sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Ontem a noite.

A poesia mais viva, na verdade sai da alma,
escorre no peito, desliza apelos nos braços,
encanta-se servente às mãos, e enfeita o papel,
se revirando paixão.
Dá paixão do poeta então? Que dizer?
É silêncio, é de noite,
calor, suor, gemido senão,
e ficas cravada em mim feito punhal,
sabre sem ponta, cego
que lentamente retirando-se,
esvai-se em prazer,
desmancha-se em gozo e vira poesia.

Pelas mesmas mãos 
e pelos mesmos braços,
todo sangue derramado é em vão.

Que fica mesmo é teu retrato,
tua saudade,
nosso tesão,
milhares de beijos,
cigarros, copo d'água, mais uma então.

E vai amanhecendo devagar, 
e lentamente clareando,
sucumbindo a noite de luz,
o cansaço.
E o descaso ao despertar,
e o lençol no chão,
tuas roupas, teus seios às claras,
minha mão aconchego.

Desfecho seu beijo, gosto de pasta
sol ofuscando o elevador,
porta da rua e a rua.
E a cidade, mais nua que nós, 
viva que nem a poesia,
mas toda alheia à noite de amor.

3 comentários:

REAVF disse...

Vem das entranhas as poesias mais delirantes

be disse...

samba e amor.

Luana Pontes disse...

Uau!

Das dunas fiz um porto.

Diante de ti tremo e tenho tudo e remo tanto  para não falar que minha rima fraca e cansada de repouso e  de descanço de um trabalhador da p...