sábado, 28 de fevereiro de 2009

Bem vinda.

Deixo então que a poesia me invada,
que o amor me arrepie os ossos,
que a paixão me encha os olhos,
e teu sabor entorpeça minha'alma,
por que de fato e direito, já sou teu
por todo e inteiro, pra esquecer das horas,
e dos dias em branco.

Nos dias de chuva, um bom filme,
suor, suspiros, e chocholate.
Tipo eternizando os minutinhos,
rindo da piada mais infantil,
e da vergonha, e da falta dela,
e da cama amassada se fazer parte.

De noite, quando se vai, e te digo cuidado.
quero dizer é não vai, quero dizer fica,
que a saudade já é latente, que essa é a hora,
de não ir mais, pois mesmo teu corpo sumindo,
tua alma se deixa nos meus olhos,
e vai aparecendo, se esfregando, permanecendo.

E no mais, namorar contigo,
olhando esses olhos grandes e vivos,
seria só um prazer a mais,
cheio de coisas pra contar,
cheios de não saber o que dizer,
cheio de só bastar olhar,
e não saber como agir, e ficar pasmo,
com tanta delicadeza em erupção,
bem-vinda dos teus carinhos.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Perfume

Entrei no ônibus e me derramei despreocupada em um dos bancos traseiros. Segui o ritual de sempre, fones de ouvido e livro em punho. Desta vez divertia-me com o humor suave de Fernando Sabino, tão sutil e espontâneo que deixei escapar uma risada sonora dentro do coletivo. Um outro passageiro sentou-se ao meu lado, um estudante talvez, e o perfume que usava perturbou minha concentração.

Era uma fragrância que me lembrava alguém, algum lugar, alguma época esquecida de minha vida. Fiquei durante todo o trajeto tentando lembrar em que lugar da minha memória aquele cheiro havia sido armazenado. Era um aroma forte, amadeirado, daqueles que dificilmente a gente esquece.

Talvez me lembrasse um antigo amor que, por algum motivo, eu gostaria de esquecer. Talvez fosse um grande amigo que eu não via há muito, aquele cheiro poderia perfeitamente lembrar um forte abraço, aquele abraço que somente os amigos sabem dar. Podia ser o perfume que alguém usou numa das festas de um dos congressos de estudantes, afinal esses congressos são sempre inesquecíveis, sempre deixam na gente uma nova história e sempre nos levam um pedaço.

Tentei sem sucesso entender porque aquele perfume perturbou tanto meus pensamentos, juro que tentei. Quem sabe ele não lembrava o cheiro de alguém que dormiu ao meu lado há um tempo, esses são os perfumes que mais permanecem na gente, o cheiro do corpo de quem amamos. Mas não é esse perfume, esse aroma eu lembro bem, ainda está em meu corpo. esvai-se aos poucos querendo sair... mas ainda consigo sentir.

Quem sabe esse cheiro tão instigante não é de alguém, algum lugar, algum tempo que ainda virá? E se assim for, a perturbação então dará lugar a uma doce saudade, algum dia...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Clara como a luz do sol.

Coisas da lua Quissá!
Das influências dela quem sabe,
nos acasos da vida a passar,
e o dia seguia, inebriante desde cedo,
grandioso a tardinha e enlouquecido de noite.
E são nessas noites de loucura,
que os mais antigos e infantis sentimentos,
os velhos,viram novos de novo,
no entanto renovados, firmes,
modificados, porém distorcidos
quase confusos, mas ainda claros,
como o sol,
seu sorriso,
pele, e olhar.

Stay in the light.

Se de fato o destino existe, se ele realmente é a soma desses inúmeros acasos, se com certeza tudo acontece por um motivo, eis que vejo agora com mais clareza.
Essa clareza cega, deixa tonta, enjoada, pois vendo o clarão, você já não sabe onde a estrada segue bonita, majestosa.
Uma palavra não dita, uma mensagem interrompida, uma carta desviada, uma noite cheia de planos mudados... O encontro com o acaso deixa você mais incrédulo com as certezas que teimamos em querer ter na vida. Se quiser ter uma certeza camarada, creia na incerteza dos seus planos, no desvio que as horas fazem, na rua interditada que lhe fez dobrar a esquerda, ao invés de seguir reto. Desconfie para se libertar. Olhe mais atento, cerre os olhos, abra a boca e respire.
Está tudo em movimento, pavimentando pra você andar.
Desconfie da cerveja, da roupa azul, dos olhos mais azuis ainda, do sorriso tímido, de um beijo à toa. Desconfie do frio na barriga que um desonhecido lhe fez sentir. Desconfie para então crêr.


- Não olhe para a luz, segure firme, fique comigo.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

miudinho.

[..]

Veio a vontade de cantar um bom samba, de começar a semana como um tocador cheior de amor...
Afinal, o que acontece no final não passa de uma chorosa trama, que na cama se desfaz.
Chegou domingo, e se fez diferente, majestoso; honrou cada minuto, não fez julgo da cortesã.
Nem mesmo amanheceu, o som das marchinhas tomaram minhas veias, fez delas avenidas, me colocou a dançar; me devolveu uma amiga, e fizemos mais vida das nossas, já perdidas, manhãs de amar...
Se a tarde chegou, eu nem sei; foi tudo tão junto, tão costurado, que naqueles rebolados embalados por samba enrredo, eu me preguei.
E o vendo naquele iluminar de sol, eu pensei não mais pensar; e se tem gênio ruim, é por quê bem deve dançar.

[...]

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Cena e carnaval

Não diria tantas coisas
Se dessas coisas algum absurdo
Talvez eu seja um pouco estúpido
Tantas coisas a se olhar.
Mas nesta cena alguém encena acena a cena de ser feliz.
E eu aqui, cá com isso.
Ora reboliço, o melhor que há.
Essa tua representação talvez seja real.
Na ritmia do carnaval o samba da alegria poderia ser o que se poderia gozar.
Mexe com as cadeiras pra lá.
Mexe com as cadeiras pra cá.
Mexe com meu juízo que eu te ensino a sambar.
Talvez fosse carnaval nossa vida, tanto samba, tanto bamba, tanto amor.
Até mais tarde.
Agora estou e sempre estarei neste mesmo lugar.
Não é por mim que eu tenho você.
É por você que eu tenho a mim.
Talvez se não fosse você eu não seria aquele sorriso que você sempre esperou.
Aquela doce ilusão que nos deixa louco e nosso vizinho também.
Mexe com as cadeiras pra lá.
Mexe com as cadeiras pra cá.
Mexe que o carnaval pode acabar.
Meu amor, agora entenda que nessa cena existe o grande final.
Devagar, deixamos a vida sem demora.
Deixamos saudades agora, e um tempo neste carnaval.
Um tempo sem dor.
Uma vida sem maldades,
E nenhuma palavra para explicar.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Último testemundo.

Há quem julgue a cortesã, e costure suas mentiras na fina pele do seu amor.;
Há quem julgue a cortesã, faça dela a vilã, mentirosa, fala vã...
Finge esquecer a cortesã ao amanhecer, aceitando seu botão de flor;
O sorriso rasgado que lhe dera a noite, pela manhã curou a dor...
A fumaça que envolvia a taberna, as mãos que percorriam suas pernas, encobriam sua face, cerravam seus olhos, tiravam-lhe a vida.
Talvez isso fazia dela a mais bela das artistas,
uma mulher que só fingia, atuava, e por serviço, gemia.
Ela teimava: botava o botão de flor em seu cabelo,
respirava fundo, e ia a taberna de novo se descabelar...
Mas ali, na mesa dos homens, há quem só visse suas coxas, seus seios, o seu corpo a rebolar;
ela esperava, porém, que a flor iluminasse, gritasse o seu apelo...
Mas à noite, na taberna, nem mesmo sendo poeta, se enxergaria uma margarida que não aguentava nem mais um beijo.

[...]

Margarida, amiga do cacto sem nome, que de poesia e compaixão, se juntou ao seu amigo: foi pra debaixo do chão.

Minha cortesã

Não venha com esse sorriso
Eu quero sentir minha dor
Não adianta esse reboliço
Sé já era o que era amor.

E esta sede no olhar
Compassivo e atrevido
Silhueta de amigo
Não adianta argumentar.

Pois eu sei que não és sincera
Lembro daqueles beijos de mentiras
Brincadeira, tão crua e severa
Me enganaste entre carícias.

Bela forma de mulher
Flor sem seiva ou mel
Com agrados de fel
Faceta de quem vier.

Eu não te darei mais meu amor
Nem o que restou do meu coração
Talvez um botão de flor
Uma fina esperança ou ilusão.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

póstuma.

O cacto poeta morreu,
e de uma morte subita.
Mas numa subida abrupta.
teve um encontro com Deus.

Cor de ferrugem.

Pulsa, lateja, espeta.
Assisto filmes, choro açúcar, como deles mais ainda.
Tento a distração: saio e danço, leio e durmo.
Virou tão costumeira, dor companheira,
que já nem me lembro de onde ela vem.
Virou tão parceira, tão amiga
que nem mais tento arrancá-la
de tão verdadeira que brinca.
É uma dor como outra qualquer
como a sua, como a da lua, que fica só
cercada de estrelas, sem o sol tocar.
É uma dor distraída, que de um pulo se alojou;
se maquiou bonita, fez desfile na avenida,
encheu de serpentina o meu coração.
Agora corroe o resto das alegorias que construi perdida
em meio multidões, em meio a carnavais.
Fez fantasias e me enfeitiçou
me deu muitas doses, me embebedou.
Quando dei por mim, essa dor, tão pequena dor,
possuiu mãos e olhos, boca e peito, leito e chão.
acabou com o óleo da maquinaria do meu coração.


[Essa dor que carrego no peito
não é mais segredo, não tem solução;
Essa dor que carrego no peito
que já nem sei, que não tem jeito
é falta de uso do meu coração]

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

...

Um filete de ilusão,
Quebradiço.
Um palco de desilusão,
Movediço.
Um balé atrapalhado, coreografado por uma falsa razão.
Moído, frágil e invicto.
Como seria perder,
Um filete de ilusão?
Iludido.
Como seria viver aborrecido?
Cético.
Por dentro frio e só.
Um filete de ilusão, muito fino.
Gotículas suspensas no ar.
Talvez o amor
Talvez amar, fino, sutilmente sem ar...
Minha frágil fantasia de ser feliz poderia resistir.
Já resistindo.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Ironia do destino?

Entrega-te então à qualquer prazer que tu queira,
Vai sem culpa! Sem perdão!
Se nem tu sabes que eu sou pra ti,
como eu saberei quem ser a ponto de imperdir alguma coisa,
senão, calar. Já diz muito.
E a porta bate no nosso carnaval,
que já nem és uma festa assim tão irreal.
Já é sem fantasia, sem mascara, e não tão informal.
Se não bebes desse vinho tão distinto,
que gosto sentirá na cachaça de rua?
O gosto de todas as coisas que são pr'a magoar,
por mais que não se bêba o ultimo gole,
aos poucos também embriaga.
E da dor, que fica, fica também a verdade contida.
Pra que se expor assim, se entregar assim,
Medo de amor é? Medo do amar é? Nunca. Amo todos os dias,
infinitamente e sem porquê. Só sei dá dor que já cultivei,
e o quanto ela me faz mal. Se o que queres, eu quero tão igual.
Já sei a dor que causei, e o quanto ela me fez mal.
Vai que num mal comun, de nós dois, a gente encontra o bem,
ou pelo menos, o que é melhor pra nós.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Da boca pra fora.

Sai mais fácil que alegria,
sai mais rude que poesia arracanda a força,
sai mais lenta e mais rapida,
que teus olhos quando olham para trás.
Saem assim de meus dedos, e boca,
todas as palavras malditas, afiadas,
que não te falei, naquela hora
em que meu olhar dizia tudo.

Os botões

Prefiro assim, meio calado,
meio de lado, menos exposto
tirando o time de campo,
meio que já pendurando as chuteiras.
Pra que dá o cara pra bater?
Se a gente já conhece a dor seca do tapa?
A ardência da pele vermelha,
o sangue subindo,
a raiva aumentando,
as palavras, mais secas ainda que o tapa, saindo,
uma a uma, ferindo, entrando.

Prefiro assim, cá com os meu botões,
que não são de flor, mas são meus,
os entendo, quase sempre, os conheço,
e reconheço como simples botões meus,
abastratos e seguros, dentro de mim.
No calor não tão aconhegante da minha alma fria.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

os N's do teu amor.

No teu rosto me vi chorando,
sôfrego de lágrimas, esvaído em sangue.
Nas tuas angústias,
afoguei minhas mágoas todas,
as de cristal, e diamante.

Do teu silêncio, me fiz refém,
do teu sorriso, capataz.
Dos teus olhos, inteiros,
fiz-me fiel, sem ser.

Nas tuas mordidas, vi paixão
desejo, e pecado.
Nos cabelos, pêlos, senti enredos.
Sem dedos, e sem mãos,
onde deslizam todos os teus amores eternos..

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Parada do mundo inabalável.

O mundo parou.
Caído em meus braços, pulsa à procura de alento.
O mundo se esvai; passa, gira imóvel.
O mundo foi assim em 1º de abril.
O mundo vasto mundo da esclerose.
Esquizofrênico, sôfrego, equimose.
Meu paciente mundo.
I! Mundo, sujo, civil e feio.
Foi talhado em pedaços metricamente recomendado para uma razão quase servil.
O mundo brama por liberdade.
Foi nesse sonho que ele se perdeu.
No maduro monstro estado sua natureza se rendeu.
Não meu mundo, talvez, o seu?
Eis que surge a virtualidade.
Sem corpo, sem mundo, sem pulso.
O mundo é sensitivo, “esquizo”, esquio... Plural.
Imagens de um velho mundo.
O que restou na memória daquele velho senhor.
O mundo para na velocidade absurda.
Nunca com tão rapidez ele havia ficado imóvel.
Talvez por ser tão rápido o movimento, temos a percepção dele estático.
Ele Caiu!
Alguém segura o Mundo!
- E eu?

Das dunas fiz um porto.

Diante de ti tremo e tenho tudo e remo tanto  para não falar que minha rima fraca e cansada de repouso e  de descanço de um trabalhador da p...