Sentei aqui e me deitei nesse papel tecnológico, pena em punho, atento e cismado, certo de que escreveria uma poesia sublime. Uma daquelas que o poeta duvida se realmente a escreveu. Onde sintomaticamente contamos ao mundo nossa mente errada, infantil, romantice, ou perdida tanto faz. Não sentimos o sentimento, o falamos só. E na palavra combinada ou não, terceiros ou sim, rimas fáceis ali, tortinhas: não importa. A poesia que iria escrever, quando sentei aqui, e me deitei no plasma lcd papiro, era forte. A poesia tava viva já, rimada e sonorizada feito um fato em si menor. Estilo drummond, docemente leve e encucante.
Mas de súbito, a poesia não veio, e a tarde passou,
num vai e vem muito, muito insensível em mim.
domingo, 25 de abril de 2010
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Moderno
Tantas coisas foram ditas
escritas e revisadas
Soluços inteiros
boas risadas,
Frases de amor
expectativas frustadas
Suas palavras em minha boca
seu pensamento, o meu desejo, o desengano
não há engano e o não quero mais, amor.
Eu, você, somos muito para um só.
Mas se for engano, eu quero agora, por pouca hora, um pouco só,
Um amor duma vida inteira, um amor de quase nada,
Das últimas longas noites, das noites perto do fim.
Pois...
tantas coisas serão ditas, escritas e revisadas,
os encontros casuais, os ciumes pontuais,
as frouxas e belas risadas, sem já mais existir...
Um amor repetido!
escritas e revisadas
Soluços inteiros
boas risadas,
Frases de amor
expectativas frustadas
Suas palavras em minha boca
seu pensamento, o meu desejo, o desengano
não há engano e o não quero mais, amor.
Eu, você, somos muito para um só.
Mas se for engano, eu quero agora, por pouca hora, um pouco só,
Um amor duma vida inteira, um amor de quase nada,
Das últimas longas noites, das noites perto do fim.
Pois...
tantas coisas serão ditas, escritas e revisadas,
os encontros casuais, os ciumes pontuais,
as frouxas e belas risadas, sem já mais existir...
Um amor repetido!
terça-feira, 20 de abril de 2010
Voar
de pés no chão.
Um segundo:
Ganho o mundo.
Paixão,
agonia.
Saudade doida
e doída.
Em seguida:
Estou de volta.
Beliscões,
calmaria.
Uma rima torta.
Amor que virou
amor...
Olhos fechados:
Voar não é pecado.
Só um pouco mais...
Uma carona com o vento,
um trato com o tempo.
E estarei de volta
ao amanhecer dos seus olhos.
de pés no chão.
Um segundo:
Ganho o mundo.
Paixão,
agonia.
Saudade doida
e doída.
Em seguida:
Estou de volta.
Beliscões,
calmaria.
Uma rima torta.
Amor que virou
amor...
Olhos fechados:
Voar não é pecado.
Só um pouco mais...
Uma carona com o vento,
um trato com o tempo.
E estarei de volta
ao amanhecer dos seus olhos.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
A lingua do P.
Pudera parecer, previamente,
Pausadas as pequenas privações,
Prática possível pensada; ou
Paisagens plenas premiadas
Por poucas pegadas de paixão.
Porque, passadas as palavras
Previstas, premissas às poesias,
Pareciam as primeiras pontes
Para próxima primavera.
Prazer puro prazer?
Pois planos perfeitos perdidos,
Passeio plácido,
Parece preguiça parca,
Protelando a palavra paz. Ou
Precavendo perigo pulsante
Percorridos por prismas paranóicos.
Passando, perdendo, pulando
Pensas paixões pueris.
Pausadas as pequenas privações,
Prática possível pensada; ou
Paisagens plenas premiadas
Por poucas pegadas de paixão.
Porque, passadas as palavras
Previstas, premissas às poesias,
Pareciam as primeiras pontes
Para próxima primavera.
Prazer puro prazer?
Pois planos perfeitos perdidos,
Passeio plácido,
Parece preguiça parca,
Protelando a palavra paz. Ou
Precavendo perigo pulsante
Percorridos por prismas paranóicos.
Passando, perdendo, pulando
Pensas paixões pueris.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Saudade atroz.
Sentimentos impudicos.
Seres irreais em
vidas distintas.
Aliados do vento,
inimigos do tempo.
Cambaleiam pela vida.
Refugiados de uma guerra.
A guerra da perseverança e
do desassossego...
Guerra das almas.
Um cantinho,
um cobertor...
Um carinho,
belas palavras...
Encanto.
Passe de magia.
A guerra cessou.
Aqui é um bom lugar.
Vamos ficar mais um pouco.
Estamos seguros.
Sentimentos impudicos.
Seres irreais em
vidas distintas.
Aliados do vento,
inimigos do tempo.
Cambaleiam pela vida.
Refugiados de uma guerra.
A guerra da perseverança e
do desassossego...
Guerra das almas.
Um cantinho,
um cobertor...
Um carinho,
belas palavras...
Encanto.
Passe de magia.
A guerra cessou.
Aqui é um bom lugar.
Vamos ficar mais um pouco.
Estamos seguros.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Eu sou você amanhã: Sobre paredes e cercas.
As pessoas tem uma mania vital de evitar, em certo grau, as outras.
Ninguém consegue se dar e receber outra pessoa totalmente.
Temos o instinto de construir paredes ao nosso redor como modo de proteção dessa selvajaria que é o Outro.
A altura do muro depende, logicamente, de cada um.
Alguns constroem muros baixos, onde de um só pulo se chega no seu interior; esses são aqueles que mais se machucam: constroem muros baixos pelo seu imenso amor à todos e não percebe a brutalidade animalesca que um pulo alheio no seu próprio interior pode causar.
A grande maioria constroem muros regulares, onde não se dá pra ver do lado de fora como é dentro, e isso obriga os visitantes a baterem em uma porta pré-estabelecida, como um contrato, uma cláusula que deve ser aceita para o conhecimento posterior. Assim, tenta-se controlar mais o fluxo, e dá uma (falsa) impressão de segurança. Não adianta de nada ter um olho mágico: a qualquer momento vem alguém e assalta o seu forte.
Alguns outros levantam muros enormes, e nem sequer constroem portas, ou janelas ou clarabóias pra luz entrar... Assim se sentem totalmente seguros.
Pobres! Pobres destes!
Ninguém vê o que acontece lá dentro, mas ele também perde toda a dinâmica de fora.
Fica murcho, fraco, frágil. Se tentarem demolir suas quatro paredes, em segundos desmoronam todo o seu ser.
Por ser tão incomodada com quatro paredes, levantei grades.
Criei cercas ao meu redor. Cercas altíssimas.
Ninguém pula, não há mágica no olhar pra fora nem risco de assalto pela porta; não me escondo de ninguém, nem perco a festa dos outros de vista.
Vivo em plena luz.
Observo-os de longe e mantenho-os assim.
Essa é a (falsa) segurança que criei pra mim.
A cerca que sempre me rodeou me fez paradoxal: estive sempre à mostra, mas nunca estive realmente livre.
Memórias de Sabina.
Da poesia vieste,
à poesia voltará.
Eis uma encantadora sina.
Nossa sina,
sua sina.
Sussurro baixinho.
Ninguém pode nos ouvir.
Somos poesia...
Que vem com o vento...
Arrepiando-nos
com doçura...
Uma leve brisa,
e os mais sinceros risos, bobos...
Só p’ra você.
O vento levará meu recado.
É o nosso melhor amigo
e aliado.
Inconstante poesia nua,
inquieta-me os sentidos.
Sem receios.
De alma livre.
Somos eu e você,
vivendo uma utopia
até quase amanhecer.
Até findar-se em poesia.
Da poesia vieste,
à poesia voltará.
à poesia voltará.
Eis uma encantadora sina.
Nossa sina,
sua sina.
Sussurro baixinho.
Ninguém pode nos ouvir.
Somos poesia...
Que vem com o vento...
Arrepiando-nos
com doçura...
Uma leve brisa,
e os mais sinceros risos, bobos...
Só p’ra você.
O vento levará meu recado.
É o nosso melhor amigo
e aliado.
Inconstante poesia nua,
inquieta-me os sentidos.
Sem receios.
De alma livre.
Somos eu e você,
vivendo uma utopia
até quase amanhecer.
Até findar-se em poesia.
Da poesia vieste,
à poesia voltará.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Tributo a um Sonho!
Ô dor absurda! Por perder sem querer a herança do prazer, uma inspiração.
Quase por saber, imaginei os prodígios da manutenção dos sonhos.
Diálogos longos, com seres inarráveis e verdadeiros.
Cada suspense e emoção: aquele sonho era lúcido sim, claro que sim, o sonho de um compositor; um mestre da arte de perceber a essência da incongruência das vidas passadas.
Eu perdi, mas lembro que sonhei.
A conectividade das relações mentais tem que prosseguir. Absorto, fico querendo lembrar a contemplação, eu tive sim, eu estive lá; eu a vi por lá, majestosa, radiante de formosura secular.
Ô lembrança, a ti desejo cultivar, a sapiências dos Deuses passados e a virtude do eu presente.
Mesmo que meus sonhos fossem apagados, tornaria a sonhar por intuição; meus instintos contidos e regrados seriam libertos por decisão da inconsciência regente da mentalidade perdida.
Que venha o perdidismo dos sonhos vãos. Que venham meus sonhos então. Venham à mercê de sua vontade.
Grandes espíritos pensadores: desejo pensar ao lado de um dos teus.
Por vontade queria, por intuição espero aquela agonia incerta que faz transpor as linhas.
Amada seja à noite, é onde que, quase sempre, posso te encontrar, sem barreiras nem limites sonhos lúcidos, sim! Mas a manha seguinte é que percebo a magnitude do prazer sentido por vias as partes de uma onda cerebral. Da onde é que vem eu não sei, mas prossigo a sonhar.
Tanto te louvei, tanto aspirei viver em ti uma realização. Ô meu sonho perdido, o perdidismo é uma promessa ao âmago espiritual. Uma linha de desejo irei construir no sonho mais lúcido de todos lembrados, e por ti sempre pensarei em perder-me, para que possamos nos encontrar ao acaso.
Quase por saber, imaginei os prodígios da manutenção dos sonhos.
Diálogos longos, com seres inarráveis e verdadeiros.
Cada suspense e emoção: aquele sonho era lúcido sim, claro que sim, o sonho de um compositor; um mestre da arte de perceber a essência da incongruência das vidas passadas.
Eu perdi, mas lembro que sonhei.
A conectividade das relações mentais tem que prosseguir. Absorto, fico querendo lembrar a contemplação, eu tive sim, eu estive lá; eu a vi por lá, majestosa, radiante de formosura secular.
Ô lembrança, a ti desejo cultivar, a sapiências dos Deuses passados e a virtude do eu presente.
Mesmo que meus sonhos fossem apagados, tornaria a sonhar por intuição; meus instintos contidos e regrados seriam libertos por decisão da inconsciência regente da mentalidade perdida.
Que venha o perdidismo dos sonhos vãos. Que venham meus sonhos então. Venham à mercê de sua vontade.
Grandes espíritos pensadores: desejo pensar ao lado de um dos teus.
Por vontade queria, por intuição espero aquela agonia incerta que faz transpor as linhas.
Amada seja à noite, é onde que, quase sempre, posso te encontrar, sem barreiras nem limites sonhos lúcidos, sim! Mas a manha seguinte é que percebo a magnitude do prazer sentido por vias as partes de uma onda cerebral. Da onde é que vem eu não sei, mas prossigo a sonhar.
Tanto te louvei, tanto aspirei viver em ti uma realização. Ô meu sonho perdido, o perdidismo é uma promessa ao âmago espiritual. Uma linha de desejo irei construir no sonho mais lúcido de todos lembrados, e por ti sempre pensarei em perder-me, para que possamos nos encontrar ao acaso.
terça-feira, 13 de abril de 2010
De tanto amor
a poesia brilha
d’uma forma tão intensa
que cega o olhar
de quem ousa fitá-la.
Vê-se as mais belas virtudes.
Escondem-se os defeitos.
O poeta é exagerado,
a poesia é exagerada.
Muito é melhor que pouco.
Melhor transbordar.
A poesia é quem manda.
Ela nos lê...
Encara-nos.
É poderosa.
Brilha, Minha poesia...
Ganha o mundo, vira arte.
Leva contigo um riso meu, de alegria
e estarei contigo por toda parte.
a poesia brilha
d’uma forma tão intensa
que cega o olhar
de quem ousa fitá-la.
Vê-se as mais belas virtudes.
Escondem-se os defeitos.
O poeta é exagerado,
a poesia é exagerada.
Muito é melhor que pouco.
Melhor transbordar.
A poesia é quem manda.
Ela nos lê...
Encara-nos.
É poderosa.
Brilha, Minha poesia...
Ganha o mundo, vira arte.
Leva contigo um riso meu, de alegria
e estarei contigo por toda parte.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Mau sou eu...
Bons são aqueles leves,
Levam a vida como se deve,
Sem se preocupar com chegar ou partir.
Mau sou eu de cara fechada,
Pois fico pensando na estrada;
E no que pode acontecer.
Bons são os de espírito livre,
Aqueles que não ligam pra tolices;
E logo voltam a sorrir.
Mau sou eu a contra gosto
Pensando que a vida é um desgosto,
Querendo chegar em casa pra dormir.
Bons são eles, pois sempre
Andam com um Santo veemente
Que nunca tarda em proteger.
Mau sou eu de mau agouro,
Tudo pra mim vira transtorno;
E eu não consigo prosseguir.
Levam a vida como se deve,
Sem se preocupar com chegar ou partir.
Mau sou eu de cara fechada,
Pois fico pensando na estrada;
E no que pode acontecer.
Bons são os de espírito livre,
Aqueles que não ligam pra tolices;
E logo voltam a sorrir.
Mau sou eu a contra gosto
Pensando que a vida é um desgosto,
Querendo chegar em casa pra dormir.
Bons são eles, pois sempre
Andam com um Santo veemente
Que nunca tarda em proteger.
Mau sou eu de mau agouro,
Tudo pra mim vira transtorno;
E eu não consigo prosseguir.
Vá embora.
Quero eliminar seus rastros de mim,
expurga-la.
Deixa minha'alma em paz!
E volta!
Volta pra onde você quiser,
que eu já não te quero mais.
Sai, sai logo!
Sai correndo se quiser!
Sai de perto!
Sai de certo!
Sai, e não volta jamais!
Esquece desse covarde,
que tu julga sugar mais um pouco.
Encontra logo outro peito!
P'ra abrigar e cravar tuas garras
frias,
afiadas,
enfiadas.
Tenha pressa e desaparece de mim,
como num passe de mágica,
um estalar de dedos,
um piscar de olhos,
tu que escolhe,
Sua Saudade maldita.
expurga-la.
Deixa minha'alma em paz!
E volta!
Volta pra onde você quiser,
que eu já não te quero mais.
Sai, sai logo!
Sai correndo se quiser!
Sai de perto!
Sai de certo!
Sai, e não volta jamais!
Esquece desse covarde,
que tu julga sugar mais um pouco.
Encontra logo outro peito!
P'ra abrigar e cravar tuas garras
frias,
afiadas,
enfiadas.
Tenha pressa e desaparece de mim,
como num passe de mágica,
um estalar de dedos,
um piscar de olhos,
tu que escolhe,
Sua Saudade maldita.
Dom Juan filosófia.
A conquista sempre seduz!
Enfeita um pouco,
maqueia um tanto,
disfarça aqui,
e um pouco aculá,
aprisiona ensimesmada,
o que é de ruim se perceber.
Mas coloca como delicia, e de um sabor requintado,
toda prosa, num ritmo
mais envolvimente, mais sultil,
mas sentiu, não sê de todo inocente.
A Pá que colhe quieta
palavras de Arquejo.
De susurro e de desejo,
que traça os caminhos,
na sua simbologia distinta,.
estragada de volição.
E busca qualquer traço,
corriqueiro, ou não,
de uma ponta esquecida,
de uma inquieta e escondida paixão.
Contida, contigo,
ali guardada,
na fluência da paz,
de um grande amor como todos,
imperfeito.
Enfeita um pouco,
maqueia um tanto,
disfarça aqui,
e um pouco aculá,
aprisiona ensimesmada,
o que é de ruim se perceber.
Mas coloca como delicia, e de um sabor requintado,
toda prosa, num ritmo
mais envolvimente, mais sultil,
mas sentiu, não sê de todo inocente.
A Pá que colhe quieta
palavras de Arquejo.
De susurro e de desejo,
que traça os caminhos,
na sua simbologia distinta,.
estragada de volição.
E busca qualquer traço,
corriqueiro, ou não,
de uma ponta esquecida,
de uma inquieta e escondida paixão.
Contida, contigo,
ali guardada,
na fluência da paz,
de um grande amor como todos,
imperfeito.
domingo, 11 de abril de 2010
Lembranças de outrora,
códigos infantis.
Fantasias adultas.
Inspira-me,
hoje.
Certo ou errado;
Virtudes e atitudes;
Religião;
Um Chico que canta poesia;
E as entrelinhas...
Ah...as entrelinhas!
O que ninguém ousa falar.
Quase posso ouvi-la ou tocá-la.
Uma Desconhecida Conhecida,
despindo sua alma.
Um Desconhecido Conhecido,
lendo-a
delicadamente,
como quem lê uma poesia, nua.
Não precisa bater.
Sem alarde.
Pode entrar.
A porta está aberta.
Use o código.
Até breve.
(Suzan Keila)
códigos infantis.
Fantasias adultas.
Inspira-me,
hoje.
Certo ou errado;
Virtudes e atitudes;
Religião;
Um Chico que canta poesia;
E as entrelinhas...
Ah...as entrelinhas!
O que ninguém ousa falar.
Quase posso ouvi-la ou tocá-la.
Uma Desconhecida Conhecida,
despindo sua alma.
Um Desconhecido Conhecido,
lendo-a
delicadamente,
como quem lê uma poesia, nua.
Não precisa bater.
Sem alarde.
Pode entrar.
A porta está aberta.
Use o código.
Até breve.
(Suzan Keila)
sábado, 10 de abril de 2010
Do amor e o tempo vivido.
Caminhavam lado a lado.
Mãos dadas, pela casualidade social.
Carregavam semblantes parecidos, sem muita expressão, sem muito vigor.
Tinham um ar de amantes longiquos, daqueles que depois de tanto tempo juntos conquistaram o valoroso silêncio consentido, que não incomoda a nenhum dos dois.
Andavam em passos largos, mas não rápidos, como se quisessem chegar ao seu destino depressa, mas sem que isso transparecesse como um desejo mútuo.
Imaginei como seriam ao chegar em casa, ao estarem a sós entre paredes, xícaras de porcelana e fotografias antigas na cabeceira da cama.
Será que ainda se olhavam enquanto falavam ao outro, ou conversavam como em uma repartição pública, mecanicamente falando e pegando pastas, arquivos, canetas - nesse caso, pegando o frango, passando o prato de arroz, procurando uma faca no jogo de talheres...
Penso se ao deitarem ainda trocavam confidências, como aquelas do começo, dos leves deslizes que cometemos no dia a dia e fazem a gente se sentir como transgressores da ordem, e que contamos como quem roubou um banco, ou desencadeou uma guerra interestadual. Aquelas conversas da noite, na cama, como quem entrega todos os troféis ganhos no dia para a pessoa amada...
Não, seus olhares que não se cruzaram durante toda a caminhada me dizem que não.
Olhavam tudo e todos.
Reclamavam para si mesmos do calor.
Em nenhum momento dirigiram o olhar, a fala ou um suspiro ao outro.
Talvez, de noite na cama, sintam desassossego ao simples toque do calcanhar de um ao encostar na batata da perna do outro, ou em qualquer dedo do pé.
Tinham um ar de quem já amou demais.
Estavam cansados, já haviam amado demais.
Era muito peso ainda ter que amar, e ao mesmo tempo ter paredes, xícaras de porcelana, fotografias antigas na cabeceira, ter frango, arroz, facas e calcanhares...
Era como se o amor tivesse acompanhado os grãos de areia de uma ampulheta, e eles tivessem esquecido de virá-la de novo; ou, simplesmente, por desleixo ou desejo secreto, perderam a ampulheta por algum canto da casa ou do jardim. E, como percebe-se, não tinham mais ânimo algum de procurar. Já haviam amado demais...
Eles não andavam rápido, mas tinham pressa.
Algo edificado durante todos esse anos - algo construído entre a compra da porcelana e a perda da ampulheta -, que não o amor, fazia com que não corressem, com que não soltassem as mãos.
Por respeito, costume ou medo não andavam rápido, mas tinham pressa.
Tinham pressa, queriam chegar logo - acho que não importava aonde, que nem sabiam pra onde iam... Simplesmente iam.
Iam com pressa...
Já amaram demais...
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Eira, beira e tribeira.
Minha casa,
minha cara.
Sou pobre de eira.
Minha casa é sem beira.
Meu palácio,
herdei de nobres.
Sou rico de eira, beira e tribeira.
São as minhas maiores posses.
E cabe a alguém explicar,
quiçá um entendedor.
O que percorre as entrelinhas?
Que entranha-se sorrateiramente
no cimento?
E ninguém vê?
Eis a Eira da sabedoria;
A Beira do desassossego;
E a Tribeira da alma.
Essa, última,
é do rico, é do pobre.
É nobreza de espírito,
não há como herdar.
Minha casa,
minha cara.
Sou pobre de eira.
Minha casa é sem beira.
Meu palácio,
herdei de nobres.
Sou rico de eira, beira e tribeira.
São as minhas maiores posses.
E cabe a alguém explicar,
quiçá um entendedor.
O que percorre as entrelinhas?
Que entranha-se sorrateiramente
no cimento?
E ninguém vê?
Eis a Eira da sabedoria;
A Beira do desassossego;
E a Tribeira da alma.
Essa, última,
é do rico, é do pobre.
É nobreza de espírito,
não há como herdar.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Quase febril,
Fervilha o meu corpo,
Transpira sultilmente o desejo de amar;
Desejo longo, quase senil.
Desejo torto,
Encaro-o e o deixo passar.
Porém,
Já em contante ebulição,
Meu corpo
Censura a alma em busca de prazer.
Derreto-me, como se estivesse em suas mãos;
Domo você.
Acordo excitado...
Mas pela calma de uma noite solitária,
Meu corpo tende a ceder,
Febril.
Fervilha o meu corpo,
Transpira sultilmente o desejo de amar;
Desejo longo, quase senil.
Desejo torto,
Encaro-o e o deixo passar.
Porém,
Já em contante ebulição,
Meu corpo
Censura a alma em busca de prazer.
Derreto-me, como se estivesse em suas mãos;
Domo você.
Acordo excitado...
Mas pela calma de uma noite solitária,
Meu corpo tende a ceder,
Febril.
sexta-feira, 2 de abril de 2010
A Poetisa do amor
Intensidade é o seu sobrenome.
Fantasia é o nome do meio.
Deram-lhe papel e caneta e
tudo virou poesia.
Um acontecimento cotidiano e
um motivo p’ra poetar.
Ela achou que tinha asas.
Sensibilidade faz voar?
Faz cair, faz chorar...
Acho que não.
Só sabe falar de amor.
Tudo gira em torno dele.
Coração aberto ou apertado,
ousa tocar no mesmo assunto.
Tentou voar, mas caiu.
Sensibilidade não faz voar.
Cortaram-lhe as asas ou
eram de cetim.
Mesmo que por um instante,
de cetim, que fossem...
Olhos fechados.
Sensibilidade faz chorar.
E dói.
É de matar.
Intensidade é o seu sobrenome.
Fantasia é o nome do meio.
Deram-lhe papel e caneta e
tudo virou poesia.
Um acontecimento cotidiano e
um motivo p’ra poetar.
Ela achou que tinha asas.
Sensibilidade faz voar?
Faz cair, faz chorar...
Acho que não.
Só sabe falar de amor.
Tudo gira em torno dele.
Coração aberto ou apertado,
ousa tocar no mesmo assunto.
Tentou voar, mas caiu.
Sensibilidade não faz voar.
Cortaram-lhe as asas ou
eram de cetim.
Mesmo que por um instante,
de cetim, que fossem...
Olhos fechados.
Sensibilidade faz chorar.
E dói.
É de matar.
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Literal
Sim, meu amor
Sou literal
Falo literal
Escrevo literal
Minhas palavras
São o meu eu
O Sonho
O Ideal
A Verdade
A Realidade
Escrevo e mostro
Minha história todos os dias
Escrevo, pois esta
É a única saída
Para um Eu
Que não cabe em mim
Por completo
E então salta
Para pingar de tinta o meu papel.
Sou literal
Falo literal
Escrevo literal
Minhas palavras
São o meu eu
O Sonho
O Ideal
A Verdade
A Realidade
Escrevo e mostro
Minha história todos os dias
Escrevo, pois esta
É a única saída
Para um Eu
Que não cabe em mim
Por completo
E então salta
Para pingar de tinta o meu papel.
Qual é seu nome?
Namore
Mesmo que não tenha sido este
O nome empregado
Pois não é falar
É sentir
Se enamore
E então, namore
Mesmo que este
Não seja ainda o seu nome.
Mesmo que não tenha sido este
O nome empregado
Pois não é falar
É sentir
Se enamore
E então, namore
Mesmo que este
Não seja ainda o seu nome.
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Das dunas fiz um porto.
Diante de ti tremo e tenho tudo e remo tanto para não falar que minha rima fraca e cansada de repouso e de descanço de um trabalhador da p...