Sei cantar tristezas sem fim,
Mas gosto mesmo é transformá-las capim,
Em perfume e em jasmim. Fazer isso? Sei sim,
Que nem feitiço, as deixo alegre,
Num piscar de olhos, ponho saudade dela nelas,
Desconsidero as lágrimas, e as canto amor.
Sei cantar tristezas sem fim,
Mas gosto mesmo é transformá-las em mar,
No sol e na areia. Fazer isso? Sem sim,
Numa correnteza fatal, as deixo luar,
Numa onda oportuna, jogo paixão dela nelas,
E as vejo sereia, e as canto paixão.
Não sei, porém, é dela esquecer,
Nem na alegria, nem no cheiro do jasmim,
Ela foge tão fácil de mim,
Nem na rima simples, qualquer,
nem em naufrágio nenhum,
nem as marcas que ela deixou,
Torno-me de fato um comum,
Desapegado aos amores impossíveis,
Indiferente às loucuras do coração,
E mesmo que nenhum feitiço me alerte,
nem uma lágrima me cante,
Nenhuma saudade me espante,
E nem uma onda me acerte.
Desfaço-me do seu amor, e paixão,
Confesso, Sou dela então,
entretanto, é posto,
que loucura alguma, mais bela que seja tal,
me afasta do bem que me posso fazer,
E sei da morte da solidão,
todo dia me renascer.
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5 comentários:
Amantes crônicos e ciclicos somos todos nós?
talvez!
"Num delírio de arquivística
organizei a memória em alfabetos
(...)
no entanto flanco aberto não esqueço
e amo em ti os outros rostos"
somos todos cíclicos!!!e tristes e felizes...
e amo em ti os outros rostos"
adorei isso, é tipo: "em outras bocas não consigo te esquecer".
Bellíssimo Pedrinho...
Muito aconchegante!
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