Ensaio sobre a velhice segunda

Quando anoitecer,
e me tornar confuso,
quero voltar
e ser poeta inseguro.
Que cante mais as paixões,
se iluda mais com o amor,
e nas madrugadas, se puder chorar,
chore aos berros.

Quero anoitecer,
e me torna mais carinhoso,
intenso, atrevido
um pouco mais
que devo ser.
Sim talvez, estando longe
em pensamentos tão distantes,
em pensamentos: tanto faz.

Onde anoitece-se assim?
Podendo coisas, assim
sem sentido.
Só nos cantos da revistas?
Sim.
Estar velho já é paz.
Fruta de certa cor esquecida,
que nem toda poesia,
vai dá conta de contar.


Comentários

REAVF disse…
Lembrei das Memórias de minhas putas tristes.

"Preparado naquela noite para tudo, me deitei de barriga para cima à espera da dor final no primeiro instante de meus noventa e um anos.Ouvi sinos distantes, senti a fragrância da alma de Delgadina dormindo de lado, ouvi um grito no horizonte, soluços de alguém que talvez tivesse morrido um século antes naquela mesma alcova. Então apaguei a luz com o último suspiro, entrelacei meus dedos com os dela para levá-la pela mão e contei as doze badaladas da meia-noite com minhas doze lágrimas finais, até que os galos começaram a canta, e em seguida o repicar dos sinos de glória, os foguetes de festa que celebravam o júbilo de haver sobrevivido são e salvo aos meus noventa anos.
Pétrig disse…
ainda espero a terceira. de ti tirar o fôlêgo.
Suzan Keila disse…
Esse tem mais cara de "poeta envelhecido"...que nem cachaça velha ou um bom vinho, então... =)

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