Quando me (des)fiz poeta
Eu queria me construir em poesia.
Ou me desfazer em versos.
De toda forma, a rigidez do ser me doía.
Filho de fulano, parente de sicrano...
História triste. Menino vadio?
Não.
Eu era magro, pescoço fino e cabeçudo... Por fora.
Nos meus 8 anos de existência, por dentro, eu era poesia.
Nesta época...
Minha grande descoberta foi o verbo amar, na segunda série do fundamental, e eu logo escrevi:
"Eu te amo. Tu me amas. Eu te quero. Tu me queres. Nós nos queremos. Por que você não olha para mim?".
Ganhei uma caixa de lápis de cor como prêmio e, por consequência, me tornei poeta.
Eu estava livre de todas as amarras, pois no papel eu me desfazia e me refazia em poesia.
E o mundo, há o mundo, eu demorei umas poesias para poder entender toda a sua concretude.
(...)
Na vida, cheirei tantos versos que me fiz poeta.
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