domingo, 31 de agosto de 2008

ENTRE TEMPO E GRADES

Quando me falam de tempo
Eu me lembro de horas,
Quando eu me lembro de horas eu me lembro de grades,
Quando eu lembro de grades eu me lembro de espaço;
Quando eu me lembro de espaço e tempo eu me lembro de história.
Quando me lembro de história me vem o humano,
Aí eu me lembro de gente; e pensando em gente me vem a vida e da vida a liberdade da gente...
Perco as horas.
Gasto o tempo.
Gosto do TEMPO!
Quando estou quase tendo o meu tempo no tempo da vida,
Alguém pergunta seu eu não tenho pressa e que horas são.
- Estou contra lei eu não ando em tempo, sinto navalhas a fio;
Emaranhado na rede cortante das horas.
Quando me perguntam as horas não querem a minha.
A que você quiser?
Quando me falam em horas
Eu me lembro de navalhas afiadas a girar retalhando e somando tudo que se possa usar.
Temos um tempo gradeado e circulando nas navalhas do relógio chamadas ponteiros,
Cada fez mais rápidas no prazer de ceifar e lentas e dolorosas na hora de nutrir.
- Ah, quando me falam de tempo, eu não me lembro mais...
Eu não sou igual a você.
Mas que horas são?
- Acabei de lhe ferir com navalhas ponteiros e grandes de uma e trinta e cinco e seis segundo de milésimos que eu não conseguir contar.
Não me venham prender meu tempo com seus relógios!!!

sábado, 30 de agosto de 2008

Um pouco mais de paciência...

“Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma, até quando o corpo pede um pouco mais de alma, a vida não pára.”
Ando extremamente cansada da pressa do mundo, desse ritmo frenético do dia-a-dia. Estou farta do barulho incessante das buzinas nos engarrafamentos, da mobilidade apática e desenfreada das pessoas que parecem viver com o “piloto automático” ligado. Todo mundo parece viver para sobreviver ao relógio, sobreviver às cobranças da sociedade e às suas regras seculares.
A cidade parece nunca dormir, com suas luzes que não se apagam, roubando a atenção das pessoas que já não olham pro céu. As pessoas são como as estrelas, olhando-as daqui debaixo parecem todas tão próximas e idênticas. Mas as estrelas estão a anos-luz de distância umas das outras e cada uma possui um brilho diferente. Todo esse tempo acelerado, economicamente cronometrado, afasta-nos de nós mesmos e de quem amamos.
O mundo parece ter data e hora para acabar, uma bomba-relógio prestes a explodir. Parecemos mamulengos desajeitados no teatro do tempo. Estou cansada desse tempo veloz, dos prazos, das datas, dos juros, das horas. Estou cansada, um cansaço que me enfraquece o corpo e apaga meus olhos.
“Enquanto o tempo acelera e pede pressa, eu me recuso, faço hora, vou na valsa,a vida é tão rara...”

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Provei


Provei do teu amor meu bem
Não soube aos poucos aproveitar
Chorei e jurei com o tempo me adaptar
E gozar do amor como ninguém.

Procurei aos cem,
Um amor ideal de sorrir e ser feliz.
Desses que se ouve falar
Mas meu passo não condiz:

Nunca mais vi em um beijo
A não ser o desejo de usufruir e amar
Nunca mais senti apego
A não ser pelo apelo de um corpo gozar.

Encontrei aos cem, noites longas e apaixonadas
Mas não daquelas parcas que não querem acabar,
Foram noites quentes de mentiras sedutoras,
Tão verdadeiras que naquela noite já fora;

Amor sem harmonia, nem feitio de paixão;
Não tinha samba nem clarinetes, ciúmes;
Sorvetes, carinho e coração.
Enfim, o amor não era assim.

Provei meu bem, de tantos amores como ninguém
Amei, mas não soube do amor aproveitar
Eu sei que queria era procurar do amor algo que ninguém tem:
Queria do amor só efeito de amar.

Amei meu bem e como você nunca mais vou amar ninguém.
Provei no teu amor a impossibilidade de amar.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Onde a minha noite termina.

Quando eu não me importava com mais nada
e minha vida era somente beber as noites das minhas loucuras
foi quando eu vi pela segunda vez os teus olhos de menino
que diziam ser a minha cura.
Mas de nada valeria eu tentar ou sintonizar;
minha alma já está tão entranhada no gozar dos prazeres
que seria por nada tentar reduzir meus infinitos quereres
à olhares
à apegos.
Teu querer me faz viva, como à querer outros
como ter outros.
Fico pensando que te ter, te sentir, te amar
poderia se tornar banal, pois tenho, sinto e amo à tantos outros,
mas é justamente por me encantar à cada nova pele
que acho única cada uma das minhas paixões.
Não desejo te ter aos poucos e pouco.
Insistir até deixar rouco nosso relacionamento já gasto
já descompassado, nosso caso mal amado.
Observar, sozinha, as pessoas nesse bar
a fumaça que se esvai
o desejo que ainda se abstrai;
lembrar do garoto que quis e não soube
o outro que soube mas não quis
o outro que tive e não soube ter...

Vês?
Já percebi há muito, mas continuo perdida
entre os mesmos bares de esquina.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

INFÂNCIA ROUBADA (BASEADO EM FATOS REAIS)

SONHOS DE BONECA E DE PRINCESA,
DE MENINA E MULATA,
DE MATUTA,
JOGADOS FORA, JOGADOS NA RUA,

BRINCADEIRAS INOCENTES PERDIDAS,
ESQUECIDAS NA CRUELDADE DO REAL,
SONHOS DE FADA, E BORBOLETA,
DE LUA E DE ESTRELA,

AINDA TEM 14 ANOS,
GRÁVIDA DENOVO,
MESMO TRISTE,
MESMO COM UM SORRISO SEM DENTE,
POSSUI UM SORRISO NA MENTE,
SORRISO QUE NÃO MENTE,
E QUE DE TÃO SORRIDENTE,
PARECE SORRIR ETERNAMENTE,


COISA DE QUEM NÃO SE CULPA,
NEM SE MALDIZ,
CROU-SE ASSIM,
CRIANÇA DE ESQUINA,
MÃE DE MANHÃ,
DE DIA MENINA,
DE NOITE MULHER.

Por Todos os Lados

Espero
Mas afinal,
qual é o valor da espera?
Sinceramente nõ sei

Por quanto tempo?
Será que o quero e devo?
Você faria o mesmo?
Sinceramente não me importa.

Mas ao fechar os olhos
Você é quem aqui está sempre.
No hospital, em casa,
Na rua, no ônibus
e na fila.

E ao olhar em seus olhos
É a minha imagem q vejo.

E nada mais me importa

Nem o tempo
Nem o clima
Nem a história,
a geografia,
ou a psicologia.

Nem mesmo te esperar.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Bem querer!

Querer bem
Querer bem querer
Querer bem o querer bem
Querer o bem.

Mas querer mais bem do que querer
Querer o bem mais do que ninguém
Bem querer, meu bem
Meu querer por você é um bem como de ninguém.

Bem querer comigo
Bem meu amigo
Benzinho, queridinho de alguém
Querer o meu bem também.

Querer o meu bem
Querer o meu bem querer
O meu bem zen
Bem, mesmo querendo e com saudades.

DO REFLEXO À IMAGEM

Mesmo contrariando teus olhos
Tocas no que é nocivo
Porque deveras sente
Que na aparência não existe perigo.
Mesmo sentido na pele
Ouvindo sons repetidos
Teus olhos não compreendem algo que nunca foi visto.
Mesmo caminhando sobre as águas
Falas que é tudo mentira
Que maior prova que tu queres
É a aparência dos teus sentidos.
Mesmo exalando rosas
Danças destemidas, na sombra daquela alma, que no peito já fosse ferida.
Mesmo sangrando os dentes
Beijas com dor e afinco
Frutificando o veneno
De algo um pouco corrosivo.
No entanto, aparentemente, ao adormecer, quando alma sai do corpo , encontras algum sentido.
E nessa luta vil; entorpecida
Uma promessa vela a certeza da escravidão.
Tudo é aparente, condescendente com suas sensações.
A revolução está ao ópio das regras sociais.
Mesmo estando segura
Revolta-te por não saber
E mesmo sem sentir a dor
Sangra em perceber
É que nesse mundo melhor, a aparência doma os sentidos
Mesmo estando à borda
É no fundo do poço que se deixa vestígio
E toda aquela lama
Figura na alma das tuas escolhas.
Mesmo sem sentido
Ver-te além daquele olhar
Um foco mais restrito
A aparência de uma menina tola.

Como uma onda no mar.

Como um barco num maremoto,

Meu amor por ela navega aflito,

Entrega-se a onda, que é dela devoto.

Esconde suas velas e cala seu grito,

Sendo marinheiro clandestino,

Meu amor esconde-se no convés,

Rema contra a maré, decidido,

E mete a mão pelos pés,

Deixa seu porto seguro,

Prefere um porto alegre,

Acaba por nadar na prancha,

Da solidão, dos mares mortos.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Manoel de Barros

Permitam-me postar uma poesia que não é minha, mas que gosto muito.
Alias, só us recortes dela.

Todas as coisas cujos valores podem ser
disputados no cuspe à distância
servem para a poesia
O homem que possui um pente
e uma árvore
serve para poesia
As coisas que não levam a nada
têm grande importância
Cada coisa ordinária é um elemento de estima
Cada coisa sem préstimo
tem seu lugar
na poesia ou na geral
Tudo aquilo que nos leva a coisa nenhuma
e que você não pode vender no mercado
como, por exemplo, o coração verde
dos pássaros,
serve para poesia
Tudo aquilo que a nossa
civilização rejeita, pisa e mija em cima,
serve para poesia
Os loucos de água e estandarte
servem demais
O traste é ótimo
O pobre diabo é colosso
Pessoas desimportantes
dão para poesia
qualquer pessoa ou escada
O que é bom para o lixo é bom para poesia
As coisas jogadas fora
têm grande importância
- como um homem jogado fora


segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Shhh! Escuta...

Ei?! Você consegue ouvir o barulho que o silêncio faz? Escuta! Só por um segundo... É um barulho ensurdecedor, inquietante, deliciosamente cadenciado. Escute o silêncio enquanto a chuva molha os degraus da escada e a fumaça do cigarro desaparece no ar. É puro ruído melódico, é o pensamento musicado dos trapezistas da vida que passeiam pela noite em busca de botecos. Quando acabarem as estrelas douradas do seu copo escute o silêncio que circunda a mesa. Certa vez Isabel Allende disse que “A vida é puro ruído entre dois silêncios abismais. Silêncio antes de nascer, silêncio após a morte.” Talvez ela esteja certa.
Somente a sua voz destaca-se no silêncio desta noite. Enquanto lhe escuto falar sobre a Insustentável leveza do ser, percebo que o melhor da vida é ser leve. Não sou leve mas, nesse instante, sinto uma imensa leveza perpassar meus ossos, porém, sem esquecer do peso que carrego. Afinal, todos carregamos algum peso em algum momento da vida ou, infelizmente, durante a vida inteira. Com ou sem leveza, leve ou pesada, eu sei que a tua alma também pode ouvir o barulho que o silêncio faz...

Noite de Lua Cheia

Pela janela de meu quarto vejo a argêntea luz da lua cheia. É sua fase mais encantadora, seu formato mais esplêndido. Quantos poetas já derramaram em seus versos essa doce luminosidade? Quantos corações já suspiraram apaixonados sob os encantos dessa lua? Quantos corpos já se entrelaçaram sob este brilho luxuriante? Olhando-a lá no alto parece-me tão imponente, quase sagrada. É como se ela pudesse ler meus pensamentos, como se quisesse segredar em meus ouvidos desejos ocultos.
As noites mais bonitas são as noites de lua cheia. As estrelas comportam-se como meras coadjuvantes deste espetáculo fulgurante. É ela quem reina absoluta nos céus. Os lugares são tomados por um brilho quimérico, um brilho que parece seduzir meus olhos e prendê-los à janela.
As noites mais tristes são as noites de lua cheia. Todo esse brilho inebriante traz consigo uma saudade aterradora. A noite fica tão linda que é inevitável não pensar em alguém. Alguém que se ama, que já partiu, que está longe. O mais triste é não ter em quem pensar, é dos vazios o pior. Para essas pessoas, a luz da lua cheia faz escurecer ainda mais as noites de solidão.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Esperando Você. (Feito Besta)

Ontem a noite um vento Gélido passou em minha janela,
pensei ser você,
vindo dá um olá,
vindo dá um alô,
mas não,
era só a noite,
que de tanto tentar aliviar minha tristeza,
ficou fria, e entristeceu também.

Ao amanhecer, o sol nasceu negro em minha janela,
me deu bom dia e pensei ser você,
vindo dá um alô,
vindo dá um olá,
mas não,
era só o dia,
que de tanto tentar amenizar minha dor,
ficou escuro, e dolorido também.

No fim de tarde, você veio,
me deu um olá,
me deu um alô,
me beijou, não se despediu, se foi,
e eu tentando conter minha angústia,
fiquei com um sorriso bobo,
feito besta.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

SABE AQUELA MÚSICA FOLHETIM?

POETIM

SE A-CASOS ME QUISERES,
SOU DESSES POETAS,
QUE SÓ RIMAM ASSIM,
POR UMA PROSA BOA,
UM PÓ EMA Á TOA,
UM PLAGIO, UM SONETIM

E, SE TIVERES LENDO,
ACEITO UM REMENDO,
QUALQUER COISA AO FIM,
COMO UMA PALAVRA FALSA,
UMA MENTIRA RASA,
UM ENGANO ENFIM.

E TE FAREI VONTADES,
sem te dizer VERDADES,
COM uma PENA em MÃO,
e TE FAREI, VAIDOSO,
SUPOR QUE É VENENOSO,
ESSE VERSIM,

MAS NA MANHA SEGUINTE,
CONTE ATÉ VINTE,
E SE AFASTE DE MIM,
PORQUE QUE NÃO PASSO APENAS,
DE QUEM NÃO VALE A PENA
DE UM POETIM.

sábado, 9 de agosto de 2008

Quando resta o alvorecer.

Na minha cabeça uma fina dor me persegue
Uma inquietude no meu coração
Eu no meu canto, numa noite que se segue
Não consigo amar, nem demonstrar solidão.

Um martelinho fino, em uma mão suave
Pancadas do relógio aos poucos ardem
O tempo tende a passar sem consumir
Faltam palavras e vontade de dormir.

Eu não estou bem.
Entre o que fazer amanha e ficar aqui
Eu sei que tenho que ir
Mas não estou bem!

E se eu dissesse, demonstrasse no papel
Se eu gritasse a todos, postasse nos acasos
Eu não ficaria bem, me falta o céu.

Eu penso em você
Eu não confio em mim
E o amanha é tão próximo
Eu tenho que dizer:

EU NÂO ESTOU BEM!

Eu não queria estar
Hoje eu queria amar
Olhar, beijar seu sorriso
Seus lábios cingindo uma boa-noite-amor pra mim.

Só me resta o alvorecer;
E não estou bem.
- Bom dia...

O SOLITÁRIO

Nunca ficamos sozinhos;
Então como pode alguém sentir a “solidão”?
No máximo, se ficássemos sós, sentiríamos a ausência de alguém que pensamos não existir ou dos que existem longe daqui.
Se sentirmos a solidão é porque não estamos mais só, mas distantes de todos que queremos ou amamos.
Uma pessoa solitária não sentiria a falta de ninguém.
Não teria saudades.
Estaria tão submersa ao seu mundo que não reconheceria mais alguém.
Quando sentimos a solidão, sentimos sim a ausência.
Essa ausência é o vulto que nos mantém acompanhado;
È o amor que está ao nosso lado.
O solitário só tem ninguém, não tem amor, todos ficam aquém da sua imaginação;
Sente falta de si mesmo, de ser alguém, de existir.
É quase esquizofrênico, não conhece mais o mundo a sua volta e se revolta por ser alguém.
O solitário está morto; inapto de sentidos; inapto de prazer, porque ele não existe; ninguém o vê.
Agora nós, amigos (as), sentimos a ausência um dos outros; a “solidão” efêmera de quem quer ser olhado e olhar.
Alguns esperam sempre a pessoa certa para olhá-la.
Isso só é uma ilusão solitária, talvez, do grande amor.
Converso que não sei, nunca estarei só.
O solitário perdeu até o nada, nunca conheceu tudo, esqueceu de todos e os outros dele.
Talvez o solitário seja aquele que não suporta a ausência do ser amado ou se ama mais que tudo e não suporta alguém.
Por outros, o solitário não é visto.
Por isso, sorriremos a todos, sem nada querer.
Poderemos salvar uma alma da solidão, da inexistência.
Mesmo que ela não o compreenda.
Mas espere, compreenda, doravante nunca mais estará mais só.
Poderá sentir o suspiro da solidão; a ausência, mas nunca só.
Eu estou contigo, pode chamar-me do que quiser; menos de solidão.
Estou contigo, solidário por teu pesar.
O anfitrião da vida, da existência
Um outro a te olhar.
Ronaldo Vieira

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Pó Ema.

Sabe o poema velho,
Cheio de rugas, calejado,
Sofrido e torto,
Pois é, tenta ser novo,
de novo tenta o poema velho se esquecer,
das marcas que traz consigo,
dos anos, que lhe deram abrigo,
das oportunidades perdidas em rimar,
das estrofes torcidas, em cismar.

Da pena e da caneta, deu dó,
Deu dó do velho poema,
Que se fez criança,
se encheu de esperança,
parecia até verso inédito,
respirou fundo novamente,
e morreu,
sem deixar saudade,
em poeta algum.

Quanto mais saudade, melhor.

Tenho te visto tão pouco,
pouco menos pronunciado seu nome,
sequer tenho pensado em você.


Ás vezes, esqueço de tua existência,
e perco-me de ti,
quase sempre pra te encontrar depois,
esquecida, quieta, escondida.


No entanto,
mesmo com tal distância,
mesmo com tal saudade,
você encanta, canta,
e renasce
por completo,
em todos os refúgios de minha alma.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Fragmento.

[...] Sem sentir, já era tua
na tua cama, fiz-me nua
no teu ser, me completei.
Disse palavras cruas,
loucuras imaginei
sabendo que não podia;
mesmo assim eu te amei.

E no teu abraço forte, me entreguei
e no teu sorriso doce, me encontrei
Fui tua como quiseste,
e como também quis;
fui feliz exploradora do teu amor
e da tua forma; viajei teu corpo a fora
Descobri todo o teu gosto,
e fiz dele o meu também.
Fui tua como quis
E ainda sou, se desejar
pois também ainda desejo
e anseio cada beijo
E, apaixonadamente,
são sempre novos olhares
toda vez que eu te vejo.

Milhões de vasos sem nenhuma flor, milhões de frases sem nenhuma cor.

Eu nunca soube o que queria dele.
Soube por apenas um dia, ao certo, o que desejava.
Um dia, apenas. Foi como tocar o céu e conhecer o inferno. Foi como tomar banho de chuva na primeira queda d'água do verão, e depois ficar doente. Uma longa batalha precedeu esse momento. Um grande jogo de forças, um jogo de olhares, um jogo de amor. Foram dias intermináveis de sedução, e dias infindáveis de agonia. Tudo o que precedeu à esse dia foi necessário. E quando o momento chegou, e fez-se uma alma, eu soube.
Era como uma história grega, destinada à um final infeliz, trágico. Já era tarde para algo concreto, mas por um instante, por alguns segundos, enquanto ele me beijava, fomos completos.
Não me queixo.
Não o mal digo, nem certas horas de raiva.
Benditas sejam as horas dos versos que me deste, e que lhe dei. Bem direi a todos o quanto o gosto, o quanto preciso do seu olhar.
Foi por um momento que tive o completo, mas há tempos o tenho aos poucos, e aos poucos, construo um lindo mosaico de sentimentos.


Não chore, seu coração...
Fiz um relicário.
Não para você ou para mim.
Mas para nós, juntos, gêmeos, poucos.
Fiz um relicário para o nosso amor.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Você não é Substantivo!

Você odeia o capitalismo, mas precisa de capital pra viver
Você crítica o sistema, mas não pode parar de consumir
Você acha que essa ideologia é uma merda
Você procura olhar pessoas, mas já não encontra mais
Você não se ver como sistema.
Você não se entende e vai consumir outras filosofias – ler Nietzsche -, pregar a paz sem ter fome, porque nesse novo modelo: fumar e amar andam juntos.
Você acha que a razão foi distorcida em racionalidade burra
Onde está a loucura da multidão?
Onde está seu desejo?
Você encontra no consumo a satisfação dos amores in-curados
Você já não consegue caminhar, pois inventaram a roda
Você quer o bem, o seu principalmente
Você acha que o país tem que se desenvolver?
E acabar em quê?
Você precisa de amigos que saiam com você.
Você é um privilegiado
Você pode virar humano em situações que humanos são piores que animais.
Você, no fundo, só quer que te reconheçam como igual aos diferentes;
Aos que lêem muito
Você quer ser conhecido
Você tem medo da solidão;
De ficar calado, de não lucrar, de não estar onde todos os outros estão.
Você não é uma ilha; é só um sistema alimentando outros.
Você é a resposta para suas dúvidas, o eco correspondido dos seus medos
Você só está de passagem, meu olhar, meu segredo.
Por fim, você só quer um mundo melhor e por isso vai tomar banho de mar;
Depois, pregar a PAZ.

Você não aprendeu a ler o mundo, a escrever sobre ele sem citações de outro autor.
Você não é nada, mesmo que eu esteja falando de alguém; você está em cada um.

Das dunas fiz um porto.

Diante de ti tremo e tenho tudo e remo tanto  para não falar que minha rima fraca e cansada de repouso e  de descanço de um trabalhador da p...