O paletó.
No velho paletó preto,
No cabide mudo, da parede fria,
Desgastado feito o sujeito que às vezes o vestia,
Repousava uma carta triste, amassada pelo tempo,
De folhas tortas e cinzas.
Esquecida no bolso interno anos a fio,
Se guardando no terno, lapidando sua dor.
Perpetuando ariscos rabiscos, que a tinta da vida escreveu:
- Sou para ti, como são os teus. E amo-a tão profundamente
só,
Que não raro, em toda solidão me vejo, e no teu gasto leito,
Deito-me inseguro como um menino...
E repouso forte como um Deus:
Farto de todo o amor que existe!
Comentários