Poesia e prosa de uma onomatopeia dramática de um ônibus batendo
“E vi que a vida mudou
n’um segundo” dizia a canção do tempo
Morre-se um grande amor e
serão dias de chorar.
Abrindo feridas, expondo
dores e fraquezas.
Há também possibilidades de
novos amores nascerem, n’um futuro quiçá,
Duvido, pois, que sublime
seja como foi esse que cada dia vivi, a cada toque teu
Inigualáveis foram todos
os beijos dela, e sinceras todas as suas palavras.
Entrega completa, total e
reveladora de seus segredos e seus dias, sobre família e moral.
Desde cedo me contou dos
amores do passado, do qual sempre fui enciumado, sim fui.
Acho que serei sempre ciumento
dos romances que já teve, os de antes e dos que virão.
Hiato para as lágrimas.
A um novo qualquer que
venha se anunciar um dia para ti, mas não, não ouso exclama-lo.
Ah, mas o fim do amor enfim
ressuscita minha pouca poesia,
e aquele byronismo
cotidiano repleto de morbidez se instá-la,
As rimas soam, são e saem
fáceis,
azedas e viris como
palavras imorais.
Elas não me definem, mas
expuseram o erro e a fraqueza de minha mente.
Achando eu um dia que
era tudo um sonho lindo, e ainda sem saber que este estava em seu leito
derradeiro de morte, ocorreu-me que todo sonho pode acabar.
Daí um dia comum, como n’um
caso comum
de trânsito, de pseudo
transa, de coisa nenhuma,
a senhora sua morte veio e falou-me surrando ao ouvido:
- Antes d’eu ser a morte,
sou também o amor e a vida, você brincou comigo. As consequências
já estão acontecendo.
Não sei exatamente a
quantos anos não rezava para aquilo que primeiro aprendi que era Deus. Conheci de
estudar, vários outros deuses depois, e muitas deusas também, a grande mãe e
todas as forças do bem e da luz. Hoje me acho rezando à todas, reivindicando uma
ocasião de redenção. Me encontrei de mãos dadas, na tua ausência. Ouvindo o som da onomatopeia dramática
do ônibus batendo, um tique-taque de um velho relógio em formato de coração, parando de amargura.
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