quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Reprodução


A poesia nasce, levanta imperiosa!
Dá luz e cabo de tudo,
e todos vão seduzidos encantar-se,
e cantar-se-ão enamorados a rima tola,
a palavra fria, a corte e o gesto,
o corte e a faca.

A poesia oriunda
na roda funda,
do tempo esguio,
que é mansa e habita,
a carne divina,
e a alma profana.

A poesia é morta, entranhas expostas,
tão rude que choca o atrito dos nossos eus!

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Essa noite.


Sono, não venha!
Não chegue logo!
Não fuja de mim,
Nem me traga sonhos vis,
Tolos vãos,
que vão em vão de encontro a ti ...
et ad te current,
feito loucos,
correntes, que amarram
como num sim sagrado,
nossas mãos.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A fila


Havia algo de sonho naquela fila fatídica.
Do dia a dia, do dia qualquer do supermercado, do caixa, do banco, 
toda fila é uma espera qualquer, qualquer fila uma surpresa, demorada, efêmera de se conhecer assim,
sem mais, de supetão, sem travessão – atravesso, não travesso não,
de família, de pressa, de comunhão assim, sei lá, sem saber dizer.
Assim comum, aqui acolá, lá, talvez, trazendo uma incógnita de outrora afinal,
por que sempre pondera o incerto, o que se sabe improvável,
que de alguma forma flerta com o almejo confuso.  

Triste


Vai que chega a noite, e as estrelas já são poucas p'ra te consolar.
Mas é noite então, e se fria senão, traz a luz de irradiáveis possibilidades,
Mas cada sorriso é um vão, um mergulho profundo p’ra encontrar o teu,
E todos os olhos em vão; só busca,
dos teus, que hora nem tristes, nem alegre, vejo mais.
E sigo, sendo o que posso, o que devo talvez, e o que sou:  
parecido com alguma melancolia feliz, que busca sempre se lapidar,
condicionando sua imperfeição natural,
erguendo minha história, 
transformando-me em tempo, 
o que agora sou. 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O mundo dos sonhos

Os coitados às pressas precisam de cuidados
Os safados depressa fraquejam culpados
Levantam as armas contra aqueles que amam
Depressivos,  arrependidos dos crimes de cama.

Dormem mais do que amam
Sonham mais do que realizam
Quase mortos na quase vida
Arquejam, fracos, em chamas.

Foi a febre que os pariu
nas entranhas de suas mentiras
nas façanhas de suas irás
nas traições de sua vida.

Aparentemente fraco
eles procuram o seu corpo
acusa-o de não ser
o que jaz nele mesmo.

Deliram e repreendem o mundo,
porque este não coube em seus sonhos
por que seu corpo não pôde vencer?

Cantam melodias da infância,
as que faziam eles crescerem
quando crer e serem era a esperança
da liberdade vencer.

O corpo era a liberdade que se modificava a cada dia:
as transformações das idades, as descobertas nas melodias.
Chegaram a pensar em modificar o mundo com a liberdade.
O mundo transformou-lhes em alguém preso aos seus ideias.

Assim:

Há o mundo
Há  quem viva
há quem sonha
Há quem morra
sem sonhar viver
Há quem morra
sem sonhar morrer
Há quem viva
sem viver seu sonho;
Há quem morra feliz nos sonhos de alguém.

Das dunas fiz um porto.

Diante de ti tremo e tenho tudo e remo tanto  para não falar que minha rima fraca e cansada de repouso e  de descanço de um trabalhador da p...