Politicuzinho
Talvez Bertold Brecht se viesse hoje ao Brasil, chorasse uma lágrima de desprezo e desgosto. Uma só. Se topasse talvez com um e outro tipo. Militante tipicamente bruzundanga dos anos dois mil, se me empresta o termo Lima Barreto.
- Minha ideologia é que sempre o rico perca e o pobre ganhe!
A ideologia em que um ser humano "perde" e outro "ganha" não esta longe em essência, do que está posto como situação. Já descontextualizar qualquer pedaço da conversa para fazer pirraça e sem motivo qualquer fazer política, (vira o rosto e disfarça) tornando-o canção, pode ser sem sombra de dúvida uma ação extremamente política.
Já uma ação vazia, ou melhor, um "ato" vazio, como querem colocar os tais tipos, mesmo maquiados por um conjunto de ideias, ideais e ideologias, ainda que de um brilho radiante, quase solar. São apenas atos vazios e por mais grandioso e chocante que possam parecer, assim como todos os bons espetáculos teatrais devem ser: nacionalismos, anarquismos, utopias capitalistas e socialistas, conceitos e conjunturas, assembleias e pautas, monarquias ambientais e sindicalistas burgueses, estão num mesmo bojo de mascaras e sorrisos.
A história que me perdoe, mas, minha arma é a poesia. Só ela. Silenciosa, que caminha quieta, sem fazer alaúde. Sem levantar bandeiras, gritar nomes e códigos, símbolos e ladainhas, dizeres e jargões e jagunços. Sem atirar pedras, minha arma não atinge, almeja alcançar. Não quer possuir o cartucho da justiça, nem se municiar de boas intenções. Minha arma existe desarmada e desalmada, existe e só.
Talvez seu disparo não seja notado e não seja sentido, e pareça não ter sentido. Mas tem. Toda palavra tem, e ela fala por si só. A poesia é doce e é feroz.
Comentários
Agradecido solidário colega.