Produzir.

há mais mentira lá fora,
do que incertezas aqui dentro,
do silêncio, das coisas e das ressacas,
da poesia estranha e timida,
sentida a poucos, olhada por uns,
venerada por outros,
que o poeta não sabe o desfecho,
nem mesmo o começo ele sabe,
ele escreve apenas,
e vê na sua crença,
algo belo que vai nascer,
ou virar cinza e pó,
e cair nas lástimas impiedosas do esquecimento.

A poesia fraca, sem rima,
ganha tanta força quando anima,
quando cala, esquece,
quando entristece,
a mim pois, é assim,
via de regra,
não precisa ser bela,
nem feia, nem métrica,
nem alheia,
precisa entristecer,
fazer chorar,
fazer lembrar,
e nunca fazer dormir.
Necessita fazer sorrir,
fazer sentido,
fazer valer a pena,
a pena que traz na mão,
e na dança das palavras,
tirar pra dançar os sentimentos mais ofuscados,
nos cantos mais obscuros da alma triste
do poeta chato.

Comentários

be disse…
poeta chato, poeta amado.
Unknown disse…
mto delicado... mto lindo...
=~
REAVF disse…
cara, tua poesia me fez sorrir..
;]
uma fina sensação
Anônimo disse…
as inexplicáveis e poderosas palavras são como flechas...atingem...atingem...
Patrícia disse…
E viva a desmaterialização da ordem tediosa! Lindo Pedro penseiro!

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