Senão agora

Certo dia disseste que não lerias mais o que escrevo, e assim não poderia mais ver como andaria minha vida. Os meu casos cotidianos. Melhor assim, te pouparia aperreios e lamurias vitimadas.
Não verias tu, a dor que sinto na ausência insuportável das horas.
Não verias a sala vazia, o prato solitário a mesa, os cigarros, a bebida.
Tu não terias que ver também as poesias ruins, os dias de chuva, as noites solitárias.
Tu não perderias teu tempo com quartos escuros, quintais sem vida, e muita fumaça.

Ah não, tu não não saberia das tristes leituras, do desespero e do choro lamentoso.
Não precisaria sentir a falta de perspectiva, e a morte da esperança que se abateu.
Não, tu não ias ter que ouvir nas entrelinhas das minhas linhas, as palavras ferozes que um dia sussurrei em teu nome, o tanto que não maldisse meu sentimento.

Ainda bem que não lês mais, prefiro que guarde só as palavras boas,
das quais me orgulhava escrever...
que se por um lado eram raras,
por outro eram de um sentimento que nunca deixou de acontecer em mim,
Senão, agora!

Comentários

REAVF disse…
Eita . A ppoesia é uma fotografia da alma.

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