Cor de ferrugem.

Pulsa, lateja, espeta.
Assisto filmes, choro açúcar, como deles mais ainda.
Tento a distração: saio e danço, leio e durmo.
Virou tão costumeira, dor companheira,
que já nem me lembro de onde ela vem.
Virou tão parceira, tão amiga
que nem mais tento arrancá-la
de tão verdadeira que brinca.
É uma dor como outra qualquer
como a sua, como a da lua, que fica só
cercada de estrelas, sem o sol tocar.
É uma dor distraída, que de um pulo se alojou;
se maquiou bonita, fez desfile na avenida,
encheu de serpentina o meu coração.
Agora corroe o resto das alegorias que construi perdida
em meio multidões, em meio a carnavais.
Fez fantasias e me enfeitiçou
me deu muitas doses, me embebedou.
Quando dei por mim, essa dor, tão pequena dor,
possuiu mãos e olhos, boca e peito, leito e chão.
acabou com o óleo da maquinaria do meu coração.


[Essa dor que carrego no peito
não é mais segredo, não tem solução;
Essa dor que carrego no peito
que já nem sei, que não tem jeito
é falta de uso do meu coração]

Comentários

Pétrig disse…
uma Cecilia animada, uam Flor bela espancada, e uma Pessoa que ama. Arrasou Joaninha.
REAVF disse…
Hummmmmmmm....

Mui bela poesia

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