Doce aroma de agonia.

Doce aroma aquele que emana o grande amor...
Aquele que de longe, e subitamente, te leva a correr os olhos pelo recinto, como um animal atento, farejando o ser desejado. Aquele que você não consegue definir: madeirado, de jasmim, cítrico... Você não sabe ao certo as essências, que misturadas te causam esse frisson. A única que você sabe é que ele é essencialmente forte. Forte o bastante pra você lembrar pelo resto da sua vida. Você pode senti-lo hoje, e passar um longo tempo sem ver esse grande amor... Um dia você vai estar na padaria da esquina, esperando na fila do pão, e vai sentir esse cheiro. Imediatamente você vai lembrar, procurar e se desesperar ao perceber que foi apenas uma brisa que te trouxe esse aroma... Que aquela pessoa não estava ali. Foi o que aconteceu comigo hoje pela manhã. O doce aroma que emanou de ti, durante algumas noites de fervor, entre pernas, mãos e gotas de suor; o doce aroma que em mim chegava, pelos pingos do teu rosto colado no meu ser; o doce aroma que ficou no travesseiro quanto você se levantou, e nunca mais voltou, me encontrou novamente. Eu estava sentada, à ler qualquer coisa sobre bosques chilenos, e o teu cheiro chegou até mim. Eu, atônita, olhei por todo lado, levantei-me, fui até a rua, ansiando...
Nada.
Era só o vento brincando de crueldade.
Tu foste embora, e a única coisa que me deixaste foi a agonia de sentir teu cheiro quando o vento está entediado.

Comentários

Nininha disse…
Bom, bom, bom!
muito bom!
mais do que bom!
tudo de bom!
Pétrig disse…
com o seu peculiar toque de sensualidade, canta as tristezas da solidão.

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