Contratempo.

Procuro nos velhos cadernos
mas lá tudo é concreto
e é certo, algo se perdeu.

Por hora, nada passar por aqui
nem o tempo teve tempo de vim,
só o relógio insiste em rodar
- Ele conta números convexos que de tontos não saem, nem buscam somar.

Procuro nos velhos cadernos
porque agora tudo é demais
forte, intenso e complexo
como na rede que se faz amor
- Interligado, conectado, simbioticamente fugaz.

Procuro nos velhos cadernos
morosamente, pra chegar, viver, sentir
e passar. Sem esperar o tempo vim
ou o relógio, sem lógica, parar.




Comentários

Pétrig disse…
vejo que não perdeu a mão, poeta.

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