segunda-feira, 28 de março de 2011

Traça

Guarda num canto

deixa lá as coisas velhas

linhas que de nada servem

livros de que nada valem

sujos mofados

aqueles que já deram gozos,

hoje no mofo, vividos, lidos,

são lembranças que estão em ti;

mas eles de nada contam

suas substâncias já te compõe

de lado, no canto,

deixa-os como frascos vazios

E fracos

alimentam as traças os livros que pra ti escrevi.

sábado, 26 de março de 2011

Entre o corpo e o sonho

Se você ama porque precisa ser a sede
ou a fome de outro alguém;
Eu amo porque tenho que me alimentar
das ilusões que movem a vida e da vida
que move o ser.
Pra quem não quer só existir,
nada de dramático nisso,
já que perdemos o medo do ridículo
e das certezas piegas de pouca vida.
E não se aflija, chega de filosofia,
pois não tem coisa melhor do que amar
o corpo e suspirar os poros.
Esquecendo assim, sem querer,
o que amamos antes da cama...
antes de dormir.

sexta-feira, 25 de março de 2011

só frendo do fundo do mar.

Olá Censura dor!
Você, que toca a minha mão sem conhecer
e impede-me de irrealizar teu sofrimento,
tenha-me então sozinho.
Mas estas noites
em tuas mãos,
seirei-te teu
todo serei-o.

se não

venho,
nem vinho adianta.

sábado, 19 de março de 2011

Ensaio sobre a velhice segunda

Quando anoitecer,
e me tornar confuso,
quero voltar
e ser poeta inseguro.
Que cante mais as paixões,
se iluda mais com o amor,
e nas madrugadas, se puder chorar,
chore aos berros.

Quero anoitecer,
e me torna mais carinhoso,
intenso, atrevido
um pouco mais
que devo ser.
Sim talvez, estando longe
em pensamentos tão distantes,
em pensamentos: tanto faz.

Onde anoitece-se assim?
Podendo coisas, assim
sem sentido.
Só nos cantos da revistas?
Sim.
Estar velho já é paz.
Fruta de certa cor esquecida,
que nem toda poesia,
vai dá conta de contar.


sexta-feira, 18 de março de 2011

Ensaio sobre a velhice primeira.

Quando envelhecer,
e me tornar caduco
quero ser poeta maduro,
que não cante mais as paixões,
não se iluda mais com o amor,
e nem chore mais nas madrugadas!

Quero envelhecer,
e me tornar ranzinza,
mais até do que já sou.
Não porém, estando longe
tão distante dos teus ais,
pra não perder você de vista,
e estar seguro no teu cais.

Onde envelhece-se assim?
Querendo as coisas, assim,
a sua maneira?
Só nos contos
dos jornais?
Não.
Estar velho já é paz.
Fruto de tanta coisa vivida,
que nem toda poesia,
irá dá conta de contar.

quarta-feira, 16 de março de 2011

A carência é o falso amor!

Você, carente, se faz toda dengosa
e se engana quando acha que é amor.

Isso eu posso até perdoar
após o crepúsculo
quando a noite chega no vinho tinto jantar feito por ti.

Pois lembro que quando finda a carência
as desculpas e recompensas regozijam quem passou.
O que me faz reconsiderar um boa cantada
e as mútuas falsas promessas de amor;

Igualmente nunca esquecerei, Linda,
que você também carece de cuidados,
que todos disputam seus carinhos,
que todos ignoram suas loucuras
e na fissura, aceitam seus desalinhos.

E são nessas promessas que eu posso te amar
até amanhã de manhã, mas sabemos, não peça café
pois só acordo à tarde quando o amor passar
e sei, já não sentirás mais nada por mim.


quinta-feira, 10 de março de 2011

Um amor tranquilo.

Saudades de ti...

Daquele amor louco...

De doer o estômago...
Perturbar os pensamentos...

De risos gratuitos,
ao tocar o telefone...

Saudades de quando os minutos
eram breves demais ao seu lado e
longe de você, uma eternidade sem fim...

Ainda estás ao meu lado...

Meu amor tranquilo,
meu porto seguro.

É o que todos querem...

Enfim...Enfim...

sexta-feira, 4 de março de 2011

Blues...

Três da manhã... Um gosto amargo de cigarro na boca, gosto amargo de vida. Tento sufocar na fumaça de cada trago a dor que me deixa zonza, tento estancar o sangue que escorre lento, feito veneno, por dentro. “E sei também que ali sozinho eu vou ficar tanto pior...” Talvez Chico tenha uma definição pra esse peso que trago nos olhos, essa falta de firmeza nas mãos, pra esse desnorteio, essa ausência de prumo, de rumo... de chão.

Pergunto muda... Por quê? Besteira... eu sei que não precisa existir um porquê pra essas coisas, também que passa, daqui a pouco supura... que o tempo é antibiótico pra isso. Eu sei, eu sei disso tudo. Eu sei de tantas coisas que por vezes acredito que a ignorância é um luxo, quase uma dádiva e que não me foi dada. Aqui estou eu mais uma vez – pela primeira vez – quase quatro da manhã e com os olhos de fogo. Passa tanta coisa pela cabeça da gente nessas horas, e ao mesmo tempo passa nada, é assim feito um vácuo, um zumbido intenso nos ouvidos. Nada. Tudo bem, isso acontece, não tem problema, não há porque pedir perdão, não há nada pra perdoar, tudo bem, acontece. E está mesmo tudo bem, ou pelo menos vai ficar, sempre fica.

E ficam muitas coisas também e nesse momento a gente pega um baú, desses bem pesados e velhos, e guarda essas coisas muitas que ficam. E agora a sensação de estaca zero, marco inicial de meridiano. Feito uma viagem de trem onde você viaja degustando a paisagem, sem pressa, sem querer chegar a lugar nenhum, quer só viver cada instante do caminho... E de repente o maquinista avisa que você vai saltar na próxima estação, sem mais nem menos, você é expulso do trem. Agora é reaprender a andar de madrugada pelas ruas sujas da cidade, sem espreitar rostos nas janelas dos altos apartamentos. “Ouça um bom conselho, que lhe dou de graça... inútil dormir que a dor não passa.” Agora é percorrer a avenida barulhenta sem ler os envelopes espalhados nas margens. Aprender a não pensar quando chove, barrar o turbilhão de lembranças, esvaziar a mente e somente ouvir a chuva, sentir o cheiro. Reorganizar os pulmões pra receber a nova respiração e os muitos maços de cigarros que virão. A ausência de açúcar no café... porque um amargo disfarça o outro. Colírio, omeprazol e ibuprofeno. Vodka ao invés de cerveja. Garçom, um Hi Fi, por favor!

E ficar bem assim, Caio Fernando, vodka, lágrima, cigarro e café... Presa na bolha opaca de sabão, onde sinto o cheiro da curva do seu ombro... Lily Braun à espera que alguém estoure a bolha e lhe ofereça um drink... bem Blues. E depois do estouro, como um pugilista que leva um soco tão foda que desliga o disjuntor, lá vamos nós outra vez... Salto alto, boca vermelha, unhas compridas, o copo vazio, o estômago contorcido e mais cigarros! Voltarei a dormir sonos de pedra sem sonhos, ouvindo Chico que canta...
Olha Maria/ Eu bem te queria/ Fazer uma presa/ Da minha poesia/ Mas hoje, Maria/ Pra minha surpresa/ Pra minha tristeza/ Precisas partir/ Parte, Maria/ Que estás tão bonita/ Que estás tão aflita/ Pra me abandonar/ Sinto, Maria/ Que estás de visita/ Teu corpo se agita/ Querendo dançar/ Vai, alegria/ Que a vida, Maria/ Não passa de um dia/ Não vou te prender/ Corre, Maria/ Que a vida não espera/ É uma primavera/ Não podes perder...
Anda, Maria/ Pois eu só teria/ A minha agonia/ Pra te oferecer





quinta-feira, 3 de março de 2011

Sentido.

Aposto que
o oposto de um dia
soldado. é em frente!
e ao posto de lado.
pois o Sol nos é dado,
soldado, feito um dado
seis tetos pra ver-nos de fato.

Aposta feio sargento,
mas aceito o confronto,
e o sexto que dé no dado,
seja qualquer teto dado,
topo todo pra ver-me inteiro,
e pra ver-te inteiro também,
sinceramente não tardo.

e um dado roda,
e o dado gira,
e acaba dando volta,
e fica tanto teto que tonteia:
- deu três, deu três soldado!
deu três de cabo-a-rabo.

O que faço, sargento?
chama o tenente,
safado.

- Capitão?
- Diga Major: que merda há?
- Nada coronel, tá tudo a mesma bosta!



pó-é-minha.

Deixe-te perder-se de vista,
como fosse pó ao vento,
pra mais loucamente depois,
te achar, em cada frase
não dita.

E em cada beijo não dado,
e a cada falso pisar,
te encontrar esquecida,
entre as linhas de uma poesia qualquer.
No meio do caminho...
Uma pedra, um muro, uma árvore...
No meio do caminho...
Um amor, um desamor, uma saudade...
No meio do caminho...
Um homem, uma inspiração, uma indagação...

No meio do caminho, 
o Poeta Urbano.
O vento é um bom amigo
e aliado.

Fecho os olhos...

Pego carona...

Vestida de saudade e poesia
vou p´ra rua.

Saudade me cai bem...
Poesia nunca sai de moda.


Vou indo...


Vento de outr’ora...
Serás meu aliado?

Aqui estou.

Os melhores trajes e
a mesma alma,
nua.

A rua mudou.

Já faz algum tempo.

E esbarrei n’uma boa amiga:

A danada da fantasia...

Atirou-se em meus braços...

Um elo difícil de separar.

Saudade, Poesia, Fantasia...

Onde estávamos mesmo?

Só o vento saberá...

medo

meêdo.
MEDO!
Pois medonho é o amor
GUARDADO em segredo.

Bem amada(o)

  • Ela, poetiza amante duma pura poesia linda na estética do melhor, e ele, poeta do samba intriga amor cotidiano e suor, traçavam suas linhas, bons nas simetrias de amar sem métrica de quem cuida. E como eles eu amava, amo e amarei sempre esse verbo conjugar, mas não por inteiro pois não conheço, não vivo NEM sinto o cheiro do amor incondicional. Agora ELES do amor puro carne e suor vivem hoje na pele o amor leite, xixi, colo;
bem maior do que tudo que já vivi.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Deste lar,

Quando bons ventos sopram,
trazem sempre novas saudades,
novos encantos, e novos olhares...
Talvez, algumas fantasias,
e realidades esquecidas
numa página passada,
que a história exilou.

Quando os ventos bons voltam porém,
e tornam de novo a soprar,
voltam todos feitos sinos,
anunciando quão distinto,
passa a ser o teu chegar.

Retorno teu acatado,
meio de canto, meio de lado,
e quem sabe de através,
se estabelecendo já toda,
e em todo canto,
com teu encanto,
a destilar.

terça-feira, 1 de março de 2011

Ousei sambar.

Samba bom p’ra sambar
Tem paixão, tempero, poeira...

P’ra deixar neguinho
dançar a noite inteira...

Esse é o bom samba.

Que estremece o corpo...

Dá vida à vida.
E tudo ganha mais cor.

O ritmo vem junto...
E se faltar a gente inventa...

Quebrando simetrias, desritmado assim...

Vou no meu samba...

Um samba bom p'ra mim...

Por que o que é a vida
sem um bom samba e um grande amor?

Por que o que é a vida
sem um bom samba e um grande amor?
Ouvi falar de uma tal “felicidade cotidiana”...

Calmaria de olhar, de riso...

Olhares e sorrisos.

Aquele sorriso de canto de boca, sabe?

E um olhar que nada vê...

Olhos da alma...

Sem “pré- ocupação”,
porque a ocupação atual é ser feliz.

Por um instante,
um breve espaço de tempo...

Deixo-a entrar...

Inconstante “felicidade cotidiana”,

Bem vinda ao lar.

Minha melhor poesia.

Minha melhor poesia...

Nasceu.

Tomou forma.

Ganhou o sopro da vida.

Minha maior alegria...

Cheiro, cor e sossego...

Não há como explicar.

Poesia é assim.

Real ou irreal.

Forma, cheiro, cor...

Poesia Real,
Nobre poesia.

Realidade e Realeza.

A mais nobre de todas.

Ele...

Embalado em poesia
ganhou nome de Rei:

Rei Artur,
o Rei dos meus sonhos.

Das dunas fiz um porto.

Diante de ti tremo e tenho tudo e remo tanto  para não falar que minha rima fraca e cansada de repouso e  de descanço de um trabalhador da p...