terça-feira, 26 de julho de 2011

As bonecas ficaram para trás.
Foram-se cedo demais.


A menina viu-se mulher.


Da inocência na “rua ladrilhada
com pedrinhas de brilhantes”,
para a vida real...


Realidade faz crescer.


Menina madura.


Mulher mais dura.


Dane-se a etimologia.


Mais dura, que seja.


Ainda é cedo para as bonecas.


Elas não dormem.
Nem envelhecem.


- Acomodem-se...


- Fiquem um pouco mais...


Até o escuro passar...


E, outrora,
a luz e a sensatez,
ladrilharem a rua
da vida dela...

Noutro dia

Ao equilibrar-se na desaforra da dor,
no seu vício de amar, dialogas com o fim.
Imaginas no seu eu o instante perto de ti,
pois logo dali vão existir as cenas finais.

Porque sente como se fosse
ao seu prazer sentir tão perto
os talvez das dores secretas,
tão corretas nas loucuras banais...

Encenas ao findar o que nem começou
a não ousar superar as faltas de dengo
ao gritar e fazer pirraça com a própria dor,
ao dançar na embriagues do não me lembro...

Sem querer acordar e pensar no que sente
espera novamente a noite pra esquecer
e lembra de se perder no prazer, quiça,
nos carinhos dum paliativo qualquer.


Bom dia!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Nota

voz
violino
violão

do sol
pra solidão

do pó
pro pó

7 palmos do chão
foi-se na contramão...
7 vidas de só-soli-dão...

sábado, 23 de julho de 2011

Agora,
como um só.

Nossa cama,
Nosso amor

O calor do teu corpo
pesando sobre o meu...

Os carinhos, as carícias...

A falta de pudor...

Somos iguais...

O inacabado que há em você,
completa-me, penetra-me...

Sua menina, sua mulher, sua fêmea...

E, ao cair da noite...

Quando a cama e os lençóis
tornam-se pequenos demais...

Firma-se o nosso pacto.

Somos um.

Em carne.

Literalmente um.

Por alguns instantes,
segundos, minutos...

“[...]Sou bandida
Sou solta na vida
E sob medida
Pros carinhos seus[...]”

“[...]Sou igual a você
Eu nasci pra você

Eu não presto[...]”

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Minha Pessoa

Que saudade antecipada da tua chama,

da tua carne quente, da tua alma calma,

da tua calma ardente, e a sua cama nua,

e a lua nova ascende,

e a carne fraca tende,

a te amar demais,

e nunca tanto,

e sempre pouco.

É que sacio tanto,

de te amares tanto,

e encostar-se em pranto,

no teu peito ordeiro,

e faço dele a paz,

que eu sempre busquei em vida.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Na máxima

Tempos atrás, ao sentir, ousei imaginar e contar os sintomas da paixão. Não só os sintomas, mas sua máxima, o ápice da ebulição de sentimentos.
Assim delineei...

A máxima duma paixão seria a embriaguez da alma,
a distorção dos sentidos,
a demasia do prazer;
constituir-se-ia na realização da arte
súbita, surreal, visceral... 
Instintivamente ardente com suor um pouco dormente ao romper antes do fim, seria o gozo cortado ao parar para dormir.

Insana
num sempre querer mais,
num olhar ordenando,
como num sussurro que se contorce sangrando em amar odiando, 
amando odiar o não no sim,
seria o não querer e ficar
ao penetrar mordendo,
ao ferir as costas com os desejos do avesso do amor
ao ferir na carne, no sexo, nos ciúmes de si.

A máxima da paixão seria dolorosa,
masoquista, sádica e infernal,
porém poética no revés do romance do amor brutal.
Faria adoecer, feri, machucaria até a morte na vida sem fim.
E sem ser para todo sempre, adormeceria num delírio de prazer,
num som do amanhecer ao soprar e tilintar mágoas do amanhã.

Seria aquela vida, aquele vício sincrético,
Sem condescendência, doente e sadio:
o começo e o começo do fim...
Teria ao adormecer que se amar,
retrair-se introspectiva,
marginal na força do amor como mediador de mim.

Talvez, nada mais seria do que a coragem dos fracos a esvair-se num conflito por si...

sábado, 16 de julho de 2011

Mandacaru,
chuva no sertão.

Chega água,
chega acalento ao coração.

Quem sobrevive à falta d’ela,
vive a esperança de vê-la chegar...

Formosa como uma flor,
ainda a desabrochar.

O amor é assim...

Sobrevive.

Tem suas reservas.

Raízes profundas.

As folhas caem.

E ali está ele...

Esperando o tempo favorável.

Amor é mandacaru,
 é sertão, é caatinga...

Espera e nunca morre...

A água de viver!


terça-feira, 12 de julho de 2011

Ensaios políticos para chuva

Não sou de esquerda, de centro menos, nunca de direita. Não!

Não sou também bolchevique, Sans-Culottes, menchevique, da gironda ou jacobino.

Muito mais sou Severino, não em morte. Ainda não. Mas em vida, também não sou

seu camarada, companheiro, partidário.

Sou por opção mais bicho, mais animal que racional.

Antes que ser um ser aquilo:

definido e limitado.

prefiro assim,

inacabado...

domingo, 10 de julho de 2011

Dézdossete

Para conquistar uma mulher um homem faz tudo e de tudo.

Se faz herói, valente e corajoso. Mente e se entrega mentindo,

de todas as maneiras e formas, conta todas as ilusões e silêncios.

Canta todas as emoções que não teve, desbrava todos os caminhos que não percorreu.

Derrota todos os inimigos lendários, e é sempre o homem que nunca foi.

Conquistar por felicidade, nunca foi tudo.

Ama-la é bem mais, não é preciso varrer mundos atrás de sonhos,

nem fundos atrás de ganhos.

Para amá-la é só vivê-la, senti-la e respira-la,

Como se cantarolasse em seu corpo,

e enlaçar-se delicadamente nas teias de sua alma.


sexta-feira, 8 de julho de 2011

Sem ênes do meu amor

Quis chorar todo demasiado

depois das covardias de nós dois,

mas não chorei.

Engoli e senti as lágrimas descendo,

Chegando à alma, ao natural.

Não na face, tão social.

N'alma lágrimas são mais fáceis de sentir.

Lágrimas talvez derradeiras,

talvez corriqueiras,

talvez de um fim.

Frutos de um tempo,

e um sentimento

que parecem-me já cansados de chorar,

e que de certos

latejarão até que curem,

em ti e em mim.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Meu bem

Você é de encanto e beleza,
fina destreza no jogo de olhar
o que não esconde a fraqueza,
sua terna carência de amar.

Amor difícil, suicida por vício
cio do ócio de nada mais existir
além do seu querer amar em si
além do que se pode esperar...

Aí chora forte, faz um drama
o que engana, gramas de prazer
ao querer e ter dengo, se suave
ao se ver satisfeita, na carne;

Ao reagir naquela saudade
a qual você quer assassinar
longe da desaforra da dor,
mais tarde, quando ele ligar...

domingo, 3 de julho de 2011

De manhã

Depois do amor veio o cansaço,

A dor e a solidão à tira colo.

Com eles vieram também lamúrias,

Tristezas, mazelas do corpo e da alma.

Enfim apareceu o tempo perdido

E as promessas banais deram a cara,

As raivas,

As neuras,

As brigas,

As rugas,

Todas apareceram de vez,

E por vez,

Os sonhos destroçados,

Os planos desfeitos,

Os cabelos brancos.

O fim do mês.

Por desfecho:

Ficou o silêncio,

Atormentador,

Que não se cala,

E se faz grito

De esperança

E consolo,

Aos corações amargurados.

sábado, 2 de julho de 2011

Linda

Se for de reza,
de reza eu sou
Se for de amor,
amor vamos fazer
Se for de briga,
vai-te pra lá!
É que eu não vou brigar
Por causa de você.

Das dunas fiz um porto.

Diante de ti tremo e tenho tudo e remo tanto  para não falar que minha rima fraca e cansada de repouso e  de descanço de um trabalhador da p...