodca. Hoje, sou eu que grito um grito mudo de quem precisa achar alguém e não se sabe quem é.
Talvez, eu não queira encontrá-la, como reagiria se descobrisse que minha idealização era real e que sua beleza de tão pura, de tão linda, pudesse ser postiça? Mas eu a encontrei em passos firmes, com um ar altivo. Eu a olhei de longe, fitando-a como se fosse alguém esperando reconhecimento. Já era maio e eu não tinha esquecido nosso encontro. Sim, eu esquecia e lembrava que esquecia. Ela me olhou, evitou, tornou a olhar:
“Eu te conheço de algum lugar?”. Perguntou.
“Talvez.” Respondi
“Não, Sérioo.” Com encanto quase infantil.
“Da vida, nos encontramos nesse bar.”
“Não acredito, obrigada!, eu sinto um pouco de vergonha agora.”...


Artur Furtado

Comentários

Pétrig disse…
quem é mesmo essa pessoa, ronaldinho,
Artur Furtado?
REAVF disse…
È aprediz de contista...

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