Daniel na cova dos leões.
Hoje eu queria escrever um poema
sobre um amigo que se foi.
Mas ele teria sido radicalmente contra
como sempre foi.
Burlando livros e a rima do talvez.
Acho até que se esconderia do mundo pra viver de novo.
Teria sido uma mariposa de uma poesia
toda cheia de pose.
E quem acreditaria noutra vida?
Se não crês em nada com certeza,
pra onde saber se vai?
Nessa terra de amigos ateus
Aos teus, hoje acho que tu só quereria um dia de pinga!
E talvez um rock, um metal, uma morte veloz de overdose.
Uma semana de riso e não de terror.
Mas hoje eles choram tanto perto do teu caixão,
Que não sabem se tu foi mesmo pro outro lado.
Ou se ainda está aqui.
E se lembram pois,
mas não com coragem,
de se despedir.
Porque com tantas lágrimas nos olhos
parece que você é,
e que nunca irá.
Nós, vós e eles: são tantos os dizeres
que sobre ti e em teu nome,
e quem sabe com tua voz
diremos que amanhã só sobrará tua forma
como incansável à tudo, gritando o amor.
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