sábado, 29 de outubro de 2011
A existência do amor
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Nada
como o tempo que pesa nos ombros de quem o esquece;
é tão sério se é tão grave
como a espera do tempo que o leve;
é tão morte, se tudo é tão vida,
como a sorte de toda alegria sem suporte;
é tão tudo o nada que eu tenho
como tudo é só aquilo que eu quero;
tá tão assim, todo pra mim,
sem ser ao menos o que espero.
Por que a palavra não morre!
Parece que a poesia tem inteiramente a sua origem em duas causas, ambas naturais. Porque a imitação é natural ao homem desde a infância, e nisto difere dos outros animais, pois que ele é o mais imitador de todos, aprende as primeiras coisas por meio da imitação, e todos se deleitam com as imitações. É prova disto o que acontece a respeito dos artífices, porque nós contemplamos com prazer as imagens mais exactas daqueles mesmos objectos para que olhamos com repugnância; por exemplo, a representação de animais ferocíssimos e de cadáveres. E a razão disto é porque o aprender é coisa que muito apraz não só aos filósofos, mas também igualmente aos demais homens, posto que estes sejam menos instruídos. Por isso se alegram de ver as imagens, pois que, olhando para elas, podem aprender e discorrer o que uma delas é e dizer, por exemplo: isto é tal; porque, se suceder que alguém não tenha visto o original, não recebe então prazer da imitação, mas ou da beleza da obra, ou das cores, ou de outro algum motivo semelhante.
Sendo, pois, própria da nossa natureza a imitação, também o é a harmonia e o ritmo (porque é claro que os metros são parte do ritmo). Os que ao princípio se sentiram com maior inclinação natural para estas coisas, adiantando-se pouco a pouco, deram origem à poesia com obras feitas de improviso. Ora a poesia tomou diversas formas, segundo o diferente natural de cada um; porque os homens que tinham mais gravidade e elevação imitavam as acções boas e a fortuna dos bons; e os que eram de génio humilde imitavam as acções dos maus, escrevendo ao principio vitupérios, assim como os outros compunham hinos e louvores. [...] Aristóteles, da poesia e da tragédia.
Sofia
Se não existisses,
como um deslize lindo a desejar,
compondo-se parte delicada
da história que sou,
do jovem que fui,
da coisa que é Eu:
outro nem saberia ser.
És todo em parte
um espelho meu.
E ontem, se águas rolam
nos meus olhos,
quando sozinho a ensimesmar,
eram só saudades
como é agora:
um dia a mais que você cresceu.
O futuro me apraz então,
e todo riso que não sonho,
e que por hora não vejo mais,
é todo um grito que não me sai,
calado, e cantado como um hino,
que ressoa em todo meu existir.
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Messagem
queria-te tanto
quanto quero
o amor.
Este encontro em ti,
todo pra mim
e todo teu
assim como eu,
ao te amar,
me encontro
na saudade
do teu amor meu.
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
O leitor.
Eis que senta calado,
e dilui-se no silêncio fúnebre das letras,
entre um soluço,
e uma lágrima:
um vão de tempo,
onde passeiam os anseios da memória;
Ele entorna mais um gole, torpor.
Alheio às ranhuras,
e rimas,
da estrofe
estragada,
alheio ao movimento
das ruas,
dos carros,
e dos meninos,
ele parece não se importar.
e entorna outro trago, quissá.
A letargia dos seus olhos já não é a mesma,
a bebida já faz efeito,
a cachaça já faz suar.
Folheia as noticias, resmunga,
sua voz imagino rouca,
suponho fraca,
grave e fosca,
quase luzes,
quase chagas
feridas,
que ele parece trazer na alma.
Das dunas fiz um porto.
Diante de ti tremo e tenho tudo e remo tanto para não falar que minha rima fraca e cansada de repouso e de descanço de um trabalhador da p...