Nada me espera neste lugar
Em casa tenho filhos e mulher
Seria minha casa o lugar de descanso,
Um fim de semana sem trabalho qualquer?
E seu pudesse ficar por aqui?
Ah, se eu não precisasse me locomover.
Não passaria horas suando colado
meu corpo em quem nunca vou ver.
Não teria mais aquele encontro casual
No meio dessa multidão docilizada,
Eu não veria o pôr do sol do viaduto ao sair do terminal.
Ah trabalho, se não fosses tão distante
Diminuiria minha carga delirante
Do tempo que não posso perder.
Eu tenho pressa nesta cidade.
Não há mais tempo.
A cidade corre, a cidade muda e a carga fica cada vez maior.
Ah, se eu pudesse eu mudaria pra mais perto.
Hoje, já não sei qual é o meu lugar
Fim de semana sair já não quero
Filhos vão à praia,
Eu fico a descançar...
O que eles pensam
Como eles andam
Eu os desconheço,
Mas os vejo passar.
Talvez o momento mais feliz seja quando consigo sentar à janela, vento ao rosto, quando eu não durmo e passo a pensar: enfim, estou quieto, sem ninguém a me empurrar.
Ronaldo Furtado
domingo, 2 de novembro de 2008
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4 comentários:
A cidade corre, a cidade muda e a carga fica cada vez maior.
Chico Science já dizia algo sobre isso, poeta. buonissima.
...dias passam como nuvens (em brancas nuvens..) eu não vou passar..
mas a vista do por do sol de cima do viaduto da mister hull é mto linda... a cidade por alguns instantes fica vermelha...
Melhor hora do dia, logo após ao trabalho, no caminho da UECE..
hehe
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