Sobra de dor, sobra uma marca, sobra distância... Quase não sobra nada.
Falta pele, falta cheiro, gotas de suor
Falta o fino tato, a fala mansa, palavras brandas
Faltam palavras. Cadê os sorrisos? O olho fitando solene minha forçada timidez?
Falta tempo. Horas e dias se perdem, acabam, faltando um fim de tic tac amoroso.
Falta tempo para o entendimento, sobra espaço pra desilusão.
Falta presença, sobra espera. Cadê os dias seguidos e intermináveis de luxúria? As noites perdidas que ganhamos... Cadê?
Falta perna, braço, dedos... A cabeça, já se perdeu.
Sobra coração. Sobra, transborda, escorre calado e lento na correria nossa de cada dia.
Falta abraço, sobra distância. Ausência, sobra aos montes.
Falta coragem e pulso, sobra surtos de solidão.
Falta certeza.
Na mesa, falta bebida e sobra embriaguez.
Na falta disso tudo, sobra aos goles a insensatez.
E os espaços se multiplicam, a distância eleva-se à potências, mas o que era doce não se acaba: falta açúcar, mas não falta afeto.
Comentários
Eu, que nunca gostei muito de doce...