sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Eu sou você amanhã: o cheiro carnal.

[...] E eu me lembro de como era o cheiro do sexo.
Há tempos não tenho mais, não extraio de ninguém...
Minha idade já passou. Mas lembro, lembro do cheiro. Mamãe me olhava de cara feia quando chegava em casa de manhã, com aquele cheiro forte que impregna a gente... Aquela mistura de suor, saliva, de vida derramada por entre as pernas. Eu me lembro de, entre susurros e unhas, sentir o caminho que o suor fazia, saindo do rosto deles, encontrando o canto da minha boca, jogando nela aquele gosto salgado de cansaço e satisfação. O cheiro que preenchia todo o quarto, toda a varanda, toda a praia... O cheiro que aumentava logo depois que minhas pernas começavam a tremer; que aumentava logo depois que eles pulsavam ritmicamente.
O cheiro que perfumava a malemolência que se seguia, que penetrava nossas roupas, que impregnava nossos cabelos, que se escondia em cada pormenor do nosso corpo. Ah, aquele cheiro me hipnotizava, e quando eu ia dormir, colava meu braço bem perto do rosto, jogava o cabelo pra frente, tentava sugar o cheiro para dormir mais satisfeita. Quando acordava, ele já havia sumido...
Ele sumiu de mim há muito tempo, já.
Mas à qualquer vacilo de alguém, na rua, nesses cantos escondidos de esquina, me fazem farejar rápido, lembrando do misto de aromas. Eu as vezes sinto, sim, ao passar do segundo andar, ao entrar em um banheiro público...
O sexo pode já ter me deixado há algum tempo, mas a luxúria é eterna...
E ela, eu sinto de longe.


Memórias de Sabina.

Um comentário:

Pétrig disse...

sabina safadinha.. :P

AMOrei.

Das dunas fiz um porto.

Diante de ti tremo e tenho tudo e remo tanto  para não falar que minha rima fraca e cansada de repouso e  de descanço de um trabalhador da p...