O rancor do beijo perdido lambe a boca salivando raiva.
A suave cinza de cigarro regozija no gargarejar.
Nesta noite arde na pele o desejo,
Sente-se ainda a amar.
Nojo asco e nojo: repugnância!
Gonorreia da puta que pariu!
Seios, ventre, os sexos,
trêmulos, tocam-se e se deixam passar.
Nesta noite choram pelas noites passadas,
Pegadas de sonhos e ilusões.
Eis que surge a matéria viva do imenso rancor
Ignóbil, imunda e covarde;
A cara podre do vômito da paixão.
É nas entranhas que se experimenta a náusea do querer
E a impossibilidade de evitar a vergonha de perder.
Eis que estão livres para decair!
Como um grito no escuro,
Não conseguem se escutar: eu te amo...
Eu te amo... não mais.
Talvez deixassem de beber,
Deixaram os vôos de liberdade
Voltaram a ser o que eram
Quando não eram mais dois, eram mais.
Eis a inocente a trair
A musa, a sereia de qualquer um.
A diva da esbórnia, epiderme contaminada do prazer.
Eis o sedutor dos esgotos
O cara, o vagabundo deus da paixão.
Sim, todos esperam palavras doces para ouvidos famintos,
Desculpas engatilhadas para jogos de sedução.
Entretanto, ninguém o esperava: o rancor, a cisticercose da alma;
O solitário (a solitária) que ninguém se quer ouviu.
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5 comentários:
Não sei se a deusa sobe à superfície
ou apenas me castiga com seus uivos...
Talvez os deuses sejam delírios desejados
E os uivos alucinações replicadas.
Tudo na esfera das idealizações...
o que é cisticercose ?
A solitária que vem do porco...
Nada mais inusitado para se ler em uma noite de sábado, já beirando o domingo [acho que porque nas noites de sábado tod@s querem palavras doces, gestos doces, mentiras doces]. Tua verdade corta e enebria ao mesmo tempo. Tua lucidez, apesar de amarga, traz uma vontade grande de entrega. Apesar da dor que sempre vem depois. Adorei!
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