terça-feira, 11 de agosto de 2020

Amor, palavras duras.


Bem cedo asseio e soberba.

Entre nós, um descanso.

Sois ruim, bravo e egoísta.

És sol, manha e passear.

Parto e fumo meu triste tabaco.

Subo escadas, vou sorrindo ver minha mãe.

Antes porém, penso no abafo da brigada

e calo mudo p'ra ti.

 

Só não rima minha dor inusitada,

porque toda noite nossos corpos se atraem.

E ao acordar cativo, de manha

meu sonho fez-se melhor que o despertar.

E incomensuravelmente, adormeço do teu amor.

P’ra n'outro dia, de algum modo, despertar.

E a cada soluço que ofereço, penso ser um beijo que virá. 

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Chico

A morte é um pai para a vida.
Ensina-a ser vivida como se fora para sempre.
Assusta-a como se fosse n'um instante.
Inclina-a ser sentida como n'um ventre.

A vida é um filho para a morte.
Evita-a de ser rápida, intrépida.
Ampara-a de ser breve, a quer sorte.
Exprime-a de ser arte, ainda que numa lápide.

Ah vida, ah morte! Sois tão forte e sofrida.
que há morte na vida e na morte não há.
És vento, és rima.
É antes do fim e depois o começo.
A poesia.
É sim e não ao mesmo tempo.
É tempo, espaço infinito.
De nada em movimento.

domingo, 26 de julho de 2020

Um tanto quanto bobo

Quis assim cansar de tudo que faz falta:
o assunto, as tuas palavras,
 a partida antes da chegada,
 a tua risada sem a piada
e tudo que poderia ser.
Contudo!
Se, por acaso, tu...
Materializa-se,
e eu te encontrasse,
tocasse e te falasse
se teu cheiro pudesse sentir,
da falta que sinto não cansaria,
porque assim a falta deixaria
ela mesma de existir.

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Na vida

Vibra de agonia o corpo
que entoa a todo gosto
o que a mente cria;

Anuncia na alma a
calma que faria
a tomada de ação.

Mas por enquanto,
a vida diz não.

Já a mente 
marca a condição
do que seria sim..

Se sim, sem
sentimento
soa atoa
no tempo
as horas
do tormento;

o corpo diz sim
e mente e alma
acelera
em um mundo
do não...

A alma livre,
o corpo preso
e a mente sã.
Já o mundo?

Não!

E a vida?
Contradição.
Sim e não!
Afetos são feitos e
desfeitos nos efeitos
do sim, não e talvez...

Na vida?
sempre ida
até a partida
da vez final.


sexta-feira, 12 de junho de 2020

O que não digo

Quero e não devo...
sinto e não minto
o erro que percebo
 é tu que imagino,
meu bem querer,
no amor bandido
a culpa é não ser
carne, cheiro e suor.
Assim, deixar na mente
o que o coração sente,
deixa o corpo,
surpreendentemente,
louco por ti.






quarta-feira, 10 de junho de 2020

Com endereço certo

A quem interessa as indiretas?
Seria uma seta a seguir...?
Uma indireta jogada ao vento,
quantos pode atingir?
Uma indireta seria dizer sem nada ter dito?
Uma rede jogada ao oceano para algo pegar?
Insidiosa, a indireta te entrega e, se, de fato,  há um endereçado, ela nega.
"Não foi para ninguém, sossega."
Talvez fosse para aquele que tua covardia não te deixar assumir?
Mas o que eu posso falar, se o que é este texto senão uma indireta pra ti!

segunda-feira, 8 de junho de 2020

O pão de minha

Acabou, só tem batatas.
Antes não ter nada às baratas.

O cão devia, amassou.
Governa nada, ruge a rua.

A sua farinha acabou.

O contentamento inválido

Tá decidido!
Vou começar a ter prazer na dor pra ver se eu paro de sofrer...
Assim, vou ter uma satisfação na angustia que leva a procrastinação;🤗
Um gozo na falta do amor perdido;😅
Um riso em cada azar diário... 😁
Ao olhar  nosso presidente com sua atitude de otário,
gargalhadas frenéticas com o noticiário...😂
Mas o que iria matar mesmo de alegria seria o mugido do “gado”.🤣
Hilário:
 preconceito,
 violência,
morte.😬
       Seria demais até pra um sádico...😵
Passo!😔
Inferi que humano é ser solidário!🤔

terça-feira, 2 de junho de 2020

Convide-se.

Antes a poesia começava no rabiscar de alguma letra, tinha um som só. 
Único do peso da mão e do papel recebedor do sentimento.
Hoje o som é de teclas, como de um piano em preto e branco.
Mal cabem cores no seu som. 

Mas no fundo do monocromático teclado, também há brilho. 
E a reza e medo.
Em tempos incertos e noites de febre. 
Em que uns se vão e outros não.
Definitivamente o sentimento da poesia não é bom.

É assustado a cada ciclo de incubação. 
Finalmente é morto, como um sim de aceitação
aos planos sabidos das deusas.
Em que uns voarão e outros sim,
hão de ficar e querer.

Antes o poema terminava feliz
no desenhar de seus caprichos.
Tinha até ponto final,
ia dormir a salvo do teclado sentimental.

Mas. o amanhã testará o suor d'uma esperança colorida. 
Afinal, nos monocrômicos olhares também cabem arco-íris. 

Distintivamente no interesse dessa poesia que quer ser boa,
há natureza relativa.
É concisa e racional a cada novo ciclo de sol.
Inicialmente é viva, um não da fé aos desígnios.
Em que uns permanecerão, mesmo tantos outros tendo partido. 

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Alcunhas

Louco, idiota, viado...
Trouxa, imbecil, otário...
Pilantrinha, lesado...
Raposa, safado...
Demônio, bobo, besta,
esperto, dengo, amor...
Macho, comuna, ator...
Doido, professor...
Poeta...
- Poeta?
Ah, poeta...
Essa me agradou.😁

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Pão

Pão é como ar.
e se fazer o que se precisa p'ra ser.

Estar fazendo vida,
e cotidiano contigo.
É o que minha alma quer ter.

Ser criando sentido.
e história consigo.
É o que meu espirito é.

Ar é como pão.
e se criar o eu pra existir.

Vou produzir.

Naquelas noites e dias de quarentena eu fui feliz.
Quem não foi morria.
Ou estava morto antes  e nem sabia
ou percebia-se vivo e ia.

Naqueles dias confusos e manhãs intranquilas,
eu seria o chato das eras.
Quem não erra ou sentia,
estava vivo, e se via.

Naqueles dias concisos o que se produzia?
Naquelas manhãs de novo, me repetia uma dor.
Ser mais sensível, ficar noturno: me seduzir.
No meu nu, ter isso em ti.

A pessoa incerta,
focava no fim e ficava sem mim.
e no sim de nós dois, todo dia.
ia me continuando.


Pandemia futurista dois mil e vinte.


Quando um vírus mortal se incubar,
e o medo de morrer acontecer,
sombras de poucas certezas e muitas crenças
se instalarão sobre nós.

O amor diário, o dia a dia
para quem, aquela ou ele, 
que você quer deixar, quase tudo seu infinito maior.

O resto que sobrar, é uma lembrança de si
para os amigos e a família que sempre você quis propor.

É sempre a quase mais perfeita.
E a real é o que está na cabeça deles,
um eterno sim de amor.
Amo então hoje,
esperando com o medo o amanha que virá.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Há bom tempo

Queira, mas calma...
Terás ou não
o  desejo da alma...

Já tens  algo agora
nesta hora que se esvai
as bobagens sãs,
os detalhes bestas,
o sorriso bobo e
a certeza do amanhã.

Te agarra e agradece
com todas as preces
este bom jantar.

Veja lá fora,
enquanto mergulha em si,
ao teu lado
te segue sempre
um terno agrado
daquele que o sonho
te faz esquecer,
pois tua alma reclama
embebida de ilusões;

E vislumbres cegam
o teu presente
que de esquecido
passará a ser  ausente,
saudade,
aquilo que não volta mais...












terça-feira, 21 de abril de 2020

2020

Tanto reflexo
tudo esvai
sem nexo
na solidão
que anuncia
quando data
no real
 a possibilidade implícita
  na tragédia
nas dores da terra

na guerra
em um mal...


Paralisa, viraliza
com a negação...
o acalanto do aconchego
a certeza do beijo,
o amanhã.
Resta medo, cloro!
Máscaras, poros! 
Pavor, pavão, o pior...
Dita a dura
demência
Ais!
Preside ausente
a nau  sem cais.

terça-feira, 31 de março de 2020

Quarentona

Isolado desse lado de cá
fico eu a cismar sozinho a noite.
Sonhando novas bandeiras p'ro meu lugar.

Entre tantas faltas:
aqueles que não podemos abraçar.
Há sorrisos de velhos e passos de crianças
em tardes de sol e noites sem luar.

Sem entender as estrelas,
saber que a primazia da saudade forçada
é salientar o que resta de nós
e humanizar nossas distâncias.

Dos que nascem e dos que morrem,
quero a melhor lembrança. 
Da menor ausência:
ter paciência, viver um ano de cada vez.
Amar o seus, e nada mais.

Das dunas fiz um porto.

Diante de ti tremo e tenho tudo e remo tanto  para não falar que minha rima fraca e cansada de repouso e  de descanço de um trabalhador da p...