segunda-feira, 27 de julho de 2020

Chico

A morte é um pai para a vida.
Ensina-a ser vivida como se fora para sempre.
Assusta-a como se fosse n'um instante.
Inclina-a ser sentida como n'um ventre.

A vida é um filho para a morte.
Evita-a de ser rápida, intrépida.
Ampara-a de ser breve, a quer sorte.
Exprime-a de ser arte, ainda que numa lápide.

Ah vida, ah morte! Sois tão forte e sofrida.
que há morte na vida e na morte não há.
És vento, és rima.
É antes do fim e depois o começo.
A poesia.
É sim e não ao mesmo tempo.
É tempo, espaço infinito.
De nada em movimento.

domingo, 26 de julho de 2020

Um tanto quanto bobo

Quis assim cansar de tudo que faz falta:
o assunto, as tuas palavras,
 a partida antes da chegada,
 a tua risada sem a piada
e tudo que poderia ser.
Contudo!
Se, por acaso, tu...
Materializa-se,
e eu te encontrasse,
tocasse e te falasse
se teu cheiro pudesse sentir,
da falta que sinto não cansaria,
porque assim a falta deixaria
ela mesma de existir.

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Na vida

Vibra de agonia o corpo
que entoa a todo gosto
o que a mente cria;

Anuncia na alma a
calma que faria
a tomada de ação.

Mas por enquanto,
a vida diz não.

Já a mente 
marca a condição
do que seria sim..

Se sim, sem
sentimento
soa atoa
no tempo
as horas
do tormento;

o corpo diz sim
e mente e alma
acelera
em um mundo
do não...

A alma livre,
o corpo preso
e a mente sã.
Já o mundo?

Não!

E a vida?
Contradição.
Sim e não!
Afetos são feitos e
desfeitos nos efeitos
do sim, não e talvez...

Na vida?
sempre ida
até a partida
da vez final.


Das dunas fiz um porto.

Diante de ti tremo e tenho tudo e remo tanto  para não falar que minha rima fraca e cansada de repouso e  de descanço de um trabalhador da p...