terça-feira, 28 de abril de 2009

Sobra de dor, sobra uma marca, sobra distância... Quase não sobra nada.

Falta pele, falta cheiro, gotas de suor

Falta o fino tato, a fala mansa, palavras brandas

Faltam palavras. Cadê os sorrisos? O olho fitando solene minha forçada timidez?

Falta tempo. Horas e dias se perdem, acabam, faltando um fim de tic tac amoroso.

Falta tempo para o entendimento, sobra espaço pra desilusão.

Falta presença, sobra espera. Cadê os dias seguidos e intermináveis de luxúria? As noites perdidas que ganhamos... Cadê?

Falta perna, braço, dedos... A cabeça, já se perdeu.

Sobra coração. Sobra, transborda, escorre calado e lento na correria nossa de cada dia.

Falta abraço, sobra distância. Ausência, sobra aos montes.

Falta coragem e pulso, sobra surtos de solidão.

Falta certeza.

Na mesa, falta bebida e sobra embriaguez.

Na falta disso tudo, sobra aos goles a insensatez.

E os espaços se multiplicam, a distância eleva-se à potências, mas o que era doce não se acaba: falta açúcar, mas não falta afeto.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Do amor do dia a dia.

Acho que nessa noite serei poeta!
Espero esquecer as que passei vadiando, vivendo eu e tu,
Serei poeta, esperando escrever mais bonito,
fantasiar mais contigo,
delinear mais teu corpo,
detalhar mais teu suor...

Só que nessa noite a poesia não vem,
é teimosa, nem sequer escreve-se,
deixa a minha dureza irritante,
e minha sensibilidade medíocre, trabalhar,
e fica calada, quieta, intocada.

Pra quem sabe, se revelar num futuro tão bela,
tão enraizada de nós dois,
das nossas noites e tardes secretas,
que se ria apenas agora,
das noites que eu não soube escrever.

Carta ao Viajante

Dias a fio
Tenho esperado por ti
Como se fosses marinheiro
Em infindável viagem



Sem nenhuma notícia eu vagueio
De lá pra cá
Nos vãos do meu lar



Já me canso
De minhas noites perder
De pelos dias vagar
Com o pensamento em ti



E nem o seu gosto poder provar

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Diálogo noturno.

Nesta noite eu estava a fim de conversar,
Trocar palavras amenas,
Curtas, pausadas e melódicas.
Hoje, queria cair nos teus braços infindos.
E com um sorriso lindo, te amar.
Mas nesta noite eu escrevo e tenho ao meu lado a solidão.
Um pouco vacilante porque sinto sua presença intensa na vontade de lhe ter.
Um pouco delirante, pois sinto prazer em lhe querer.
Esta noite é uma noite incompleta, das mais repletas de desejos que pela noite não vão se realizar.
Não seria um desalento noturno,
Um uivo obscuro que caça sem parar.
Seria saudade a reclamar abrigo,
Pedindo licença para poder descansar.
Nesta noite prolongo o sono,
Prolongo a noite, com sentimento claro de quem quer conversar.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Parece até mentira,
Eu não posso acreditar,
Corriam rios de lágrimas no deserto.
E no céu uma chuva branda, terna em paz, traria você pra perto;
No frio intenso da saudade,
Como teria que ser nesses dias de inverno.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

uma tonelada.

Eu pouco sei de reencontros; muito conheço de despedidas.
Vivi pouco, ainda.
Tenho fé na mudança da balança.

domingo, 19 de abril de 2009

Saudade é pouco...

Com uma sutileza comovente ela chegava, como quem não quer nada conseguia tudo que desejasse. Bastava abrir aquele sorriso largo e franco e afastava pra longe toda a energia ruim. Seus projetos repercutiam com força entre alunos e professores. Respeitada, amada, querida. O amigos tem inúmeras histórias engraçadas pra contar, não existe quem a conheça que não guarde dela uma doce lembrança. Não é fácil ter que conjugar o verbo no passado.


A vida não é justa conosco mas com a Nádia foi muito cruel. Não consigo conceber a ideia de que alguém tão doce pode morrer de uma forma tão brutal e estúpida. Aliás, morrer não, quem é amado como a Nádia não morre, ela apenas está num lugar à altura do era pra gente, um ser de luz. E eu sei que ela viajou contra a vontade. Eu sempre a verei como da última vez que nos falamos, ela, como de costume, atarefada com os preparativos da festa de encerramento do semestre, rindo por trás dos óculos, com seus lindos olhos e o sorriso contagiante. Eu a verei dando aula pra gente, brilhante, correndo de um lado pra outro na Semana de História, cuidando pra que nada desse errado, eu a verei com apito pendurado no pescoço, cronometrando a partida, marcando faltas entre uma conversa e outra, sempre rodeada de amigos e professores. Eu sempre a verei de braços dados com seu grande amor, com sua metade.

Ainda custo a acreditar no que aconteceu. Todo dia eu ouvia o jornal anunciar uma morte por bala perdida, eu ouvia todo dia. Nunca imaginei que uma bala dessas fosse nos achar, nunca pensei que pudesse nos atingir desse jeito. Somos nós, educadores, pacifistas, mediadores, otimistas e sonhadores, que tentamos todos os dias acabar com a violência, extinguir a brutalidade, apagar a ignorância. O que nós vivemos essa semana vai ficar pra sempre marcado em nossas mentes. Nos corredores da UECE, no Centro Acadêmico, na quadra do racha, nos auditórios, nas salas de aula e naquela avenida.


Nenhum de nós vai esquecer esses longos dias que pareceram séculos. Corredor de hospital, UTI, Reitoria lotada, choro, canto, flores e por fim o cheiro da terra molhada de chuva e pranto. Luto. Nenhum de nós vai permitir que eles esqueçam. Nós vamos gritar, vamos lutar, vamos dar continuidade a cada sonho seu, cada projeto. Nós vamos atrás de justiça, mas uma justiça limpa, correta, digna, assim como você Nádia, uma justiça íntegra. E cada vez que eu cantar será por você também.


“Qualquer dia amigo eu volto a te encontrar, qualquer dia amigo a gente vai se encontrar.”

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Nesses dias tão tristes, como vamos sair às ruas?
Nesses dias tristes, como olhar o seu rosto?
O que nos aflige ao vermos nossos amigos irem para casa, após a aula?
Como iremos ao cinema, aos bares, farras e noites de diversão?
E teu sorriso sempre presente, tua felicidade de viver, por onde anda agora?
Sei, somos jovens, mas queremos envelhecer, ver os filhos de nossos filhos.
Queremos que volte a sorrir.
Sei que não será a mesma coisa.
Mas queremos que volte a sorrir.
Um pedaço nosso se esvai em consternação,
Outra parte se constrói em esperança.
Dessa maneira, um abraço será sempre um eu te amo, te cuida, não quero viver sem ti.
Ah, meus amigos, como queria abraçar a todos;
Como podemos cuidar uns dos outros;
Como podemos nos ajudar?
Eu tenho fé na pessoa linda que és,
Sei que boas energias não te faltam;
Sei que não te falta amor.
Entretanto, minha querida amiga, como podemos nos proteger?
Como cuidaremos da nossa família?
São semanas, meses, anos de afinidades,
São vidas entrelaçadas em sonhos e ideais.
Estamos juntos em nosso particular,
Generalizamos a vontade de viver.
Nós queremos viver e nos proteger.
Queremos nos encontrar mais tarde, depois da meia idade,
Em algum canto para rememorar.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Divórcio

Percebi que não gosto tanto assim de ti
Meu doce desvio
Que de novo o que queria
Antes de colocar seu nome no papel

Ensinaste-me muito
Até agora estava feliz ao teu lado

Contigo
Conheci pessoas incríveis
E lugares paradisíacos
Visitei as ilhas gregas
E os vales do Nilo

Fui do céu ao inferno
E estacionei no purgatório
Na dúvida
Na incerteza

Sigo ou não contigo?
Benefício da dúvida?
Nem sempre concordo com isso

Percebi que, quase sempre, minha noite acaba quando eu quero que ela comece.

Meio a Meio

Era assim mesmo que ele estava
E tudo em mim do avesso
Avesso do começo

E o dia se fez noite
E a criatividade, pesadelo de não existir

As palavras da química não saem
Para uns dados fins
Para outros
Borbulhavam em soluções explosivas a todo momento.

Saudades Imortais..

Há quanto tempo a poesia me falta?
A que outros vícios me entreguei?
Se a ti alma, saciei com farpas
e nos contrários nesse mundo divaguei?

E enquanto somo-me a muitos,
iguais e nem sei,
me esqueço dos teus casos,
e me canso
dos "já sei!"

Quero denovo nos teus braços me atracar,
e feito louco nas tuas ruas caminhar,
gritando aos tolos a saudade que senti,
dizendo a eles dos amores que vivi.

E se de certo, as vezes me apago,
e prá denovo e de fato virar luz,
clareando todos os meus passos,
que no escuro, a este tempo, eram nús.

É por tanto, que choro tua ausência,
poesia ruim de escrever...
por serdes de todos os meus males,
um senão enrustido bem-querer.
Esse que ao se expor, nem belo é,
e já nem precisa ser,
basta se fazer evidente,
naquilo que ouso dizer.

E o que digo é te amo;
é te odeio e é te clamo;
pela glória de torna-se imortal no meu espirito.

O valente.

Encheu-se de tédio e foi ao bar. Encheu-se de álcool e foi ao chão.
Lá caminhou deitado pelo trajeto torto da sua vida;
revendo seus amores;
cantarolando seus acertos e miguando sua dores.
Passeou calmo por todos os erros, rapidamente enfrentou seus inimigos.
E depois entregue a seus amigos, foi-se morrer em paz.
Já morto, encontrou-se com os anjos,
brigou com os arcanjos, e quis entrar "numas" com Deus.
Cheio de valentia pulou no pescoço divino,
questionando-o inultimente sobre seu tédio, sua queda e sua morte em paz.
Deus de um dedo só, deu-lhe uma dura,
dizendo da dificil destreza de dá descarga nas merdas que ele fez na vida.
Acordou suado, e todo chorado, jurou ser um covarde dali p'ra frente.

A Zuada

Disforme de tudo,
a zuado é ouvida,
sentida, extremada
A zuada é de nada, e é obrigada.

Sem agredecer o barulo que faz,
a zuada se implanta,
e traz aos ouvidos,
os gritos contidos,
dos sons irréais.

Assombrado.

Sou feito do tempo,
às vezes sou tenso,
às vezes não sou.

Por hora não durmo,
só sonho um longo
de certo mais curto.

E quando sou vento,
dificil tormento,
em pressa de vir,
sou filho sedento,
de um tudo parado
de um sim movimento.

E, deixando de lado,
um espaço passado
que a história velou,
me torno um eterno,
calado, de certo,
de um fim tão mais perto
que a mim assombrou.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Vai passar nessa avenida.

E a vida, o que anda aprontando?
Por onde anda passando?
O quê está fazendo?
Faz do corpo uma ilusória saída,
trata o gozo como uma longa vigília.
Faz da pele uma malsã moradia
de uma corrente sem fim
uma corrente de quente energia
Faz da veia um riacho infinito
desaguando gotas de ódio aos gritos.
Faz dos olhos saídas tiranas
e dos gestos, um jogo daqueles que amam
[que sentem]
Traz às mãos calorosas anseios
e na cabeça sempre mais devaneios
[devaneios cruéis]
Veja, meu bem, o quê a vida anda fazendo da gente?!
Nos encobre de noites
de manhãs em que mentes
e no meio da tarde uma trégua infeliz.

sábado, 11 de abril de 2009

Desejo

Há Qualquer Momento
Deita sobre meu ser
E navega incessantemente
As águas profundas de minh'alma

Resplandeces felicidade e contentamento nesses momentos
Torna-me cheia, quase transbordante
Ao realizar-me por inteira
Me traz o que nunca tive
Real contentamento

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Noite de fevereiro

Juro, acredita em mim - a sala de visitas estava escura - mas a música chamou para o centro da sala - a sala se escureceu toda dentro da escuridão - eu estava nas trevas - senti que por mais escura a sala era clara - agasalhei-me no medo - como já me agasalhei de ti em ti mesmo - que foi que encontrei? - nada senão que a sala escura enchia-se da claridade que se adivinha no mais escuro - e que eu tremia no centro dessa difícil luz - acredita em mim embora eu não possa explicar - houve alguma coisa perfeita e graciosa - como se eu nunca tivesse visto uma flor - ou como se eu fosse a flor - e houvesse uma abelha - uma abelha gelada de pavor - diante da irrespirável graça dessa luz das trevas que é uma flor - e a flor estava gelada de pavor diante da abelha que era muito doce - acredita em mim que também não creio - que também não sei o que poderia uma abelha viva de pavor querer na escura vida de uma flor - mas crê em mim - a sala estava cheia de um sorriso penetrante - um rito fatal se cumpria - e o que se chama de pavor não é pavor - é a brancura subindo das trevas - não ficou nenhuma prova - nada te posso garantir - eu sou a única prova de mim.


Clarice Lispector

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Navegar é preciso, e viver tb!

Se aqui dentro ouço uma dor, um instinto,
Se lá fora tudo esquenta na demora;
Tenho agora promessas e recompensas findas.
Num reboliço de conceitos, esvaindo-se em nada,
Tudo é muito lindo.
Meus mestres já me dizem nada,
Meus mestres não cansam de copiar,
Meus mestres estão dispersos;
Vão nos olhares vagos dos que gostam de falar.
Só que tenho que sobreviver e o que é viver?
Não seria pensar?
Eu roubo vários pedaços para construir um barco;
Algo que vou chamar de meu;
Algo dentro de sua arquitetura que não tem o meu lugar.
Se aqui dentro ouço um grito, um pouco aflito, é por que estou em transmutação.
Se lá fora, o que é lá fora sem o eu?
...
Minha dor é só uma dor pouca de quem um dia pensou em viver.
Se eu pudesse navegar....
Eu imagino.

Das dunas fiz um porto.

Diante de ti tremo e tenho tudo e remo tanto  para não falar que minha rima fraca e cansada de repouso e  de descanço de um trabalhador da p...