Enfim

Enfim uma palavra que não está sendo escrita fincada na tristeza, embora ainda passeie pela ausência e caminhe pela saudade.
Enfim um rabisco desenhado no novo, no que pode há de vir, mas mesmo que talvez não venha, ensaia e anseia passos e caminhos diferentes.
Enfim uma lágrima que não é só de dor, que é também sonho e superação, ação separada, esguios encontros, luz acesa, prantos salgados.
Enfim a poesia que não rima direito, que não muda o tom, e que muda, emula um som, ficando a letra nua, descortinada, aberta, quase ensaiada.
Enfim encontramos ao fim da história, o instante mesmo em que cessam as lacunas, aquele aceno derradeiro que não veio, o adeus que não foi dito.
Enfim chegamos ao início da história, o instante se fazendo, aquele beijo prático, descobridor, aquele não saber do outro, aquele recuo, a rapidez.
Enfim cobrimos mundos inteiros, com passos lentos, quase bêbados, cheirados, ritmos de baile, andando a pé por nossos caminhos secretos.
Enfim achamos angústias sendo esquecidas, e problemas no horizonte, no agitado mar dos encontros, encantos de afogar-se.
Enfim vivemos um sonho, tão indizível e indolor, que na falta de qualquer lamento, o acaso aparece emprestando-se do tempo do improvável.

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