“Vou me desprender de mim. Um exercício um pouco inseguro, pois eu posso gostar. Vejamos... Concentração... Um passo de cada vez, leve alma a flutuar.”
- kkkkkkkk... Você não está brincando de roleta russa? Ou estar?
- Não, na verdade eu não costumo brincar. Sabe, na minha idade, as coisas são tão sérias que a própria imaginação pode causar algum prejuízo. Por isso, eu tenho que sair de mim um pouco. E como outro poder viver novas experiências que já não sou capaz.
- Conversa. – Com um tom sarcástico perfilando a boca.
- Sim. Eu perdi uma certa inocência, uma certa brandura. Tudo é um teatro ou circo e a realidade é o que a maioria passa a acreditar. – Um ar de desilusão preenchia aquelas palavras.
- Coisa mais batida! Não vamos entrar aqui nesse papo de ilusão. Eu quero o produto. Chegou o momento. Podemos mudar agora o que era destruição.
- Meu amigo, eu só posso lhe entregar em pequenas gotas. Temo que, tomando todo, seu corpo não venha a suportar. Nada de súbito é verdadeiro ou perdura, não seriam lentas as transformações?
- Você é um covarde! Nunca irá vencer. Quero agora. Agora é o momento.
- Teu corpo quebradiço não suportaria tão grande afeto. Dou-lhe em gotas, um pouco a cada dia. Assim, lhe darei minha vida.
“Ao retornar, sinto que fui consumido. Que ao sair, tiraram um pouco da minha seiva bruta, mas não conseguiram tirar o que paira em torno de mim.”
segunda-feira, 4 de maio de 2009
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3 comentários:
"Eu perdi uma certa inocência, uma certa brandura"
Era tudo que eu queria ler hj... obrigada!
As coisas se encaixam de uma certa maneira. (textos e contextos)
Quando se perde as duas já não existe mais o sonhador, retomar isso é importante, mas é difícil...
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