terça-feira, 28 de abril de 2009

Sobra de dor, sobra uma marca, sobra distância... Quase não sobra nada.

Falta pele, falta cheiro, gotas de suor

Falta o fino tato, a fala mansa, palavras brandas

Faltam palavras. Cadê os sorrisos? O olho fitando solene minha forçada timidez?

Falta tempo. Horas e dias se perdem, acabam, faltando um fim de tic tac amoroso.

Falta tempo para o entendimento, sobra espaço pra desilusão.

Falta presença, sobra espera. Cadê os dias seguidos e intermináveis de luxúria? As noites perdidas que ganhamos... Cadê?

Falta perna, braço, dedos... A cabeça, já se perdeu.

Sobra coração. Sobra, transborda, escorre calado e lento na correria nossa de cada dia.

Falta abraço, sobra distância. Ausência, sobra aos montes.

Falta coragem e pulso, sobra surtos de solidão.

Falta certeza.

Na mesa, falta bebida e sobra embriaguez.

Na falta disso tudo, sobra aos goles a insensatez.

E os espaços se multiplicam, a distância eleva-se à potências, mas o que era doce não se acaba: falta açúcar, mas não falta afeto.

4 comentários:

REAVF disse...

Falta muito coisa enquanto se sobra muitas outras...

Patrícia disse...

A cada falta um vazio, em cada sobra um cansaço!

Nininha disse...

e na falta de palavras, temos vc, que está cada dia melhor!

Acácio S. disse...

"falta açúcar, mas não falta afeto"

Eu, que nunca gostei muito de doce...

Das dunas fiz um porto.

Diante de ti tremo e tenho tudo e remo tanto  para não falar que minha rima fraca e cansada de repouso e  de descanço de um trabalhador da p...