Perdas e ganhos.
Sobre perder, eu sei.
Sou muito boa em perde chaves, canetas, livros...
Já perdi o ônibus, já perdi a hora, já perdi tantos beijos...
Já perdi a vergonha, já perdi a cabeça, perdi máscaras e camisinhas.
Perder grandes amores é quase minha especialidade.
Sobre perder eu sei, mas nunca vou me recuperar de cada umas essas perdas.
Nunca vou me recuperar do chaveiro vermelho e verde que carregava minhas chaves, das canetas pesadas do meu avô, dos livros lidos e perdidos antes da releitura; não tenho como me recuperar da estrada que não peguei, dos minutos que enrrolei, os beijos que nunca dei; vergonha e cabeça, não tem como eu me recuperar mesmo. Todos os sexos que não fiz por que perdi a camisinha... como me recuperar disso?!
Eu sei perder, entendo o processo... Mas não há como se recuperar de tudo isso.
Um dia minha mãe perdeu o juízo e se separou do marido. Depois de algum tempo, ela se casou de novo e eu pensei: lá vou eu, me acostumar pra depois perder. Engoli à contragosto... Sabia que ia perder.
Se passaram 13 anos, e hoje sinto que esse dia se aproxima cada vez mais.
Sei que nunca vou me recuperar se eu perder esse meu pai. Se ele nunca mais se levantar daquela maca, se ele nunca mais voltar pra casa, vou perder feio e não vou me recuperar.
Mas hoje, pela primeira vez em tanto tempo pensando que vou perder mais uma vez,.. hoje, olhando pelo vidro da Unidade de Tratamento Intensivo eu percebi: só se perde por quê um dia se teve. Eu o tenho há 13 anos, e ganhei inúmeras chaves, canetas, macarrão com queijo, suco de goiaba e cigarros escondidos, quando minha mãe não sabia que eu fumava.
Eu ganhei um bucado.
Ganhei um pai, um chato de galochas, um amigo que nasceu em 1947...
Posso não me recuperar se perdê-lo, mas não conseguiria sequer respirar à sombra da simples idéia de nunca ter tido todos esses anos.
Eu nunca vou me recuperar de uma perda, mas ainda bem que eu a tenho pra provar por a + b que só se perde o que de fato se tem.
Sou muito boa em perde chaves, canetas, livros...
Já perdi o ônibus, já perdi a hora, já perdi tantos beijos...
Já perdi a vergonha, já perdi a cabeça, perdi máscaras e camisinhas.
Perder grandes amores é quase minha especialidade.
Sobre perder eu sei, mas nunca vou me recuperar de cada umas essas perdas.
Nunca vou me recuperar do chaveiro vermelho e verde que carregava minhas chaves, das canetas pesadas do meu avô, dos livros lidos e perdidos antes da releitura; não tenho como me recuperar da estrada que não peguei, dos minutos que enrrolei, os beijos que nunca dei; vergonha e cabeça, não tem como eu me recuperar mesmo. Todos os sexos que não fiz por que perdi a camisinha... como me recuperar disso?!
Eu sei perder, entendo o processo... Mas não há como se recuperar de tudo isso.
Um dia minha mãe perdeu o juízo e se separou do marido. Depois de algum tempo, ela se casou de novo e eu pensei: lá vou eu, me acostumar pra depois perder. Engoli à contragosto... Sabia que ia perder.
Se passaram 13 anos, e hoje sinto que esse dia se aproxima cada vez mais.
Sei que nunca vou me recuperar se eu perder esse meu pai. Se ele nunca mais se levantar daquela maca, se ele nunca mais voltar pra casa, vou perder feio e não vou me recuperar.
Mas hoje, pela primeira vez em tanto tempo pensando que vou perder mais uma vez,.. hoje, olhando pelo vidro da Unidade de Tratamento Intensivo eu percebi: só se perde por quê um dia se teve. Eu o tenho há 13 anos, e ganhei inúmeras chaves, canetas, macarrão com queijo, suco de goiaba e cigarros escondidos, quando minha mãe não sabia que eu fumava.
Eu ganhei um bucado.
Ganhei um pai, um chato de galochas, um amigo que nasceu em 1947...
Posso não me recuperar se perdê-lo, mas não conseguiria sequer respirar à sombra da simples idéia de nunca ter tido todos esses anos.
Eu nunca vou me recuperar de uma perda, mas ainda bem que eu a tenho pra provar por a + b que só se perde o que de fato se tem.
Comentários
essa nem precisa ser cantada, quando é, viram palavras lindas como as suas.