(des)Encontro.

Há, certamente, um mecanismo de Ironia na vida de cada um de nós. Ironia maldosa, alegremente cruel e escrita com letra maiúscula.
Encontrar, enfim, a paixão, deveria ser a trégua feliz de cada ser. Mas depois de tanto luto e tanta luta, encontrar a paixão em tão longes braços é, no mínimo, comédia grega.
Desencontro é o prato do dia.
Você come amargo e vomita espera.
O estômago embrulha somando centímetros, metros, quilômetros.
E o tempo?!
Também entra na conta: quilômetros mais horas, dias, meses... Passarão anos?!
Querer-te perto é algo posto, dado, imutável.
E desde a tua chegada, nada muda. A sala continua vazia, a água morna, a noite cinza; escapa-me à cada sorriso não dado, à cada cigarro fumado, que de trago em trago, te consumo em devaneios.
Queria desprover-me dessa cultura boba, desses trâmites burocráticos, dessa vergonha provinciana. Usar a distância a meu favor e dar a cara a um tapa bem dado.
De longe também sentiria dor?

Lamento.
Entre lamúrios, agouros...
Lamento um encontro que talvez tarde e talvez falhe.

Comentários

REAVF disse…
Por isso ando fugindo das paixões, apesar das belas poesias...

Postagens mais visitadas