Menina-problema,
Tenho muito a te dizer mas, às vezes, as palavras não ajudam a simplificar nossos caminhos tortos e especialmente hoje sinto uma enorme necessidade de compartilhar contigo algumas coisas. Colocando-te ao meu lado muitos diriam que somos completamente opostas, duas pessoas que nada têm em comum, com exceção de alguns amigos. O que eles não sabem, aliás que nem mesmo tu tens conhecimento, é que somos mais parecidas do que pensam.
Tu és vista como uma espécie de fortaleza, como a onda que vence as falésias pelo cansaço, de todos a mais forte, segura e confiante. Esse teu lindo sorriso de mulher convence a todos de que nada te preocupa, nada tira teu sono, para eles tu vives num pedestal, imune às armadilhas do mundo, és um símbolo de coragem. Tua fala desprendida induz os incautos a pensar que não há problemas para ti, tuas doces palavras descontraídas dançam diante de todos, desafiando as crenças do mundo, distraindo a verdade. Tua postura de mulher fatal traz para ti poderes inimagináveis.
Já eu, para todos, sou aquela menina frágil, amedrontada, indefesa. Alguém que ao mais leve soprar da brisa pode ruir, uma flor que inspira cuidados especiais. Poucos sabem o que há por trás dessa aparente meiguice. Meus olhos perdidos no espaço e meu sorriso dorido não revelam o que há dentro de mim. Se por fora sou o retrato da insegurança, conhecida pelos atos milimetricamente pensados, por dentro sou uma cigana, uma louca, uma errante. Disfarço, finjo desconhecer meus poderes, sei exatamente o perímetro em que eles atuam e é por isso que traço um círculo de segurança, afinal, quando há uma explosão sei exatamente o raio de alcance de meus estilhaços.
É menina, eles não nos conhecem, são apenas espectadores do perfeito espetáculo que encenamos, são testemunhas de quão forte é a armadura que construímos. Tu sabes, bem como eu, que a vida deixa cicatrizes, nós já temos algumas, mas também já aprendemos a arranhar.
Tu tens pressa de viver, tens a ânsia de liberdade do vôo dos pássaros, no olhar entregas o desejo de ter o vento em teu rosto, a plenitude é tua marca. Toda essa vivacidade acaba por prender-te aos teus sentimentos, tu queres proteger os queridos das feridas que teu coração selvagem pode causar. Para todos os outros tu és a mulher firme, convicta de tudo, aquela que toda dor pode suplantar. Para mim tu és menina, menina-problema.
E é quando te vejo assim, com olhos de criança, que me vejo em ti. És meu reflexo e meu inverso ao mesmo tempo. Temos defeitos, qualidades, crenças e medos tão semelhantes e discrepantes que creio ser esse o segredo da admiração e afeto que tenho por ti. Eu também tenho pressa de viver, tenho medo da previsibilidade dos fatos, de meus atos, tenho medo de machucar aqueles a quem tenho profundo apreço, medo de pronunciar-lhes palavras vãs. Mesmo assim, meus medos não me impedem do desejo de tragar da vida cada dose, de pular dos precipícios só pra ter correndo em minhas veias a adrenalina.
É eles não nos conhecem, tu não conheces a mim, muito menos eu a ti. É exatamente por isso que sem hesitar pego em tua mão, deixo-me guiar pela tua segurança insegura, pela paz atormentada de teu coração selvagem. Tens ainda muito que aprender e mais ainda o que ensinar. Se tu vais corredeira abaixo, se te arriscas pular da ponte, se vês o pôr-do-sol do alto da montanha, se desafias a noite com teu riso contagiante, é contigo que eu vou, pois tu dá asas à minha alma e eu dou à tua liberdade transgressora pequenas doses de sentimento.
Tu és vista como uma espécie de fortaleza, como a onda que vence as falésias pelo cansaço, de todos a mais forte, segura e confiante. Esse teu lindo sorriso de mulher convence a todos de que nada te preocupa, nada tira teu sono, para eles tu vives num pedestal, imune às armadilhas do mundo, és um símbolo de coragem. Tua fala desprendida induz os incautos a pensar que não há problemas para ti, tuas doces palavras descontraídas dançam diante de todos, desafiando as crenças do mundo, distraindo a verdade. Tua postura de mulher fatal traz para ti poderes inimagináveis.
Já eu, para todos, sou aquela menina frágil, amedrontada, indefesa. Alguém que ao mais leve soprar da brisa pode ruir, uma flor que inspira cuidados especiais. Poucos sabem o que há por trás dessa aparente meiguice. Meus olhos perdidos no espaço e meu sorriso dorido não revelam o que há dentro de mim. Se por fora sou o retrato da insegurança, conhecida pelos atos milimetricamente pensados, por dentro sou uma cigana, uma louca, uma errante. Disfarço, finjo desconhecer meus poderes, sei exatamente o perímetro em que eles atuam e é por isso que traço um círculo de segurança, afinal, quando há uma explosão sei exatamente o raio de alcance de meus estilhaços.
É menina, eles não nos conhecem, são apenas espectadores do perfeito espetáculo que encenamos, são testemunhas de quão forte é a armadura que construímos. Tu sabes, bem como eu, que a vida deixa cicatrizes, nós já temos algumas, mas também já aprendemos a arranhar.
Tu tens pressa de viver, tens a ânsia de liberdade do vôo dos pássaros, no olhar entregas o desejo de ter o vento em teu rosto, a plenitude é tua marca. Toda essa vivacidade acaba por prender-te aos teus sentimentos, tu queres proteger os queridos das feridas que teu coração selvagem pode causar. Para todos os outros tu és a mulher firme, convicta de tudo, aquela que toda dor pode suplantar. Para mim tu és menina, menina-problema.
E é quando te vejo assim, com olhos de criança, que me vejo em ti. És meu reflexo e meu inverso ao mesmo tempo. Temos defeitos, qualidades, crenças e medos tão semelhantes e discrepantes que creio ser esse o segredo da admiração e afeto que tenho por ti. Eu também tenho pressa de viver, tenho medo da previsibilidade dos fatos, de meus atos, tenho medo de machucar aqueles a quem tenho profundo apreço, medo de pronunciar-lhes palavras vãs. Mesmo assim, meus medos não me impedem do desejo de tragar da vida cada dose, de pular dos precipícios só pra ter correndo em minhas veias a adrenalina.
É eles não nos conhecem, tu não conheces a mim, muito menos eu a ti. É exatamente por isso que sem hesitar pego em tua mão, deixo-me guiar pela tua segurança insegura, pela paz atormentada de teu coração selvagem. Tens ainda muito que aprender e mais ainda o que ensinar. Se tu vais corredeira abaixo, se te arriscas pular da ponte, se vês o pôr-do-sol do alto da montanha, se desafias a noite com teu riso contagiante, é contigo que eu vou, pois tu dá asas à minha alma e eu dou à tua liberdade transgressora pequenas doses de sentimento.
Comentários
tá lindo, pati.
Obrigada pelo presente. ;*