quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Pré




Calmaria de verão
                         com gotas de suor
                                               numa alta umidade na flor
febre no coração,                                                                            carnaval em Fortaleza,
                                                          o som da nossa canção  tocou

Alegria... 
Uma harmonia eterna
                                                                                                                 cultivada no sal dessa terra
                                                         ou seria na saudade do amor

Saberia

que suas fantasias passaram
e muito mais  que fevereiro 
a vida  foi o que ficou



domingo, 22 de janeiro de 2017

Heresia

A solidão da vida é um vento leve
que sopra nos cabelos da gente,
uma brisa rápida e fria, um galho
o nariz de um boneco de neve,

A solidão da casa é um redemoinho,
que gira a cabeça da gente,
como um leite morno de tarde,
um cigarro apagado no caminho,

A solidão do dia, é um domingo inteiro
que coça as costas da gente, direto
um espelho torto, o palhaço triste
um caminhar inquieto, diferente, sorrateiro,

A solidão é de todas as horas, a mais cruel
que arranca a gente de si mesmo,
e nos dá um pé na bunda
uma viola muda, ensimesmada, infiel.

A solidão é a praga, a peste, o cavaleiro do apocalipse
que invade o lar e derruba o muro das certezas,
a condição extrema da não convicção,
é a morte de perto, o esconder do sol, o eclipse.

A solidão é a sujeira debaixo dos panos, é a não poesia,
que não expressa, não rima, não letra,
é o pecado sem graça, a estrutura sombria,

é a falta do divino, e de si em si mesmo, a heresia. 

domingo, 15 de janeiro de 2017

Senão agora

Certo dia disseste que não lerias mais o que escrevo, e assim não poderia mais ver como andaria minha vida. Os meu casos cotidianos. Melhor assim, te pouparia aperreios e lamurias vitimadas.
Não verias tu, a dor que sinto na ausência insuportável das horas.
Não verias a sala vazia, o prato solitário a mesa, os cigarros, a bebida.
Tu não terias que ver também as poesias ruins, os dias de chuva, as noites solitárias.
Tu não perderias teu tempo com quartos escuros, quintais sem vida, e muita fumaça.

Ah não, tu não não saberia das tristes leituras, do desespero e do choro lamentoso.
Não precisaria sentir a falta de perspectiva, e a morte da esperança que se abateu.
Não, tu não ias ter que ouvir nas entrelinhas das minhas linhas, as palavras ferozes que um dia sussurrei em teu nome, o tanto que não maldisse meu sentimento.

Ainda bem que não lês mais, prefiro que guarde só as palavras boas,
das quais me orgulhava escrever...
que se por um lado eram raras,
por outro eram de um sentimento que nunca deixou de acontecer em mim,
Senão, agora!

Das dunas fiz um porto.

Diante de ti tremo e tenho tudo e remo tanto  para não falar que minha rima fraca e cansada de repouso e  de descanço de um trabalhador da p...