18

Dia 18 de um mês qualquer de um tempo futuro, acordo mais uma vez com a obrigação de ir trabalhar. 18 minutos para 6h00 o alarme do celular toca, minha cabeça dói, pesa, e meus olhos não abrem.

São 18 minutos de trânsito para 3 quilómetros percorridos. São 18 minutos de notícias falsas que ouço pelo rádio enquanto dirijo. Eu chego, quase sempre, 18 minutos, atrasado.

Na sala em que trabalho, convivo forçadamente com 10 pessoas, são 8 horas por dia escutando o que não me diz respeito, o que não me interessa, o que eu não quero saber.

Escutar é algo valioso, bons ouvintes são promovidos, principalmente os que demonstram interesse pelo assunto exposto. Isso por que ninguém mais quer ouvir as paranoias do outro. São 18 reis por minuto. É o preço da atenção. 

Ninguém sabe exatamente quando as pessoas ficaram tão repetitivas, como se houvesse uma consciência coletiva, com as mesma informações. Falam sempre as mesmas coisas: a perda do eu, o clima, o fim das quatro estações. 

Na verdade, todos temos as mesmas fontes, o mesmo padrão... Faz 18 dias que estou neste emprego, tempo demais,  tenho que pedir demissão.

18 pessoas acabaram de escrever o mesmo que eu. 18 pessoas gostaram, 18 não gostaram, e todo o resto eu não sei. Infelizmente, tudo que escrevo em minha consciência é compartilhado. Peço perdão. 

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