Cismas de um crepúsculo
O fim da tarde aproxima-se suavemente, ignorando a rotina confusa e apressada da metrópole. A chuva repentina roubou do crepúsculo seus matizes tradicionais, e se as cores fogem da avidez dos olhos perdidos, a alma deleita-se com o clima que parece nos envolver num terno abraço. Especialmente hoje o dia assemelha-se a um antigo filme de Chaplin e a fuga das cores nos joga numa deliciosa analepse sem fim. É na debilidade incolor das horas que o espírito pratica o exercício fátuo da observação. Um olhar triste de alguém que busca algo que definitivamente não está presente, um sorriso delator de um apaixonado que percorre com os olhos a amada ou simplesmente um semblante que no franzir das linhas da face transmite a preocupação corriqueira. Um olhar, um sorriso, uma fisionomia, cada um com sua singularidade, denunciam a universalidade dos sentimentos.
Particularmente, tenho a impressão que somos um bando de pretensiosos que busca desesperadamente a elucidação dos mistérios da vida, numa investigação vã e egoísta. Fazemos perguntas que nem sempre têm respostas. Por que amamos uma pessoa e não outra? Por que alguns crêem em algo superior e outros não? Quem somos nós na realidade? Para onde devemos ou podemos ir? Estamos sempre procurando um motivo, uma razão, uma resposta que nos afaste de uma sombria nulidade existencial. Essa perseguição insana pela verdade absoluta ceifa nossa capacidade de perceber o relevante, notar os detalhes que compõem esse longo caminho o qual chamamos vida. Quando nos damos conta de quão preciosas são as minúcias é tarde para voltar, tarde para consertar erros ou tomar decisões mais coerentes. O tempo é um senhor pontual e impaciente, não espera por nada nem ninguém.
Deixemos de lado então a melancolia dos arrependidos que ou ficaram presos ao passado e sua armadilhas mnemônicas ou perscrutam o futuro com surdos estetoscópios. Permitamos-nos amar, crer, ir ou ser sem restrições, sem amarras científicas. Deixemos acontecer à unidade de ser. E as questões sobre os mistérios da vida? Ah, elas que enlouqueçam a procura da verdade, essa vilã que nos furta a paz e a ventura. E enquanto isso a tarde passa peralta, indiferente à insanidade humana, esnobando a ignobilidade de quem não sabe passar sem fazer alarde.
P_L_B
Particularmente, tenho a impressão que somos um bando de pretensiosos que busca desesperadamente a elucidação dos mistérios da vida, numa investigação vã e egoísta. Fazemos perguntas que nem sempre têm respostas. Por que amamos uma pessoa e não outra? Por que alguns crêem em algo superior e outros não? Quem somos nós na realidade? Para onde devemos ou podemos ir? Estamos sempre procurando um motivo, uma razão, uma resposta que nos afaste de uma sombria nulidade existencial. Essa perseguição insana pela verdade absoluta ceifa nossa capacidade de perceber o relevante, notar os detalhes que compõem esse longo caminho o qual chamamos vida. Quando nos damos conta de quão preciosas são as minúcias é tarde para voltar, tarde para consertar erros ou tomar decisões mais coerentes. O tempo é um senhor pontual e impaciente, não espera por nada nem ninguém.
Deixemos de lado então a melancolia dos arrependidos que ou ficaram presos ao passado e sua armadilhas mnemônicas ou perscrutam o futuro com surdos estetoscópios. Permitamos-nos amar, crer, ir ou ser sem restrições, sem amarras científicas. Deixemos acontecer à unidade de ser. E as questões sobre os mistérios da vida? Ah, elas que enlouqueçam a procura da verdade, essa vilã que nos furta a paz e a ventura. E enquanto isso a tarde passa peralta, indiferente à insanidade humana, esnobando a ignobilidade de quem não sabe passar sem fazer alarde.
P_L_B
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