quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Sobre o futebol brasileiro

    É fim de ano, e seria melhor uma poesia falando sobre as glórias dos campeões desse ano de vinte e dois. Do túmulo, meu pai deve se revirar com a campanha do Tricolor de Aço. Mas a saudade não basta e escrever sobre o futebol envolve muitas emoções e coisas da lembrança que aqui não caberiam. Seria melhor uma crônica qualquer, escrita por qualquer um, longe de querer ser aquele famoso Rodrigues, conservador brasileiro de outra ideia. Devo dizer que particularmente sou contra a geração de jogadores que só caem e tudo mais, nada contra a arte, mas quem se tatua em pescoços e braços algo sagrado, um beijinho, uma cruz quiçá, deve explicar. 

Aos que jogam todo o seu suor dos milionários salários e toda a disciplina espartana dos atletas, aos monstros verdes maravilhosos, desejo toda paixão de um torcedor que vai a primeira vez em um estádio lotado. 

Colorido pela pulsação da angustia vitoriosa e que entra em êxtase, catarse. Futebol é um oferecimento do povo. Aliena o tanto que transborda e como nenhuma política aqui nesse país o faz.

Na última oração há um compromisso, ir mais além dessa década e conectar com a emoção plural desse povo carnavalesco. Tá pensando que tudo é futebol? Ao menos leve uma certeza, é mais.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

FIm de ano letivo!

Hoje, enquanto a moral estava cambaleando

um aluno do segundo colegial

disse-me sob a máscara pandêmica, 

nos idos de dois mil e vinte e dois, 

que gostava das minhas aulas.

Que eu era 

um professor

que o fazia

ser

um ser,

reflexivo.

Fiquei encabulado, orgulhoso e cativante.

Depois de uma década lecionando

passei por medos e erros 

que até hoje

me fazem retroceder...

Será se é isso mesmo?


No fim

do dia

fui dormir

reflexivo como me pus.

But, i swear it was in self-defense


Dai

saí

p'ra um bar muito ruim

mas a noite em si, 

no fim 

foi sim,

ótima.


quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Você viu o velhinho?

Se você visse o velhinho

no seu Siena 2007

com o adesivo 

da bandeira do Brasil

dizendo: 

ame-o ou deixe-o!

Você iria pensar

que era apenas 

um rapaz latino americano

sem dinheiro no banco?


De manha cedinho

Minha poesia é tão frágil

e rima tão à toa

que nem penso no que é importante

e assim, ela nem sabe o que vale.

Está só há um dia de distancia

e se despede brigando por eu ser.


Até breve poesia! 

Quando logo eu voltar não espere 

que até lá, eu sinta

qualquer saudade de você

nem que sequer o diga

que só fica a fadiga do dia, 

e da noite, sua ausência.


O que já se supõe sobre mim, 

ficou no verso interrompido. 

Ela fala, eu farei. Até voltar. 

domingo, 21 de novembro de 2021

Cigarra

Eu

que gosto 

do maço 

de cigarro 

aceso. 

Aqui busco 

em teus olhos,

qualquer traço

de fumaça,

cinza

ou troço.

que te traga

brasa 

até mim.

Dezenove minutos

Uma e dez e uma ideia 

encabeça inteira a minha rima.

Por onde ela vai sair?

Por qual palavra irá fluir antes de vir a tona 

no tonel etílico da poesia bêbada?


Uma e treze e uma saga na gente

persiste, e enfeitiça a lírica.

Aonde ela vai te ler?

Aonde ela te tocará?

Depois de vir a superfície 

no ébrio barril

da prosa sóbria

como a pena? 

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Deixe quieto

Deixe quieto os meus erros,

pois

 são presentes de quem,

 ao apontar o dedo,

suplica aprovação.

Eu os aceito de peito  aberto

e com perdão.

Não há o que falar.

Nada a ouvir.

Cada um segue ao prosseguir...

Errando sem os anéis,

Mas com os dedos nas mãos.


segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Fiz um

Novo documento em branco 

Como se a poesia fosse um pano 

Onde se inscreve o pranto qualquer.  

 

Não, não é assim o documento.

Muito menos um em branco.

Talvez seja preto, talvez seja um santo. 

Mas antes branco se poesia é breve, 

o poeta é mais breve ainda.


Beba então da sua dose calado 

e fume seu cigarro amargo

Enquanto eu escrevo sua dor aqui nesse papel.

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Saudação a Mãedera.

Salve a Mãedeira

Que é fogo e é papel

Viva a arte do entalhe 

Sublime e vivo: 

ó duro vegetal!

Ferramenta e pó.

Cigarro e abrigo.

 

Viva o Tronco e a lenha,

Seu caule ereto e espinho

Viva o pau de Sabiá;

O mogno e o Acaiacá.

 

Viva o Cedro, a Andiroba e o Angelim.

O Angico e o Araribá .

Salve o Imbuia,


Fortes Jacarandás.

Somos todos Ipê

Jatobá e Pau-Brasil

Pau-Pereira é o que há.

domingo, 30 de maio de 2021

A cerveja congelou

Naquele ano 

aquela mesa 

daquele bar 

ficou menor. 


Faltou Morais, Aldir e Nelson.

A turma ficou mais triste, 

mais muda

mais só.


O menos se multiplicou Na matemática do adeus.


Menos Agnaldo, Dedim e Lacerda

Paulinho,  Evaldo e Izael.

Subtraídos de tantos outros

Até que a música 

de tanto luto

sozinha silenciou.. 


Sem Bosi, Acaiabe e Galvão.

Niccette e Amadeu

Meu deus, ficamos vivos

e não podemos chorar.

sexta-feira, 9 de abril de 2021

Poema de Axy

Poesia, aqui me tens de regresso

E suplicante eu te peço pela saúde dos meus.

Nesses tempos tristes

de poucos sorrisos e muitas lágrimas

o mal se mostra sedento e cavalga sem descanso.

Quem irá a guerra por ele?

A guerra civil de um povo vil.

Sufocada em seu próprio soluço.

Promovido pelo seu viril líder. 


O medo da morte entrou nos lares brasis,

como nunca saíra das ocas tupis.

Perdão Jaci, Guaraci e Tupã.  

Teus filhos ainda sofrem.

quinta-feira, 25 de março de 2021

Loqui down no cabaré

Fecharam-se as portas das putas

e a putaria na pandemia parou.

Quer dizer: nas melhores casas.


Porém, em uns palácios por ai, piorou.

Nos de vis entranhas

cheios de confins e governos

gabinetes e aspones,

chovemos sacanagem. 


Brotaram fascistas dos brabos nos olhos dos outros. 

Sem refresco. Tantas mil vidas, tantas mil mortes.

Tem cego vendo demais e cucas maravilhosas de menos.

Você está pensando que eu sou loqui down, bixo?

Já nascemos sabendo: no cabaré brasileiro,

o sonso se faz de morto p'ra comer o cú das almas.


domingo, 14 de fevereiro de 2021

Mais

 

Nunca mais eu escrevi pra ela

Aliás, nunca mais escrevi pra ninguém

Nem pra mim escrevi.

Afinal, o país está uma dose amarga de um conhaque ruim.

Pra não dizer uma merda.

Mas é carnaval e é preciso ressuscitar a poesia.

Vou escrever p'ra denovo, e dizer que a amo.

Vou escrever p'ra todos e dizer qualquer coisa.

Pra mim, por cima, vou escrever à saudade do meu pai, 

de dias melhores

tranquilidade.

Amanhã quem sabe?

O mundo gira mas o poema não falta mais.

Das dunas fiz um porto.

Diante de ti tremo e tenho tudo e remo tanto  para não falar que minha rima fraca e cansada de repouso e  de descanço de um trabalhador da p...