terça-feira, 23 de novembro de 2010

Contratempo.

Procuro nos velhos cadernos
mas lá tudo é concreto
e é certo, algo se perdeu.

Por hora, nada passar por aqui
nem o tempo teve tempo de vim,
só o relógio insiste em rodar
- Ele conta números convexos que de tontos não saem, nem buscam somar.

Procuro nos velhos cadernos
porque agora tudo é demais
forte, intenso e complexo
como na rede que se faz amor
- Interligado, conectado, simbioticamente fugaz.

Procuro nos velhos cadernos
morosamente, pra chegar, viver, sentir
e passar. Sem esperar o tempo vim
ou o relógio, sem lógica, parar.




domingo, 14 de novembro de 2010

sambinha sem nota...

... Aquela hora teu corpo é samba,
tua noite é vazio,
e teu choro perdão ...

... Quando canta a avenida,
quando o grito é teu nome,
e o enredo é paixão ...

Entenda a demora!
Ainda não era hora,
de um fim começar.
Mas é fim de ano,
e começo de um novo,
e começo de novo a pensar carnaval.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


E se é tudo sonho

maldade seria

acordar e viver

de outro jeito;

Olhar e não ter

nada feito

pra nós

por nós

por mim

e por ti.


quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Sozinho,

reparo agora

numa solidão como afago.

Ela passa e me coça as costas

num tom delicado.

Tom de ternura,

Hum...

Carícias que querem conquistar.


segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Você

Sorris assim, sentido-se toda,
ou quase toda, atordoada e dona de mim.
Descoberta por meus anseios,
desejada por minhas mãos,
cortejada por meu olhar...
Inocentada em meus erros,
Impura em meus pensamentos,
intrusa em meus eus todos, e tormentos...
Notória e quase obrigatória aos meus beijos...
Todos eles, dos mais despretensiosos,
aos de certo endoidecidos que toda noite te dou.

sábado, 6 de novembro de 2010

interno-me.

As vezes eu volto e não volta ninguém!
Quando eu chego tampouco chega alguém!
Ao sair, só sempre ando. Quem eu sou?
Não é charada, nem adivinhação
poesia talvez não!
Uma continuação de algo deixado pra trás,
no começo de mim, na genes do meu eu.
Quem sou eu?
De fato perguntas são,
são até mais que isso,
são extensões de outra parte de mim,
esquecida nos confins de uma solidão recatada,
expelida dos mais encantados sorrisos,
e das mais destrutivas paixões.

Extensões de um eu dissipado,
fatiado de rugas e memórias conflituosas,
concebidas da forma mais lúcida,
que a dose mais lúdica pode trazer.
Doses e dores cavalares,
dos mais redentores amores.
Que me tornam algo inexplicável pra mim,
um eu-dilema ambulante que me procura todas as horas...

Cotidiano.

Viver  cada dia era seu lema,
quase nunca tropeçava,
só o permitia quando era de seu agrado.
Alias como tudo em sua jornada, sua luta diária como gostava de chamar.
Sentindo-se talvez um guerreiro, de um outro lugar,
mais longe dali, lugar sem nome nenhum.

Era prático! Alguns diziam:
- inteligente, distraído...
tinha um sorriso bonito e abobalhado.
O simples trago, o torpe gole, a paixão varonil.
Tudo era egoísta de uma forma peculiar,
era um hino de si mesmo
que tocava em seus ouvidos de mpb.

Quando um dia, esperando o ônibus regular, do dia à dia,
Caiu inexplicavelmente morto,
inexplicavelmente morte.
Foi do nada! Outros gritavam.
Seu corpo caído ...
e sua alma saindo,
continuava, subindo,
olhando-se por fora,
dando um aceno,
parecia até dar um adeus, um até logo sem nome nenhum.

Das dunas fiz um porto.

Diante de ti tremo e tenho tudo e remo tanto  para não falar que minha rima fraca e cansada de repouso e  de descanço de um trabalhador da p...