Na máxima

Tempos atrás, ao sentir, ousei imaginar e contar os sintomas da paixão. Não só os sintomas, mas sua máxima, o ápice da ebulição de sentimentos.
Assim delineei...

A máxima duma paixão seria a embriaguez da alma,
a distorção dos sentidos,
a demasia do prazer;
constituir-se-ia na realização da arte
súbita, surreal, visceral... 
Instintivamente ardente com suor um pouco dormente ao romper antes do fim, seria o gozo cortado ao parar para dormir.

Insana
num sempre querer mais,
num olhar ordenando,
como num sussurro que se contorce sangrando em amar odiando, 
amando odiar o não no sim,
seria o não querer e ficar
ao penetrar mordendo,
ao ferir as costas com os desejos do avesso do amor
ao ferir na carne, no sexo, nos ciúmes de si.

A máxima da paixão seria dolorosa,
masoquista, sádica e infernal,
porém poética no revés do romance do amor brutal.
Faria adoecer, feri, machucaria até a morte na vida sem fim.
E sem ser para todo sempre, adormeceria num delírio de prazer,
num som do amanhecer ao soprar e tilintar mágoas do amanhã.

Seria aquela vida, aquele vício sincrético,
Sem condescendência, doente e sadio:
o começo e o começo do fim...
Teria ao adormecer que se amar,
retrair-se introspectiva,
marginal na força do amor como mediador de mim.

Talvez, nada mais seria do que a coragem dos fracos a esvair-se num conflito por si...

Comentários

Pétrig disse…
tórrido, quente, envolvente.


"Instintivamente ardente com suor um pouco dormente ao romper antes do fim, seria o gozo cortado ao parar para dormir."
REAVF disse…
Vlw poeta acasiano..
Suzan Keila disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Suzan Keila disse…
Ufa...

Deu um show, poeta!

Foi de enrubescer a face.. rs =)

Massa.

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