Dois Animais

Agora vias com calma a velocidade do ímpeto:
De um “logo querer” ele se alimentava...
Não esperava nada pois além disso,
Apenas ia faminto farta-se dela,
Alimentar-se do que podia,
Comendo cada migalha da sua atenção
Como se fosse um pão derradeiro,
Mas não era.
Certo:  ele ia rápido com quem fugia
Mas não porque tinha pressa,
Ou ainda porque queria, ou não queria
Ele só ia, rápido, somente ia...
E nesse passo apressado talvez perdia
O encanto das ausências,
As belezas da distância,
A virtude das demoras...
Era teimoso, tomava suas chances,
Acostumou--se correr os riscos do exagero, tolo.
Ah mas se ela soubesse pasmada,
Das montanhas de ausências que sentira,
Das demoras infindas por que passara,
As noites, cem noites que ermou,
Talvez ela visse em sentido contrário,
Toda essa pressa de viver,
E quem sabe até achasse lento seu passo,  
Que ele seguia demasiado arrastado,
- Quase pausado: reiterou!
Já que ela também sabia
Quão são longínquas,
As estradas do encontro,
As curvas de encantamento que permitimos ou não transpassar ...
Para saber o que tem lá do outro lado.

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