segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Quero Samba


Quero fazer um samba triste
Queria cantar a desilusão
Mas eu não sei, não sei não
Nem sambar nem cantar nem sofrer
Mentir talvez em outra situação
Menti talvez sobre o coração.
Queria falar de alegria
Mas passo longe dessa condição
Não aprendi a sorrir ao chorar
Ao sofrer e cantar a poesia
A poesia de outro coração
Sobre a mesma situação
Que é chorar, que é sofrer
Que é cantar a desilusão.

sábado, 20 de outubro de 2018

Concretismo do não poder.


Não posso controlar
Não posso controlar a poesia que urge
Não posso controlar o poema que surge
Não posso controlar o verso
Não posso controlar nada
Não posso nada
rimar.

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Pó é sinhá!


Saudade da poesia que não escrevo,
Da rima fácil que não repito,
Da corja de sentimentos esquecidos
Na prosa calada que não festejo.

Quando a saudade passar e de novo tu vieres,
Que seja breve, um pouco dura e um tanto leve
Mas venha sem mais, delongas e casos,
Seja só o desfecho de um laço.

Daí, ao inscrever-se tu na pedra, ou no papel
Seja assim: tão suja ou infiel quanto justa é a tesoura dos inconsolados,
Que corta e apara as miudezas do dia, de todas as horas
E as torna enfim a palavra presente do infinito não dito. 

domingo, 13 de maio de 2018

Diálogos noturno


Eu te encontrei no silêncio, te julguei antes de dormir. Uma sensação de vazio enquanto eu lembrava de...

Falta sentido no toque do corpo com outro corpo que não é o teu

Amor não se faz só com o sexo já que amor é afeto

Não sei o que fazer com esse povo que confunde indiferença com gentileza

Deitar e não dormir é angustiante quando noutro dia se tem obrigações, neste momento é que se sente as grades das horas apertando o tempo.

Queria eu dizer algo e ao mesmo tempo não falar, assim passei a noite toda segurando o copo, esforçando-se para ser simpática, o alívio era o cigarro.

Ela vinha de vez em quando com um lindo sorriso no rosto, dava para perceber que algo a incomodava... acho que ela sofre dos mesmos problemas  do que eu...

É cada um perdido em seu eu angustiante que os monólogos não cessam em forma de diálogos.

Sinto até saudade daqueles amigos que aliviavam suas dores ouvindo os lamentos próximos. Assim como  os velhos idosos na fila do hospital competem pelas dores do corpo, competíamos implicitamente para vê quem carregava mais consigo os males do coração.

Desconfio de quem sempre é feliz da mesma forma de quem sempre anda triste, o primeiro deve ser lunático, o segundo amargurado. Ambos têm uma noção de realidade mediada por esses sentimentos definidores.

 Ele tinha tanta insegurança que se portava como um soldado em vigília, um tiro no primeiro susto, vinha com uma autoconfiança forçada no acerto do primeiro alvo.

Ela me tratou tão bem na última vez que a encontrei, parecia um pedido de desculpa pelo passado e pelo futuro. Depois disso, eu nunca mais a vi.

Agora com o tal de lugar da fala todo livro terá que ter a quantidade de autores similar ao número de personagens.



sexta-feira, 27 de abril de 2018

Te mar e ilha.


Na angustia de quem ama, sofrimento não faltará
Serão rimas intermináveis, poemas imensos.
Idílicas odisseias de insegurança e medo. 
a saber: rios inteiros de solidão.
De quem vive, resta pouco
A consciência de si, tranquila no mar agitado
Revoltoso e revoltado. 
E na nossa casa se minha poesia falasse, 
ela gritaria teu nome n’um vale espaçoso, 
cheio de ecos de mim.

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Queria eu?

Queria eu orar ao tempo como se ele fosse o deus mais lindo
Queria eu saber do tempo que vai além da minha memória
Queria eu fazer paralelos e círculos com todas as histórias
Queria eu ficar sem ter que ir nem voltar, mesmo seguindo.
Queria eu não querer e nem ter tempo para o que eu sinto
Queria eu, eu te digo, esquecer de rememorar o infinito
Queria eu não ser quem eu sou e ser quem não vou ser
Queria eu ser orgulho e acreditar em tudo que eu fiz
Queria andar sempre conhecendo novos horizontes
Queria eu não lembrar de ontem e não morrer aqui.
Queria eu desenhar o teu rosto
Ao desenhar, aos poucos
poesia no papel.
Queria eu quebrar toda essa linearidade temporal que eu vejo cair do céu.
Queria eu não querer saber de mim
Queria eu fazer de tudo por outro alguém
Queria eu não escolher sempre a minha proteção
Queria eu ser mais abrigo do que desolação
Queria eu não ser coisa objeto de alguém
Queria eu não consumir
Queria eu não lembrar de digerir o que o tempo não deixou
Queria ser, pois pronto, ser  o que sou
Queria gostar de ti aqui perto quando gosto de você longe de mim.
Queria não querer tanto silêncio em meio ao caos
Ouço música violenta em cada coração
Queria não orar ao tempo como se ele não fosse finito
Queria eu  fazer milagres sucintos
Queria eu deixar agora de escrever, porque de todos os quereres o que eu quero eu minto.

sexta-feira, 23 de março de 2018

Receita de desejo abafado.


Junte palavras mordazes à erros infantis,
Descasque um dente de dor e leve ao fogo.
Deixe queimar, torre as desculpas e esturrique a carne.
Insulte os ingredientes do perdão e os remexa bem.
Misture cascas de raiva e lembranças ruins
Refogue o medo e pique os sentimentos verdadeiros.
Sirva com um cálice de saudade e estará pronto.  
Agora é só engolir o choro.

quinta-feira, 22 de março de 2018

O vivo–morto


Essa noite eu não sonhei.
Ela estava comigo.
Mas, mesmo acordado,
eu sabia que parecia só um sonho
e que eu na verdade era só ...

Na madrugada,
por volta meia-noite
tinha cigarros,
tinha bebida,
e o silêncio
e a realidade em que me pus.

Como alma
Ando aparecendo fraco e faminto por ai
Acerto os passos que erro.
Que horas são?
Busco esconder minha dor.
Não esqueço o passado
e os amores que não foram.

O tempo da vida está em mim
e mesmo zumbi,
meu coração parece bater
no corpo de um vivo-morto,
dai, vou sendo um homem de trinta
e amando uma mesma mulher. 

sexta-feira, 16 de março de 2018

O morto-vivo.

Essa noite sonhei
que ela voltava p’ra mim.
Mas, mesmo dormindo,
eu sabia que era só um sonho
que se sonha só.

Acordei na madrugada,
eram por volta das quatro
não tinha cigarros,
não tinha bebida,
só o silêncio
e a realidade em que me pus.

Como alma-penada
ando fraco e sem fome
erro os sapatos dos pés,
Não sei que horas são.
busco não esconder minha dor.
Lembro o passado
e tantos amores que se foram.

O tempo da vida deu um tempo em mim
e sou agora um zumbi,
e como o morto vivo
na lira dos vinte anos:
“Acordei da ilusão, a sós morrendo”.

segunda-feira, 12 de março de 2018

Não me dê boa noite.

Uma lágrima pode ser um lar?
E um lá, é uma nota triste ou feliz?
Meio copo e o vinho barato acabou
Dois cigarros, e a fumaça no vento levou
consigo a folha da esperança
A incerta certeza agora chora sobre o papel
o lamento triste de quem fraquejou.
Deus conta e canta assim todo o sofrimento do homem
dia após dia, 
degustando a angústia das horas sem ti.  

Encontro incerto.


Sabe aquele brilho no olhar?
Um dia se perdeu por aí.
Disse, pois, que queria voltar,
Mas na era da tentativa.
Não conseguia passar.

Sabe aquela dor no peito.
Que tentou-se superar
e não deixar virar rancor.
Ela deu seu jeito de voltar.
Não conseguia sair.

Um dia, no mundo a passear
O brilho do encantamento encontrou a dor sozinha, a soluçar:
Ele quis perguntar o que ela tinha, o que passava...
Mas não teve coragem,
e cada um foi pra seu canto dormir.

quarta-feira, 7 de março de 2018

Na maré do mar da bela Ilha. .

A cada tímido eu te amo que tu me dás,
Surge um novo encantamento,
Resignado, como um louco
Desafiei a mim mesmo,
Acertar na tua chance,
Escolher o que engrandece,
Florescer o que murchou.

No mar do teu acolhimento desmedido,
De mulher plena de si, soberana de si,
Achei terreno novo para contemplar,
Ao teu corpo,
Ao teu olho,
Ao teu toque,
Espaçado de dedos,
No sorriso que quase fluiu natural.
Me achei angustiado
Pasmado, estilo alma-penada mesmo
Perdido no brilho do sentimento que era mágico.
Passado o trágico e adubado na tua graça,
o jardim no pós-temporal dos erros,
tenta ressurgir paciente,
e lento do tempo preciso, 
ver de novo a luz
e quiçá gerar novos frutos de amor. 

segunda-feira, 5 de março de 2018

Poesia e prosa de uma onomatopeia dramática de um ônibus batendo


“E vi que a vida mudou n’um segundo” dizia a canção do tempo
Morre-se um grande amor e serão dias de chorar.
Abrindo feridas, expondo dores e fraquezas.
Há também possibilidades de novos amores nascerem, n’um futuro quiçá,
Duvido, pois, que sublime seja como foi esse que cada dia vivi, a cada toque teu
Inigualáveis foram todos os beijos dela, e sinceras todas as suas palavras.
Entrega completa, total e reveladora de seus segredos e seus dias, sobre família e moral.
Desde cedo me contou dos amores do passado, do qual sempre fui enciumado, sim fui.
Acho que serei sempre ciumento dos romances que já teve, os de antes e dos que virão.
Hiato para as lágrimas.
A um novo qualquer que venha se anunciar um dia para ti, mas não, não ouso exclama-lo.

Ah, mas o fim do amor enfim ressuscita minha pouca poesia,
e aquele byronismo cotidiano repleto de morbidez se instá-la,
As rimas soam, são e saem fáceis,
azedas e viris como palavras imorais.
Elas não me definem, mas expuseram o erro e a fraqueza de minha mente. 

Achando eu um dia que era tudo um sonho lindo, e ainda sem saber que este estava em seu leito derradeiro de morte, ocorreu-me que todo sonho pode acabar. 
Daí um dia comum, como n’um caso comum
de trânsito, de pseudo transa, de coisa nenhuma,
a senhora sua morte veio e falou-me surrando ao ouvido:
- Antes d’eu ser a morte, sou também o amor e a vida, você brincou comigo. As consequências já estão acontecendo.

Não sei exatamente a quantos anos não rezava para aquilo que primeiro aprendi que era Deus. Conheci de estudar, vários outros deuses depois, e muitas deusas também, a grande mãe e todas as forças do bem e da luz. Hoje me acho rezando à todas, reivindicando uma ocasião de redenção. Me encontrei de mãos dadas, na tua ausência. Ouvindo o som da onomatopeia dramática do ônibus batendo, um tique-taque de um velho relógio em formato de coração, parando de amargura.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Com pesar!

Um afeto não se encontra na esquina, é um tanto difícil como um eu te amo na despedida. Então, esse amor é castigo que  nos deixa em perigo, próximo a desilusão. Seria um amor libertário que rende a alma em consternação? Dói entregar ao esquecimento a paixão dos teus braços, o meu delírio de felicidade. Dói não deixar correr as lágrimas, a sinceridade cálida ou a impetuosa raiva de uma decepção. Dói saber que o amor combina com a dor mais do que com a paixão. Sei que teu sorriso e dengo são além do espaço e tempo, dinheiro ou relógio; é o lugar de encontro do que é sagrado e ontológico. Fui aquele sorriso, agora soo perdido os cantos que fui. Tenho raiva de mim, tenho sede de mim, morro de saudade de ti, pois não sei mais viver só - ando aprendendo. Porém vivo esse teatro chamado vício de existir. Vivo por um próximo encontro inusitado que me leve a outro estado de contemplação. Tento fugir desse tédio que me atrai quando não estas aqui. Não sei quando irei sair deste luto. Não sei se é um desmaio, um coma ou a morte do que se proclamava amor. Tenho curiosidade em saber as lembranças desse possível finado, se foi certo ou errado deixá-lo partir.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Cale a boca poeta!

 O poeta crê que sua poesia é maior que a arte ou maior que vida
Ele se ilude, se engana e mente.
Desesperado, escreve lágrimas e entusiasmos
Formando um miasma de egoísmo.
Um caleidoscópio de si mesmo.
No fim, porém, ele emana algo que pensa ser bom.
Que sua lira vai um dia atingir um coração.
Quem sabe até salvar alguém.
Aí a poesia se acaba, com uma rima fenomenal
No olho de quem lê, o espanto ou o encanto.
Se ninguém lê, o desabafo inútil fica para o papel
Que tenta alheio, eternizar seu enredo no tempo material.

Seja mais vida poeta, e menos poesia. 

Das dunas fiz um porto.

Diante de ti tremo e tenho tudo e remo tanto  para não falar que minha rima fraca e cansada de repouso e  de descanço de um trabalhador da p...