Fogaréu de Encantamentos
“A paixão é um mar/ Parabólica/ Dilatada/ Estrada que dói/ Encanto de flor/ Labirinto/ Espera de redes/ Parece toda raiz/ Só raiz/ Quando não canta o trovão...”
Transfiguração – Lirinha – Cordel do Fogo Encantado
Com um ar atoleimado, bestificado, contemplo o espetáculo. Bebo absorta cada gota do mel de versos que rebenta de teus lábios, em meu corpo escorre o suor da tua lira. Por entre o jogo de luzes todos avistam os trejeitos excêntricos da tua dança, teus movimentos tresloucados, teu corpo a serpentear pelo palco iluminado. A garganta rasgando as canções vibráteis, deixo a força dos batuques percorrer cada pedaço da carne ferida, num jogo de rimas indóceis, opostas. Tudo a um só tempo, calmaria e turbulência, fogo e água, terra e chuva, vida e morte.
No sorriso inebriante do palhaço, totalmente entregue ao rito musical, giram numa mesma roda o sertão e o mar, misturando arte, história e vida. A multidão do teatro a celebrar a poesia do louco de Deus. Uma poesia sincrética, como se ali coubessem, lado a lado, santos, orixás, profetas, soldados, sertanejos e bailarinas. Profecias escritas em pedras, penduradas nas ondas do rádio ou mesmo o sânscrito num valete de paus do baralho de uma louca, tudo vira arte, tudo nasce perante os olhos incrédulos.
A voracidade do teu canto, como se tivessem-no arrancado das profundezas da terra, a energia dos batuques desvairados, a irradiação das cordas alucinadas, a aclamação da platéia arrebatada, uma encenação única, excepcional. E que digam os outros que enlouqueci pois é verdade, a música tem esse poder, principalmente aquela feita pela alma em brasa. O tempo, a saudade, o amor, a favela, o povo, o circo, a seca, a chuva, a terra, o homem e a mulher, todos queimam nas barbas do profeta, no Cordel do Fogo Encantado. E enquanto isso, lá fora, uma lua enormemente branca transfigura um céu negro através da fumaça do cigarro.
Transfiguração – Lirinha – Cordel do Fogo Encantado
Com um ar atoleimado, bestificado, contemplo o espetáculo. Bebo absorta cada gota do mel de versos que rebenta de teus lábios, em meu corpo escorre o suor da tua lira. Por entre o jogo de luzes todos avistam os trejeitos excêntricos da tua dança, teus movimentos tresloucados, teu corpo a serpentear pelo palco iluminado. A garganta rasgando as canções vibráteis, deixo a força dos batuques percorrer cada pedaço da carne ferida, num jogo de rimas indóceis, opostas. Tudo a um só tempo, calmaria e turbulência, fogo e água, terra e chuva, vida e morte.
No sorriso inebriante do palhaço, totalmente entregue ao rito musical, giram numa mesma roda o sertão e o mar, misturando arte, história e vida. A multidão do teatro a celebrar a poesia do louco de Deus. Uma poesia sincrética, como se ali coubessem, lado a lado, santos, orixás, profetas, soldados, sertanejos e bailarinas. Profecias escritas em pedras, penduradas nas ondas do rádio ou mesmo o sânscrito num valete de paus do baralho de uma louca, tudo vira arte, tudo nasce perante os olhos incrédulos.
A voracidade do teu canto, como se tivessem-no arrancado das profundezas da terra, a energia dos batuques desvairados, a irradiação das cordas alucinadas, a aclamação da platéia arrebatada, uma encenação única, excepcional. E que digam os outros que enlouqueci pois é verdade, a música tem esse poder, principalmente aquela feita pela alma em brasa. O tempo, a saudade, o amor, a favela, o povo, o circo, a seca, a chuva, a terra, o homem e a mulher, todos queimam nas barbas do profeta, no Cordel do Fogo Encantado. E enquanto isso, lá fora, uma lua enormemente branca transfigura um céu negro através da fumaça do cigarro.
Comentários