terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Doutore-se não.

 

Dunas do além mar é barato p'ra chuchu.

Filhos do desbunde, sem lume.

Sem leste e oeste

tudo bem também.

Sem semitismo ou ante.

Pois se não surfo: tiro onda.

Latas se abrem e roncos se hão.

Pai de menina, como sim não de costume.


Com bem e sul, o Nordeste vai sol.

Tu se sujas e brincas e recicla tudo.

O que há de pior e melhor em mim.

domingo, 18 de dezembro de 2022

Grita (12/12/12)

 só quem aparenta sabe a dor das aparências....



por isso rasga o que sente como bem quiser: grita, bate, morde, chora, escreve,

conjuga todos os verbos que te serve, mas tece com cuidado as tuas ações;

a loucura das tuas mãos e a força das tuas unhas marcam todo o meu corpo.


a angustia age como o ácido,

o álcool age sedativo

 alivia ou amplia, plácido,

 a ferida que corrói sem cansaço

o tal problema sem solução.


Como posso ser culpado por não ouvir o teu silêncio?

Só ouço ecos;

lamento.


                    Dor guardada não sabe falar.




quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Uma nota só

 Quando passas diante de mim, tenho tanta raiva de ti que passo a achar que te amo. Tudo me incomoda. Olhar o teu jeito, os teus planos. Tua respiração profunda antes de me olhar e proferir palavras sem sentido.  Não há som, só há a vontade de te abraçar. E isso me incomoda. Existe um mundo quando bastaria o nosso abraço. Os teus traços e loucuras que eu teimo em perdoar. As minhas loucuras que temo esquecer. Te amar seria esquecer quem eu sou, sentir o gosto de mar ao alvorecer. É o tesão ao acordar e o gozo antes do café, não da manhã, do dia que anuncia a minha solidão. Te amar é contemplar as pinceladas do artista ao criar um quadro belo e distante. O cheiro da tinta inebria, seduz e compõe a paisagem de um azul da cor de amar. Amarelo sorriso de amor que se abateu em cada desilusão. Te amar não me deixa bobo, só deixa um lamento do si dó ré do meu coração, o qual eu não posso resetar. Na verdade, te amar é um abraço apertado onde todo o resto desaba sem nada poder nos atingir. Não há mais nenhuma palavra, nem outro ser, nem raiva. Uma única nota: só eu te amo. E assim seria se não fosse raiva o amor que eu não tenho.

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Nós não?

Eu talvez seria um dos primeiros a serem queimados

Passados talvez no frio aço da espada.

Cujo sangue, corrente e vermelho gritasse algo.

 

Tu quiçá serias também uma das segundas a estarem mortas.

Presentes, porém, no calor da ressureição.

Cuja alma, parada e branca silenciasse o nada.

 

Eles porão por aí seres sem sexo.

Futuros assim, na dobra do tempo.

Cuja vida, esquecida e azul transmitisse tudo.


quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Egocentrismo

No seio que habita,

o meu ser estremece

ao ver meu reflexo e...

quem, supostamente, sou.

Um efeito de várias causas

um ego que fere 

dentro do meu ego

minha própria dor.

Já não quero ser

mas, supostamente,

ainda estou...

Distante numa nau 

olhando para um caos...

Quem foi, Deus, que criou?

(...)

O solitário em sua solidão que se perdeu em seu ego e nunca mais os encontrou - os filantropos.















quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Responda rápido.

 Que medo você tem do social?

Da pessoa pobre

Da pessoa preta

Do pedaço nobre?

 

Que sósia você é de si?

Que mesmo sozinho

é tão tenso?

 

Que vazio você possui?

Que ao passo, mesmo cheio

é sem luz?

 

Me esgota até a força da poesia inicial...

E quando o verso não vem:

A pergunta cala miúda!

 

Se renova assim à força a rima

E quem tem não versa: saúda!

A calada sem fim da saída.

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Tornei

Faz tempo que não visito o papel.

Jaz vida antes de ti,

e se te vi por ai

não foi por querer.


Assim sois rápido

prático poema,

lido e rapidamente 

esquecido.


Com a função de nutrir

e fazer rir talvez.

Sentir algo que passe logo.


A vida antes é um sim.

Vil às vezes

e agora não. 


quarta-feira, 13 de julho de 2022

Vida

Desculpa!

Sei que faz um tempo...

Mas não sei te tratar como se não fosse o amor da minha vida...

Não entendi muito bem o lance do ex amor...

Foi bom te ver. Sim!

Não tão bom...

Ex amor.

Não tão vida, nem amor...

Nem algo que me falta...

Mas algo que ficou...

A falta de um amor.

terça-feira, 28 de junho de 2022

Misolada

Dias comuns precisam rimar

com algo que venha do fundo

e possam quem sabe brincar

com as alegrias do mundo.


Meu deus que poesia fácil.

Não vem de canto nenhum

e parece inaudível,

um som em silêncio só.

 

Que posso eu, se não adiantar pra ti

tanta saudade?

Perdido na semana que se foi.

 

Dias assim carecem sumir

como o vento frio da noite,

e quem sabe vão pra tão longe,

que levam consigo o açoite.

 

e se faltas, te encontro em breve

afastado de todos

perto e logo só de nós dois. 

sexta-feira, 3 de junho de 2022

Fragmentos de uma coisa só


Eu queria fazer um poema a teu alcance, assim, meio distante.

Porém, aqui, rente ao chão, tudo é meio rasteiro. 

Sei da minha culpa, pois inflei tanto o teu ego que implodi o meu desejo. 

E te olhando nas alturas, ao sabor dos ventos, vi a tua queda ao som dos trovões.

 Por favor, não confunda desespero com desprezo...

Eu me desespero, pois depois dos dois beijos tudo é traiçoeiro.

Quando pensei em cativar a tua alma eu já estava preso. E assim pude, sem ser o que mereço, ansiar por liberdade e não por paixão. 













quinta-feira, 21 de abril de 2022

Por coincidência, Jeri!

Esses dias ando pensando sobre as paixões e como ela nos leva a fazer aparentemente coisas sem sentido. Ainda mais após um grande amor perdido, do qual não queremos aceitar o luto.

Não falarei aqui do amor, da sua beleza e de como tudo é divino e maravilhoso. Porém, do acontecido, digo que ela ainda estava embebida por a ilusão romântica de um amor ideal que vivera.

Pois ele apareceu do nada em uma dessas viagens, que Sabrina fazia com as amigas, na qual o mundo se apresenta para ser explorado nos vários sabores das descobertas das vida. Ele era alguém encontrado no paraíso.

Imagine um encontro e os afetos gerados à beira mar regado de vinho, violão e poesia. E mais do que de repente ela se via musa em Jeri. "La Belle de Jour, a moça mais bonita de Jericoacoara.".

Foram dias eternos em um cenário de contos de fadas tropical, com maresia, drogas, sexo e com todas as ilusões da paixão, mas com data marcada para o fim. 

Contudo ela sabia que guardaria aquilo para vida. Eles moravam em lugares diferentes mas havia a possibilidade  de um reencontro em um paraíso qualquer. Ou no mesmo paraíso, Jeri! 

E se foram mantendo contato e marcando reencontro com melosas frases de saudade. 

Mal sabia ela que se fosse uma foto para o feed do Instagram aquele cenário seria o melhor, teria o melhor filtro no contexto das ilusões do perfeito. 

Exagero, talvez, pois houveram outros vários bons encontros. Por meses, ele vinha à Fortaleza para vê-la e conhecer os paraísos desta terra e ela se ia ser feliz na ilha do amor.

 Os percalços do cotidiano nem a beleza nunca os atingiam. Todos os encontros eram extraordinários. Eram mágicos.

De tão mágico que deixo aqui minha opinião: o amor se constrói no ordinário dia à dia do comum. Só há verdadeiro amor quando se suporta o peso dos dias com o outro. Das coisas boas às ruins. A vida não é feita de extraordinários... Se assim fosse o extraordinário seria um tedioso comum.

Por isso talvez as coisas entre eles foram esmorecendo após intensos meses e viagens. O extraordinário tornou-se comum e o encanto ficava cada vez mais distante. Pelo menos para um que já buscava viver levianamente novas paixões.

 Ela percebeu a mudança na presença da ausência quando eles estavam juntos depois de muito tempo distante e assim, rasgando o peito, chegou a "um fim". Em término de relacionamento há vários finais. Saiba escolher o seu. Aquele seria o primeiro fim, para ela.

Não aceitar o fim nos leva a escolher novos começos que podem nos levar à finais mais dolorosos. Ele sumiu. Ela "aceitou" o fim mas também acreditava em um novo começo. Esperava só a oportunidade da magia voltar a acontecer. 

Seguia em frente rememorando os sabores da paixão que vivia. O fim não havia tirado o sabor doce da boca. Enquanto isso, saía com as amigas, festa e fantasia era o que não faltava em Fortal city. 

Alguns meses passaram, o sabor daquela paixão já se dissipava, estava tudo certo para aquele sábado à noite. Porém, maldita redes sociais digitais que nos faz lembrar o que não queremos esquecer. Ela encontrou a oportunidade, do possível recomeço, justamente em Jericoacoara.

Ela soube às 19h horas de sábado quando se arrumava para festa onde iria encontrar as amigas que sua paixão estaria a tocar violão na praça de Jeri. Seriam 5 horas de viagem para um possível reencontro ao acaso planejado pelo amor. Fazer uma surpresa teria um sabor irresistível.

Imagino que, para ela, existia uma sensação improvável que os encontros planejados teriam sido a causa do desencanto amoroso... ou ela só estava desesperada mesmo para ter aquele amor ideal concretizado naquele homem.

Conseguiu convencer uma amiga a ser sua fiel escudeira. Juliana não dispensaria uma aventura, mesmo que não entendesse o motivo de tal loucura. Pé na estrada até o paraíso! Juliana esperava diversão e pegação.

A viagem foi tranquila. Regada por conselhos amorosos, as duas trocavam experiências sobre viver e amar. E a conclusão era que se fosse por amor, enquanto houvesse corpo, tudo seria possível. 

Chegaram à meia noite, melhor horário para curtir, não havia cansaso, só uma adrenalina que beirava à loucura. Não há melhor droga do que a paixão. E o barato foi frenético até o reencontro. Juliana estava pronta para seu objetivo. Sabrina, não. 

O motivo do sabor doce estava alí em sua frente, para Sabrina todo o tempo e o lugar deixou de existir. Seus olhos, sua boca, sua voz e violão a enchia de euforia. Com educação, ele acenou, sem descer do palco, sem perder o tom. Apesar daquela sensação, eles não estavam sozinhos. 

E algumas horas se passaram, Juliana se tocou que havia caído em uma cilada, faltava muitas coisas interessantes naquela praça, no entanto não conseguia tirar sua amiga dali. Para ela, tendo o mundo em Jeri, não havia mais corpo que aguentasse ficar em pé olhando aquele homem, sem graça, tocar e cantar. 

Já a Sabrina, ainda restava a esperança de toda magia se repetir. Toda aquela aventura, todo aquele seu esforço poderia valer a pena. Com essa intenção, ela reencontrou o grupo de amigos de Sérgio, bebeu com eles... Mas Sérgio, tão perto, parecia inalcançável.

Depois de quase quatrocentos quilômetros, ele estava uns dois metros de distância, uns longínquos dois metros que comprovam que a distância física nunca será a barreira que separa os afetos. Ele estava em um papo gostoso com outro alguém assim como já tivera com ela.

E realmente estava, quando finalmente se falaram, ele de mãos dadas com outra se admirou da coincidência de ambos estarem alí novamente. Pronunciou algumas palavras sem sal e, depois das apresentações, uma despedida sem cheiro.  

Ela veio ao chão, depois de  pairar de uma louca fantasia romântica para uma realidade inverossímil. Este foi seu encontro com o fim e, aos poucos, o luto se abateu. Juliana percebeu e segurou sua mão, dispensou quem a agarrava, após trocas de contatos com um italiano, e passou a cuidar da amiga.

Posso dizer que, sem descanso, as duas se foram do paraíso pagando pelas dores da paixão. Uma por não ter contido a amiga, a outra por ter agido pela ilusão do reencontro perfeito, coincidentemente, em Jeri.

A volta foi algo parecido com um velório em meio à várias ressacas, dores de cabeça e vontade de vomitar: "como pude ser tão trouxa? Sem sentido, sem sentindo uma viagem de volta ao fim. Ainda um fim mais doloroso pra mim". Martelava a Sabrina em um rompante tardio de razão.



segunda-feira, 18 de abril de 2022

Fragmentos

 Quando adolescente eu avistava paixões impossíveis, foram várias.

Hoje, após vinte anos, tenho uma...

Fico feliz por estar apaixonado e triste pela raridade de tal feito.

Lembro-me que toda semana era uma poesia, hoje elas são raras como minhas ilusões.

Acho que eu não sou tão fugaz nem poeta.

Aquele grande amor ficou para trás, pré histórico, pré pandêmico.

Entretanto, sobre esta paixão, nela eu vejo os olhos do impossível.

E é com a possibilidade que eu danço e, talvez, seja a impossibilidade que me interessa.

Assim como me atrai aquele olhar cotidiano, o teu, a tua flor, o teu sorriso e teus símbolos de poder, controle e sedução.

 Não há confusão, eu tenho vontade de te falar várias coisas e contigo viajar o mundo enquanto me contento com teu cheiro. 

Ah, a paixão é uma viagem sem destino. Ao contrário do amor que tem lugar e é como filho que a gente tem que alimentar.

O amor morre de fome, já a paixão morre sem ar. Ou ela é consumida e ganha o nome de rancor.

O meu amor já morreu algumas vezes...

Já morri e voltei várias vezes violentamente à vida.

Como é possível?

Nunca quebraram o meu corpo enquanto picotavam a minha alma.

Não sei quanto tempo esta carcaça vai aguentar, mas espero ter tempo, tempo de me apaixonar até me desiludir...

Espero não me perder em meus delírios nem nos labirintos da memória... Porque renasço em cada paixão e continuo vivo quando ela vai embora...

quinta-feira, 14 de abril de 2022

Daniel na cova dos leões.

Hoje eu queria escrever um poema 

sobre um amigo que se foi.

Mas ele teria sido radicalmente contra 

como sempre foi. 

Burlando livros e a rima do talvez.

Acho até que se esconderia do mundo pra viver de novo.

Teria sido uma mariposa de uma poesia

toda cheia de pose. 


E quem acreditaria noutra vida?

Se não crês em nada com certeza, 

pra onde saber se vai?  


Nessa terra de amigos ateus

Aos teus, hoje acho que tu só quereria um dia de pinga! 

E talvez um rock, um metal, uma morte veloz de overdose.

Uma semana de riso e não de terror.


Mas hoje eles choram tanto perto do teu caixão,

Que não sabem se tu foi mesmo pro outro lado. 

Ou se ainda está aqui. 

E se lembram pois, 

mas não com coragem, 

de se despedir.


Porque com tantas lágrimas nos olhos

parece que você é, 

e que nunca irá.


Nós, vós e eles: são tantos os dizeres

que sobre ti e em teu nome, 

e quem sabe com tua voz

diremos que amanhã só sobrará tua forma

como incansável à tudo, gritando o amor. 


quinta-feira, 24 de março de 2022

Sem sal

 Deixo aqui radiografado, 

sonorizado o peito dilatado, 

estupefato, ousado, enganado, 

maltratado,  mal amado, 

maltrapilho e escorraçado 

de sentimento isolado,

 de sentir menos acomodado, 

de sentir menos amor.

 Deixo, agora, a angústia duvidosa,

migalhas saborosas, nada de novo, um pouco de bossa, um pouco de som sem sal no sabor que vejo...

Já que não há sal no cheiro da vid. Só no próprio suor de cada dia, na vinda de cada encontro que fecho ao ir nesta ida do texto que deixo ao partir.


sábado, 22 de janeiro de 2022

O problema da desconexão

è que sempre vai haver um problema

e ele sempre vai doer.

Nem sempre vai se resolver,

mas vai ficar.


E sempre vai haver um cão latindo, 

e chorando para mijar na porta, 

Nem sempre porém, haverá um dono

que irá se acordar.


Nunca seremos perfeitos,

nem nunca pusermos ser

mas sempre pousamos 

de querer estar 


Assim seremos um sós

um nó, errado que se deu

e que não se acolheu amanha. 

Lágrima

As vezes é melhor não dizer nada

deixa calar e sufocar o peito.

Quando e qualquer termo 

poderia expor: emudecer.


As vezes é pior calar o seio, 

ficar mudo e estrangular voz.

do que querer ser melhor,

não dizer nada, 

nem um aí sequer.


Das dunas fiz um porto.

Diante de ti tremo e tenho tudo e remo tanto  para não falar que minha rima fraca e cansada de repouso e  de descanço de um trabalhador da p...