Palavras

As coisas são realmente muito mais do que as expressões... Entretanto, compreendemos apenas aquilo que possamos alcançar. Uns vão mais longe, outros não se arriscariam tanto. O que está cartografado, classificado, torna-se cômodo para um bom entendedor. Ora, se meia palavra basta, alguém faria esta pergunta: será que existem apenas os algarismos em uma palavra ou há algo mais?
Sim, ando pensando no que deixamos vazio nas palavras, no que se perde. Penso, por exemplo, nas dificuldades que encontramos quando vamos falar das coisas belas, das coisas que realmente nos importa (como é difícil falar do que realmente sentimos). Às vezes, é fácil perceber nas pessoas o descompasso entre o que sai da boca e a vontade pulsante no seu corpo. Existem coisas que saltam dos (aos) olhos, existem coisas que esses velam. Coisas que ficam mesmo nesse sentindo vago no qual emprego aqui. Coisas...
Ah, como faltam palavras e sobram comunicações. Tudo caminha pelo terreno do mal entendido. Continuando o exemplo: como é difícil falar das coisas belas. Não é que não falamos, é que existem situações nas quais as palavras tonam-se difíceis. Elas forçam o leito dos sentimentos sinceros, usurpam o próprio valor sentido; pois, muitas vezes, o interlocutor não percebe ou sente os significados das tensões corporais. Seria possível organizar o que se vai dizer, preparar a resposta, desvendar o silêncio, ver os olhos longos desvelando um pedaço de intenção; ao mesmo tempo, sentir as vibrações corporais, a densidade da pele, perceber a respiração ofegante, medir a pressão do corpo, os batimentos do coração e ouvir?
Na existencia de todas essas coisas paira ainda um vazio que só poderá ser superado pela sicronização dos sentimentos, do pensamento e da intuição. Esse vazio existe porque, no tempo em que tudo isto foi feito, algo escapa à percepção simples. Mas não escapa a outras formas de comunicação…

Comentários

Otávio M. Silva disse…
excelente.... muito bem trabalhada....

depois se vcs puderem, deem uma olhadinha no meu blog lá

http://otaviomsilva.blogspot.com/

Grato.
Pétrig disse…
fica suspenso no ar, mas não escapa.

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